Duas semanas após a tragédia, Landim concede entrevista coletiva na Gávea

24/02/2019, 14:17

No início da tarde deste domingo (24), o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim concedeu uma entrevista coletiva na sede do clube, na Gávea, para falar sobre a tragédia do dia 8 de fevereiro que matou 10 pessoas no CT Ninho do Urubu. Foi a primeira vez que o rubro-negro abriu uma coletiva para perguntas, já que o clube chegou a fazer um pronunciamento há uma semana, pelo seu CEO.

Rodolfo Landim falou sobre a assistência as famílias das vítimas, a indenização aos familiares, a possível interdição do Ninho do Urubu e confirmou que a torcida não tem razão para não se orgulhar das ações que o clube fez.

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Confira trechos da coletiva

O porque do silêncio

“Importante dizer que temos uma preocupação muito grande com a qualidade de informações que passaríamos. Estávamos há 30 dias na gestão. Uma série de perguntas que não poderíamos responder. Espero poder responder tudo”.

Famílias das vítimas

“O foco principal eram as famílias. Nossa maior concentração de atenção foi nelas. Procuramos cuidar delas, desde o dia da tragédia. A maior dos 123 anos de Flamengo. Me reuni com as famílias no dia seguinte à tragédia em um hotel. Um trabalho carinhosos e cuidadosos, com todos os psicólogos do clube consolando as famílias dentro das nossas possibilidades. Tudo isso com enorme respeito e consideração. Podem ter certeza que o Flamengo está cuidando muito bem das famílias das vítimas”.

Indenização

”Estamos empenhados em chegar a um acordo. Pode não parecer. Mesmo sem acordo no primeiro momento, o Flamengo tem interesse de cuidar de cada família separadamente. Não queremos definir uma indenização para todos. Queremos ouvir cada um. Situações são distintas. Uma vida não tem preço. Podemos indenizar a dor. Eu sou engenheiro. Não sei calcular isso. Contratamos um profissional para poder avaliar. Queremos pagar um valor muito superior do que é definido pelo STJ. Essa continua sendo a indicação”.

Torcida

”A torcida do Flamengo não tem razão para não se orgulhar do clube. Tudo está sendo feito da melhor forma o possível. Estamos prestando atendimento às famílias onde elas moram. A Nação não tem que se preocupar. O Fla está agindo de acordo com sua tradição”.

Valores da indenização divulgados

”Esse processo corre em segredo. Independente disso, é importante não falar sobre o impacto que pode ter até na segurança das famílias. O que posso dizer que os valores vazados não são esses. Pedimos a mediação da Justiça. O desembargador César Cury abriu o processo. Todas as famílias concordaram. Houve um momento que pediram para conversar entre eles. Infelizmente soubemos que duas famílias já vieram representadas por advogadas. O que vimos foi uma reversão total do quadro. Teve participação muito forte das advogadas. Falaram coisas dolorosas, como falta de respeito do clube. Vínhamos fazendo tudo. Entendemos o momento difícil, mas advogadas conseguiram criar um clima entre as famílias. Acabado aquele momento, algumas famílias nos procuraram para voltar o processo de mediação na Justiça. Isso já voltou a ocorrer na sexta. Longas reuniões. Outras famílias agendadas para essa semana, o que nos deixa muito feliz”.

Jurisprudência

O Flamengo está oferecendo mais ou menos o dobro da jurisprudência. Jurisprudência não tem nenhuma relação com a boate Kiss. São situações bem próximas à nossa, com crianças sob a guarda de uma empresa. Uma vida não tem preço. Vamos indenizar dor e danos morais em relação a perda de pessoas. A jurisprudência é em relação a isso. Em relação as famílias querendo um acordo coletivo, não é o que estamos sentindo. As famílias estão vindo conversar conosco e estamos querendo ouvir as necessidades de cada uma. O que foi colocado na mediação foi um piso de valor. O Flamengo está pronto o dobro do que existe na jurisprudência. O que não significa que se alguém me pedir 10x ou 100x mais, nós teremos que pagar”.

Nova rotina do CT

”Hoje as ações do Flamengo no CT estão limitadas ao campo. Ninguém está mais pernoitando. Os profissionais estão se concentrando em hotéis. Um campo de futebol não oferece nenhum risco. Por isso continuam treinando lá. O próprio prefeito entende dessa forma”.

Conclusão da coletiva

”Cada família está recebendo R$ 5 mil até que aconteça um acordo. Não vamos entrar em valor de seguro de vida, mas obviamente o Flamengo está cumprindo a lei. Não é um valor significativo. O que tem de significativo é o valor que eles vão receber de indenização. Compareci na reunião para participar da pré-mediação. Fiquei pelo menos 2h15. Fui representando o clube. Não temos controle absoluto sobre tudo. As famílias pediram que a primeira reunião de mediação ocorresse. Eu sai para que os advogados iniciassem as conversas. A torcida e os sócios podem estar certos que estamos trabalhando muito, queremos resolver tudo rapidamente. Eles não têm motivo nenhum para não ter orgulho. Queremos resolver de uma forma sem precedente na história do país. Obrigado”.


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*Créditos da imagem destacada no post e nas redes sociais: Flamengo/Divulgação


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Yago Martins
Autor

Jornalista (Unisuam), 27 anos, natural do Rio de Janeiro e trabalhando no MRN. Atuo na área da comunicação desde 2018 e já acumulei passagens pelo Jornal Ilha Notícias, TV Ilha Carioca, Rádio RPC e Urubu Intera...