Eleição do Conselho Fiscal do Flamengo: Benny Kessel e Paulo Mantuano detalham propostas e apontam desafios

Com a proximidade da eleição do Conselho Fiscal do Flamengo, o MundoBola entrevistou Benny Kessel e Paulo Mantuano para entender as propostas da Chapa Independência Rubro-Negra. Os líderes detalharam as mudanças que pretendem propor para o órgão e desafios que incluem o estádio rubro-negro e o contrato de concessão do Maracanã. A votação será no dia 24 de março, uma segunda-feira, de 8h às 21h.  

Benny Kessel construiu carreira de destaque no ramo de contabilidade, com passagem por APFUT e Banco Central Já Paulo Mantuano também possui vasta experiência no ramo financeiro, sendo o atual presidente do Conselho Fiscal da TAG (Transportadora Associada de Gás). Ambos destacaram o objetivo tornar o Conselho Fiscal rubro-negro um órgão verdadeiramente independente do Conselho Diretor, pois entendem que há uma proximidade muito grande de presidente e VPs atualmente. 

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"Trazer independência, não estamos vendo isso nas últimas eleições. Um conselho fiscal apoiado pelo mandatátio do Conselho Diretor, onde o mandatário fica na frente das urnas recebendo eleitos, esse conselho na minha visão não pode ser considerado independente. É um conselho chapa branca verdadeiro. Nosso conselho não é de oposição, porque esse conselho não deve ser oposição ou situação. Tem que ser um órgão técnico, com pessoas capacitadas e independência para questionar o Conselho Diretor se esse for o caso. Em nenhum momento a gente trouxe indicações políticas, esse não é o modo da montagem da chapa.", iniciou Benny Kessel, candidato para a presidência do órgão. 

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A Chapa Independência Rubro-Negra divide as propostas em três pontos principais. Confira: 

Modernização

• Propor a revisão das competências do Conselho Fiscal no estatuto;
• Promover revisão do Regimento Interno do Conselho Fiscal;
• Viabilizar reuniões on-line;
• Automatizar o trâmite de documentos, pareceres, atas e assinaturas, sempre de forma eletrônica.

Governança

• Implantar Comitê de Auditoria para assessoramento ao Conselho Fiscal;
• Ser guardião da Governança e conformidade dos processos;
• Criar um diálogo permanente com o Conselho Diretor a fim de melhorar as análises e ter mais assertividade na obtenção das informações.

Transparência

• Abrir novos canais de comunicação com os conselheiros e conselheiras para tirar dúvidas sobre pareceres;
• Organizar eventos periódicos para diálogo com conselheiros e conselheiras;
• Promover o incentivo à melhoria contínua e transparência nos processos, com olhar na mitigação dos riscos financeiros, operacionais e reputacionais.

Ampliar atuação do Conselho Fiscal 

Um dos objetivos da chapa é aumentar o escopo de participação nos assuntos do clube. Atualmente, os membros do Conselho Fiscal fazem as análises dos contratos do clube e divulgam o parecer favorável ou não. Benny Kessel e Paulo Mantuano entendem que existe a necessidade de uma participação maior de outros conselheiros, como um canal para fazer questionamentos e entender melhor os motivos que levaram à decisão. 

"O Conselho Fiscal deve ser mais proativo e não um simples analisador de contratos, deve existir um mecanismo para os conselheiros avaliarem os testes e qual o trabalho está sendo feito no conselho. Hoje, o parecer é disponibilizado, não tem espaço para grandes perguntas. A gente quer criar um canal de comunicação com o conselheiro", disse Benny, antes de Paulo complementar: 

"Queremos trazer a comprovação total do conselho, de forma que os documentos, sejam, contratos, pareceres e até mesmo troca de mensagens entre conselheiros, fiquem registrados em uma plataforma de governança."

Estatuto do Flamengo

Uma das principais propostas da gestão do presidente Luiz Eduardo Baptista é modernizar o Estatuto do Flamengo para adequá-lo à nova realidade, já que há um entendimento geral que o documento está defasado em diversos pontos. O responsável por liderar essa mudança será Ricardo Lomba, presidente do Conselho Deliberativo. E a Chapa Independência Rubro-Negra vê como uma oportunidade de integrar o Conselho Fiscal em assuntos que hoje ficam restritos aos Conselho Diretor e ao CoDe, além de modernização.

"Vai haver uma grande revisão no Estatuto do Flamengo. Alguns sócios cobram que o Conselho Fiscal deveria ser mais atuante em contratos do futebol e multas de treinador. Mas existem algumas restrições no estatuto. Isso é matéria que pode ser revista. Além disso, a revisão do regimento interno, que hoje é basicamente uma cópia do estatuto. A gente entende que poderia ser melhor elaborado. A gente vai trazer reuniões online, onde membros de outros estados ou em viagem possam participar da reunião. Estamos em 2025, temos que trazer essa tecnologia."

Além disso, o candidato à presidência do COFI destaca a importância do clube de maior receita do país ter a implementar uma comissão de auditoria: "O último ponto é a criação de um comitê de auditoria. O Flamengo é uma empresa que fatura 1,3 bi, não podemos aceitas que não tenha uma auditoria interna. Essas são as principais propostas para a melhoria do Conselho Fiscal."

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Estádio do Flamengo

Um dos maiores desafios e principal responsabilidade inicial do Conselho Fiscal será o processo de construção do estádio do Flamengo. O investimento tende a passar dos R$ 2 bilhões, e o entendimento da chapa é que precisará acompanhar de perto todos os gastos do clube para manter o controle dos valores previamente determinados. É justamente para ter um acompanhamento preciso que a chapa conta com dois engenheiros: Rosana Lomba e Oswaldo Fonseca. 

"O Conselho Fiscal terá um papel fundamental na construção do estádio do Flamengo, que com certeza será o maior investimento da história do Flamengo. É determinado pelo estatuto do Flamengo os valores a serem fiscalizados pelo conselho fiscal, e com certeza o estádio vai extrapolar e muito esse valor. O Conselho Fiscal vai trabalhar fiscalizando, assegurando que o Flamengo está aplicando as melhoras praticas de investimento na questão da construção."

"Por isso, optamos por trazer engenheiros civis para a chapa. A gente tem um membro da chapa que é engenheiro civil com mestrado e doutorado que vai auxiliar a gente na questão do estádio. Além disso, o conselho tem permissão para, caso seja trazida algum assunto para análise que a gente entenda não ter expertise na matéria, podemos nomear assessores dentro dos conselheiros do clube para ajudar na elaboração dos pareceres. Mas o estádio sem dúvida será o grande ponto de análise. "

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Paulo Mantuano destaca a sua capacidade para auxiliar no tema, pois atuou como CFO da Usina Hidrelétrica de Jirau na época da construção no Rio Madeira, em Rondônia, no ano de 2019. Um obra que custou mais de R$ 20 milhões, e o candidato à vice-presidência do COFI destalha o que o clube precisaria para garantir tanto o andamento da obra no prazo previsto quanto a segurança financeira do clube. 

"Exatamente. Eu posso dizer um pouco sobre isso porque eu termino minha trajetória no mundo corporativo como CFO da Usina Hidrelétrica de Jirau, um projeto de 22 milhões de reais no Rio Madeira. Projeto que começou do 0, tivemos toda a construção, contratar engenharia, montagem. E isso vai acontecer no flamengo também. O fundamental para dar certo é ter um modelo de governança para a construção robusta, aí precisamos ter termos, engenheiros do proprietário que vão discutir com a construtora o andamento da obra, cronograma físico, financeiro. Teremos que ter uma mitigação de riscos."

Mais desafios

As missões do Conselho Fiscal não param no estádio próprio rubro-negro, muito pelo contrário, os candidatos destacam pontos como: manter o Fla como destaque financeiro em meio à chegada de mais SAFs no Brasil e o contrato de concessão do Maracanã. Isso porque, enquanto constrói um estádio, o clube tem a obrigação de fazer investimentos no Templo Sagrado de acordo com o que determina o edital.

"Estádio é disparado o maior desafio, manutenção do Flamengo como protagonista com a chegada das novas SAFs. Acho que é ainda algo que o Flamengo terá que saber lidar com essa situação. Aquele diferencial financeiro que observamos em alguns anos, não sabemos se vai continuar existindo no próximo triênio. Desafio do Maracanã, que vai ter uma necessidade de investimos pelo contrato que foi assinado."

Há também o objetivo de tornar o COFI um órgão mais participativo no dia a dia rubro-negro com proposta de melhorias para processos em que sejam identificados erros. Afinal, a atuação do órgão atualmente é receber contratos a serem estudados, fazer as análises necessárias e divulgar o parecer. 

"Nosso objetivo é tornar o conselho fiscal mais proativo nessas questões e não ser apenas um analisador de contratos. Hoje, não é uma crítica, sempre atuou dessa forma, mas o conselho só trabalha mediante motivação. O contrato chega, analisam e devolvem. A gente entende que pode ser proativo no Flamengo. E temos o desafio da reforma estatutária, é um contrato obsoleto, antigo, que ainda não se adequou às novas realidades e ferramentas que existem hoje. Acredito que esse sejam os principais desafios", finalizou Benny Kessel; assista à entrevista completa ao final da matéria 

Chapas para eleição do Conselho Fiscal do Flamengo

As quarto chapas inscriticas para a eleição do COFI ainda não foram homologadas, pois estão no processo de análise e aprovação dos nomes. O próximo entrevistado do MundoBola Flamengo será Adalberto Ribeiro, VP de Relações Externas do clube na gestão Landim, na terça-feira (25). Confira as chapas: 

Benny Kessel
Paulo Mantuano
Jorge Farah
Júlio James
Oswaldo Fonseca
Gilberto Barros
Gustavo França
Igor Bandeira de Mello
Rosana Lomba
Paulo Garrucho