É ter orgulho da jornada, reconhecer os erros e aprender pra não errar outra vez

Atualizado: 17/12/2025, 17:59
Flamengo durante derrota na final do Mundial

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Seria absolutamente leviano e infantil, por causa de uma derrota nos pênaltis, desconsiderar o ano incrível que o Flamengo teve em 2025. Conquistamos nosso nono título brasileiro, nos tornando os maiores vencedores da chamada “era moderna” do Brasileirão e levamos também nossa quarta Libertadores, o que nos coloca como o clube brasileiro que mais vezes faturou a maior taça do continente. 

Não é pouca coisa, na verdade é muito, e precisa ser visto como tal. Filipe Luís se provou um grande treinador, o atual grupo rubro-negro deixou clara a sua superioridade dentro do país e da América do Sul e mais uma vez reforçamos nosso papel como uma das principais equipes do futebol mundial. Nosso quintal é cada vez maior, nossa sala de troféus precisa de mais espaço, o urubu entendeu que sua vocação é sempre voar muito alto.

Mas também seria bobagem e até mesmo falsidade negar a evidente frustração e irritação com o vice-campeonato mundial diante do PSG. Frustração porque nunca estivemos tão perto do nosso bi, mesmo diante de uma equipe considerada entre as melhores do mundo, e irritação porque, numa disputa de pênaltis onde cinco jogadores rubro-negros bateram, quatro desperdiçaram suas cobranças de maneiras que variam entre “ruim”, “muito ruim” e “se meu filho faz isso no interclasses eu e minha esposa deixamos ele na roda de adoção dos bombeiros mesmo ele já tendo 16 anos”.

Porque o Flamengo, nesta temporada 2025, chegou longe, o mais longe que qualquer clube sul-americano poderia chegar, e chegou apresentando um futebol ofensivo, consistente, com jogadores de alto nível. Após uma maratona de jogos viemos para um torneio onde se enfrentam os melhores times do planeta, passamos por dois deles, e só caímos, nos pênaltis, diante do atual campeão da Champions League. Como eu disse, isso não é pouco. Mas como qualquer flamenguista também sabe, isso ainda não é o bastante. Nós queremos o mundo. E mais do que lamentar não termos conquistado dessa vez, precisamos entender onde falhamos, corrigir nossos erros, e nos preparar pra realizar essa conquista ano que vem.

Precisamos de um centroavante que possa revezar com Pedro e dar mais opções no ataque. Precisamos de mais um zagueiro que possa reduzir a maratona vivida por Léo Pereira. Atletas como Allan e Michael devem sair para dar espaço financeiro e até mesmo físico para novas contratações. É necessário rejuvenescer um elenco que ganhou em muito com a experiência de atletas veteranos mas também pode ganhar bastante com o sangue novo de alguma revelações.

Realmente, fomos para o Mundial e perdemos. Mas cada vez estamos indo com mais frequência para o mundial e cada vez está mais difícil ganhar da gente. Se antes essa disputa era uma raridade, agora está se tornando uma rotina, se antes enfrentar PSG ou Bayern era coisa de amistoso festivo, agora é situação de briga por taça. E vocês lembram como repetir a Libertadores de 81 era um sonho e hoje são mais 3 taças na Gávea? Com trabalho e tempo, o Mundial pode ser a mesma coisa.

Então é a hora de aceitar os sentimentos confusos. A irritação convivendo com orgulho, a gratidão pelo que os jogadores fizeram no ano mas também a chateação com os erros que foram cometidos hoje, a sensação do fim de uma jornada, mas sabendo que ano que vem já se inicia outra. Porque a certeza que fica, vendo a trajetória desse Flamengo de 2025, é que em 2026 temos plena condição de estar lá outra vez, em mais um Mundial, brigando pra ter um final diferente, bem mais feliz.

 


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J. Luis Jr.
Autor
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Su...