Era Bap começa oficialmente no Flamengo: propostas e primeiros desafios do novo presidente

01/01/2025, 07:00
BAP, candidato a presidência do Flamengo

O dia 1º de janeiro marca, obviamente, o primeiro dia do ano para todos. No Flamengo, porém, a sensação é de novidade completa após a eleição de Luiz Eduardo Baptista, o Bap, para ser o presidente do clube até 2027. Substituto de Rodolfo Landim, o dirigente herda uma agremiação que se acostumou a disputar grandes títulos, mas que convive com a sensação de que deveria ter conseguido mais.

Entre finanças, estádio, elenco, filosofia esportiva e a tão falada profissionalização, o MundoBola Flamengo destaca neste primeiro dia do ano alguns desafios já colocados e as principais propostas de Bap para as mais diversas áreas do clube.

Profissionalização

Lema da campanha de Bap ao longo do pleito presidencial, a promessa de profissionalizar o Flamengo é vista como um dos motivos que o levaram a vencer a campanha. Para isso, o dirigente defende uma reformulação do departamento de futebol, com uma influência menor das vice-presidências. 

Em um dos primeiros atos da gestão, inclusive, Bap reduziu o número de vice-presidentes de 19 para 14. Para isso, aglutinou algumas áreas, como forma de esvaziar o poder de dirigentes amadores.

A contratação de José Boto faz parte desse processo. Novo diretor-técnico do clube, o português faz parte de uma nova estrutura que concentra o poder em suas mãos, tirando a necessidade de um vice-presidente de futebol para comandar a área ou de um diretor amador no geral. Boto se reporta diretamente ao presidente e influencia desde a base até o profissional.

Na coletiva de apresentação ao Flamengo, na última segunda-feira (30), Boto bateu na tecla da profissionalização ao dizer que decidiu pela permanência do técnico Filipe Luís. Segundo ele, se o trabalho falhar, "a culpa é sua". "Isso é profissionalização", afirmou José.

Por fim, outra medida no caminho da profissionalização é a alteração de parte do Estatuto em si. A promessa é de, ainda nos 100 primeiros dias de gestão, encaminhar ao Conselho Deliberativo uma proposta de reduzir o número de dirigentes amadores. A eleição de Ricardo Lomba como presidente do CoDe é vista como positiva para este processo.

Estádio

Depois de adquirir o terreno no Gasômetro, o Flamengo se encontra em fase de viabilizar recursos para a obra e entender melhor sobre o planejamento. Diversos aspectos entram em cena nesta conta, como descontaminação, terraplanagem, fundação, sondagem, instalações, estacionamento, cobertura, enfim. Ainda há um grande número de passos a serem definidos pela nova gestão.

O novo presidente garantiu que é a favor da construção do estádio e disse que vai trabalhar para tal. No entanto, pediu calma sobre o assunto e disse que o caso está em estágio bastante inicial. Segundo Bap, não há um plano de viabilidade atualmente, e o mandatário evitou prometer uma conclusão até 2029.

Logo na cerimônia de posse, Bap já abordou o assunto e garantiu que o plano de construir o estádio segue, mas com a preocupação de não prejudicar o desempenho esportivo do Flamengo.

Hegemonia

Ainda que tenha passado anos de altos e baixos recentemente, principalmente com 2023 em branco, o Flamengo se acostumou a ganhar títulos nos últimos anos. Desde 2019, primeiro ano da gestão de Rodolfo Landim, o clube levou duas Libertadores, dois Campeonatos Brasileiros, duas Copas do Brasil, quatro Campeonatos Cariocas, uma Recopa Sul-Americana e duas Supercopas do Brasil.

Com 13 títulos, sendo seis das três principais competições do calendário, em seis temporadas, Bap terá o desafio de manter o Flamengo em uma rota vencedora. Mesmo que os números indiquem grandes anos, o sentimento de parte da torcida é de que era possível conseguir mais com o time e o dinheiro que o Rubro-Negro tem à disposição.

Desta forma, um dos principais desafios de Bap é garantir que todos os processos sobre profissionalização, finanças, gestão, estádio ou estrutura resultem naquilo que há de mais importante para os torcedores: o Flamengo vencer.

Finanças

Além da construção do estádio, que será feita por meio da venda de naming rights e de recursos levantados pelo próprio clube, o aumento da dívida do Flamengo chamou atenção para 2025 e se tornou um tópico abordado pelo próprio Bap.

Vale destacar que o orçamento previsto para 2025, feito ainda na gestão de Rodolfo Landim, prevê a entrada de € 30 milhões (cerca de R$ 192 milhões) em vendas de jogadores. Em relação à chegada de novos atletas, a gestão que deixou o clube no último dia 31 previa o gasto de € 20 milhões (R$ 128 milhões). É natural que, com a entrada de uma nova gestão, os números sejam revisados.

Ao ser empossado como presidente do Flamengo, Bap admitiu que o clube terá que vender atletas para proteger a parte financeira. Segundo ele, a situação é "preocupante, mas não é grave".

"É verdade que a situação de caixa do Flamengo foi afetada nesse final de ano. Mas isso significa que o Flamengo não tem condições de fazer aquisições? Não. Temos outros desafios, que é construir nosso estádio. Clube que quer ganhar tudo no Brasil tem que vender mais do que compra. Pode ser, Flamengo, Palmeiras... tem que vender mais e melhor. O fato de contratar em moeda forte e não vender ninguém gerou um descompasso que a gente não tinha há quatro anos", disse o novo presidente.

"É desconfortável, mas não é mortal. Vamos ter que fazer alguns arranjos o quanto antes para fugir dessa equação cambial. Câmbio mata, e a gente vai ter que cuidar de alguma maneira disso. É preocupante, mas não é grave", finalizou Bap.

Saída de Gabigol

Ainda que não tenha relação com a despedida de Gabigol do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista será um dos responsáveis diretos por fechar com um substituto para o ídolo. Titular absoluto, Pedro ainda se encontra em recuperação de lesão e está focado em voltar apenas em junho, época em que o Rubro-Negro vai disputar o Super Mundial da Fifa, nos Estados Unidos.

Ou seja, o Flamengo não tem neste momento um centroavante de ofício no grupo considerado "principal" para os próximos seis meses, já que Carlinhos foi destacado para o elenco alternativo que disputa as primeiras rodadas do Campeonato Carioca. Dar essa opção ao técnico Filipe Luís foi tratado como "prioridade" pelo novo diretor-técnico, José Boto, e certamente também será para Bap.

Geração de receitas

Além da venda de jogadores e da conquista de títulos, é claro, o Flamengo aposta em outras maneiras de alavancar a marca e gerar mais receitas. Logo na cerimônia de posse, Bap criticou a forma como Landim anunciou que Arrascaeta seria o novo camisa 10 da equipe. O novo presidente defendeu um modelo de parceria com um dos patrocinadores e estimou que o clube "deixou de R$ 10 a 12 milhões na mesa".

Novo Vice-Presidente de Tecnologia do Flamengo na gestão Bap, Fábio Coelho, ex-Google, já abordou a importância de usar a internet para aumentar a exposição da marca e aumentar o fluxo de receitas. Além disso, ressaltou o papel da tecnologia na captação de possíveis contratações para o elenco.

Outro dos vice-presidentes, Ricardo Hinrichsen — que comanda a pasta de marketing — prometeu manter "o que funciona" no Flamengo, mas indicou que vê espaço para "dobrar a receita comercial". O novo dirigente acredita que é possível transformar o setor no maior gerador de receitas para o clube.


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