"Espero que a minha foto na prancheta dê sorte a Jorge Jesus": do Japão, Zico responde perguntas dos apoiadores do MRN

31/07/2019, 13:23
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Horas antes do decisivo Flamengo x Emelec do Maracanã, o MRN traz aos leitores a palavra do seu maior ídolo, Zico.

Zico tem o poder de transformarção. O próprio Arthur Antunes Coimbra tenta de todas as formas se afastar do rótulo messiânico que lhe acompanha. O Pelé branco, o jogador mais importante de todos os que puderam e poderão pisar no mais mítico dos estádios do mundo, o Maracanã, o camisa 10 da Gávea, o Galinho de Ouro e de Quintino. O Flamengo foi um antes e foi outro depois de Zico. Atual diretor-técnico do Kashima, assumiu a equipe em grande crise. Seis meses depois os Antlers eram campeões asiáticos e duelavam contra os galáticos do Real Madrid no Mundial de Clubes da FIFA.

Em tempos de Jorge Jesus e trocadilhos sacros no Flamengo, o Deus do Futebol Rubro-Negro nos fala com a humildade que somente os nossos brasileiríssimo deuses suburbanos podem ter: “Espero que a minha foto na sua prancheta traga sorte”.

Zico destaca que o importante para um trabalho é o resultado. Brasileiro ou estrangeiro. O resto é adaptação ou papo fiado. Fala também sobre estádio próprio e Maracanã: “O Flamengo tem que ter o seu. O Maracanã é do Brasil. Mas hoje quem enche é o Flamengo. Tem que ter o carinho”.

Os homens das ciências, das planilhas financeiras e das análises dos balancetes precisam entender a propagação da fé flamenga. E o amor de Zico não esquece a torcida off-Rio: “Sempre digo que no Campeonato Brasileiro o Flamengo tinha que mandar pelo menos uns cinco jogos fora do Rio de Janeiro para poder fazer valer a força da sua torcida fora do Rio”. Obedeçam o homem.

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Horas antes do decisivo Flamengo x Emelec do Maracanã, o MRN traz aos leitores a palavra do seu maior ídolo. Diretor do atual campeão asiático Kashima Antlers desde junho do ano passado, pelo “zap” Zico respondeu há pouco mais de uma semana, antes da derrota no George Capwell, os questionamentos de nossos apoiadores e colaboradores. A entrevista pode ser lida e ouvida.


Zico, na sua opinião e visão do que é o Flamengo, o que é mais propício para conquistas de títulos: um Flamengo que mescle valores da base com reforços de nomes importantes ou um elenco galático?

Edson Lira, editor e redator do MRN

ZICO: Lógico que o importante é sempre vencer. Mas a gente não pode negar que as grandes conquistas da história do Flamengo sempre tiveram uma boa partes da base sendo usada. Flamengo sempre fez um belo trabalho na base e não só fez grandes times no profissional como também conseguiu uma boa arrecadação na hora da venda desses jovens, como tem acontecido e que aconteceu no ano passado aí com Vinícius Júnior e com Paquetá. Enfim, eu acho que pelo trabalho que a base faz, é sempre importante você mesclar. Se a base do Flamengo não fosse boa aí você tem que fazer a opção como outras equipes fazem que é a contratação de grandes jogadores.

Zico, o Jorge Jesus costuma citar nas entrevistas a boa relação que construiu com você. Fale um pouco sobre isso. E, em seguida, sobre as expectativas pra o trabalho dele nessa temporada.

Luiz Guilherme, leitor e apoiador do MRN

ZICO: Eu encontrei uma vez só o Jorge Jesus lá no CT no Sporting. Batemos um longo papo. Ele foi muito simpático. Mostrou todo o trabalho que ele estava fazendo. É um treinador competente, com muito conhecimento. É um cara trabalhador é um cara que pega firme no batente. Torço muito para que ele tenha muito sucesso. Dirigiu duas grandes equipes, duas das melhores, o Benfica e Sporting. Com o Benfica teve mais conquistas. É um treinador que tem muito conhecimento sobre futebol e tomara que ele possa colocar em prática isso Flamengo. Me mandaram umas fotos dele com uma prancheta na mão com uma foto minha do lado de fora da prancheta. Tomara que isso possa trazer energia positiva para ele.

Esse time que está sendo formado é o melhor time do Flamengo depois do seu?

Felipe Foureaux, blogueiro do MRN

ZICO: Eu não gosto de fazer comparação não. Cada época é uma época, cada momento é um momento. Eu, como torcedor, espero que este time que está sendo formado, com esforço da diretoria para trazer grandes nomes, possa ter grandes conquistas. É isso que todos os torcedores estão querendo.

Tal como ocorreu com Sampaoli e com Osório, os métodos de trabalho e especial a ideia tática do JJ vem sendo motivo de desconfiança por parte da imprensa. Quando você trabalhou nos diversos países encontrou tamanha resistência, ou por serem mercados ainda em desenvolvimento foram totalmente abertos?

Marcos Schettini, leitor e apoiador do MRN

ZICO: Eu não encontrei resistência não. Trabalhei mercados ainda desenvolvimento mas trabalhei também em outros mercados que já estavam consolidados na Europa como a Rússia e a Turquia. Sempre tive toda a tranquilidade para trabalhar. É lógico que todo lugar do mundo hoje se vive em função de resultados. Em todos os lugares que eu trabalhei, tirando a Grécia, recebi todo o apoio para poder fazer um bom trabalho. Alguns fui mais feliz, outros não. É normal. São métodos diferentes. Tanto estrangeiros chegando ao Brasil como os brasileiros chegando em outros lugares. Acho que até certo ponto normal todo mundo ficar esperando o que vem de novo, se é que vem coisa nova. Eu acho que às vezes um trabalho pode não dar certo. Isso nada modifica a capacidade e o conhecimento sobre futebol da pessoa que está comandando.

Estádio próprio ou Maracanã?

Você é o maior artilheiro do Maracanã. O dono da casa. Hoje, em toda a história, o estádio nunca foi tanto do Flamengo. Isso te anima, ou acha melhor a ideia do estádio próprio?

Perguntas de Gil Honigman, leitor e apoiador do MRN e Ricardo Moura, blogueiro do MRN

ZICO: O Flamengo deveria ter estádio próprio, se fosse possível. Maracanã é a casa do Povo. De todos os times. Não vou dizer só do Rio de Janeiro. Do Brasil inteiro. Quem não se lembra do Santos em grandes momentos com o Pelé vindo jogar no Maracanã? É lógico que ultimamente o Flamengo tem lotado sempre. O único time que tem botado o Maracanã cheio. Mas tem que ser analisado com carinho. Tem que ter um espaço tranquilo porque realmente o Flamengo tá fazendo por onde merecer esse carinho. Seu jogos tem dado bastante resultado, tanto na parte técnica como na parte econômica para o Maracanã. Então ele tem que ter, não vou dizer privilégio, mas tem que ter um respaldo para quem faz sempre grandes espetáculos ali.

Zico, é demonstrado em todas as pesquisas de torcida que o que faz o Flamengo ter a maior torcida do mundo é o torcedor off-Rio, você teria alguma ideia para o Flamengo tratar com carinho este torcedor que reside fora do estado do Rio de Janeiro?

Maurício Lima, leitor e apoiador do MRN

ZICO: Eu sempre falei isso. O Flamengo precisa jogar no Rio de Janeiro ao lado da torcida mas o Flamengo é Brasil. Aonde o Flamengo vai lota e isso já está demonstrado em números. No Pacaembu, que é de uma terra que tem grandes equipes. Em Vitória, em Brasília, lá no Nordeste… Então eu acho que o Flamengo tem que olhar por esse lado sim, sempre! Para que o torcedor de fora do Rio possa receber esse carinho para poder continuar flamengo. Flamengo não é só Rio de Janeiro. É lógico que a maior parte é flamengo. Flamengo é Brasil. O clube tem que saber tratar esse torcedor. Sempre digo que no Campeonato Brasileiro o Flamengo tinha que mandar pelo menos uns cinco fora do Rio de Janeiro para poder fazer valer a força da sua torcida fora do Rio.

O MRN agradece mais uma vez ao Zico, sempre pronto a nos atender. Esta entrevista não teria um significado tão especial sem a brilhante contribuição dos nossos apoiadores: Mauricio Lima, Luiz Guilherme e Marcos Schettini, e aos colaboradores Ricardo Moura, Felipe Foureaux e Edson Lira.

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