Por Luiza Sá<>
Os pensamentos não me deixavam dormir. Será que era o dia? Será que depois de tanta luta nós finalmente conseguiríamos sair vitoriosos do Maracanã? Depois de 17 anos esperando, seria agora o nosso momento de glória, não seria? E, bom, foi. No fundo, eu sabia que a gente sairia dali sorrindo e acreditava nisso com todas as minhas forças. Deus não faria uma coisa dessas com todas aquelas pessoas. Ele não permitiria que toda aquela linda história de superação terminasse de forma triste. A Nação terminaria o dia sorrindo.
85 mil pessoas, era o que anunciavam sobre o público presente. Nem precisava olhar para os lados para ter certeza de que havia muito mais pessoas ali. A apreensão era evidente no rosto de todos. O grito de campeão estava entalado em cada rubro-negro e não podia mais ficar guardado. Era naquele dia. Tinha que ser.
Aos 21 minutos um balde de água fria. Gol do Grêmio. Não podia ser. Não não não. Não ia terminar daquela forma, não naquele dia. David Braz, 8 minutos depois, fez seu primeiro e talvez mais importante gol com a camisa do Flamengo. Se alguém me dissesse um ano antes que conquistaríamos o sexto título e detalhasse toda a trajetória até lá, eu, provavelmente, daria uma risada. Sabia desde que vesti a camisa rubro-negra pela primeira vez, que ser Flamengo não era fácil. Mas ali eu entendi o que todo mundo me dizia.
E então, contrariando todas as probabilidades, Ronaldo Angelim cabeceou de forma perfeita aquela bola para o fundo das redes. Em meio a tantos atores principais no time, como pensar logo nele? E, refletindo bem, como aquela final poderia ter um personagem melhor? O Magro de Aço roubou a cena e se consagrou. Para a alegria dos 40 milhões de apaixonados que já tinham roído todas as unhas, que juntaram as mãos e rezaram, que apertavam a camisa, nervosos, pedindo e fazendo mil promessas para que aquele troféu ficasse na Gávea. Era por todos nós. Era o grito de alívio, de liberdade.
Ao Angelim e cada personagem daquele maravilhoso dia, o meu muito obrigada. Foi naquele momento que entendi o real espaço que o Flamengo tinha em minha vida. Era infinito. É infinito. Em meio a muitas lágrimas olhei para os lados e vi que todos estavam na mesma situação que eu. Abracei minha família e muitos desconhecidos. Gritei, com todas as minhas forças, que éramos campeões.
O nome do Flamengo voltou a ficar destacado onde sempre deveria estar. No topo. 40 milhões de pessoas que tinham a absoluta certeza de que seria sofrido. 40 milhões que sentiram o alívio ao apito do árbitro apontando o final daquele sonho. Na verdade, não era o final, era só o começo.
E deixo pra vocês agora a cena que me fez chorar lá em 2009 e faz até hoje. Obrigada, Flamengo.
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Luiza Sá é estudante de jornalismo e cresceu nas arquibancadas do Maracanã ao lado de sua família. É a redatora de basquete do MRN e apaixonada pelo esporte da bola laranja.