Comentário feito pelo correspondente do Clarín no Rio, o argentino Manolo Eppelbaum, definiu seu compatriota com perfeição nessa frase: "Assim era Doval: namorador, amante de festas, bom de bola, como costumavam ser os cariocas (sem ofensas)."
Patrícia Castelan (@PatyCastelan) - Santa Catarina
Nascido em Buenos Aires, “El Loco” ou “Gringo” como Doval também era conhecido, começou a carreira no San Lorenzo de Almagro. Time pelo qual o excelente ponta-direita e centroavante teve muito êxito. Chegou ao Flamengo em 1969. Apesar de esbanjar talento, visão de jogo e raça nos gramados com o manto, não teve êxito num primeiro momento pelo rubro-negro carioca. Os títulos custaram um pouco a vir mas não isso não afetou o amor de Doval pelo Flamengo. Em 1970 disse: “Jogar no Flamengo é simplesmente fascinante. Esta história de que a camisa do Flamengo corre sozinha, dribla e faz gols é mais que uma história, é uma verdade. (...) É gente que ganha jogo nas arquibancadas. Seu grito é grito de guerra, que empurra o jogador para frente. A torcida rubro negra é um milagre"
Quando Dorival Knipel (goleiro formado na base do Flamengo), chegou ao comando técnico do time em 70, Doval quase deixou o Clube. Knipel o perseguia. Queria mudá-lo de posição, cerceando seu estilo de jogo e até mesmo mudá-lo fisicamente. Dorival não suportava os cabelos compridos e loiros de Doval. “O Gringo” chegou a exclamar em 71 que ou ele ficaria ou Knipel.
Doval deixou o Fla e retornou para a Argentina aonde jogou pelo Huracán. A passagem por lá não durou muito e também não foi muito exitosa. Retornou ao Brasil e ao Flamengo em 72.
De volta ao Fla e com o “Formiguinha” Zagallo no comando, a história de Doval com o Flamengo tomou outro rumo. Foi duas vezes artilheiro do Campeonato Carioca (72,74) e primeiro grande jogador a fazer dupla com Zico. Sua raça, entrega, fizeram com que Doval caísse nas graças dos rubro-negros e foi uma “lua de mel” até o ano de 76 quando “Gringo” trocou o Fla pelo Flu.
Doval ficou no Fluminense até o ano de 78 e a Nação conseguiu perdoá-lo pela excelente convivência dentro e fora dos gramados e pelo seu coração que era sim, rubro-negro.
No ano de 1991, o coração rubro-negro de Doval parou de bater junto ao seu maior amor: o Flamengo. Doval estava com o Clube comemorando a vitória do Fla em cima do Estudiantes pela Supercopa Libertadores. Uma morte poética para um ídolo que nasceu na Argentina mas era carioca e flamenguista.
Títulos pelo Flamengo
- Campeonato Carioca:1972 e 1974
- Taça Guanabara:1970,1972 e 1973
- Torneio Internacional de Verão do Rio de Janeiro:1970
- Torneio do Povo:1972
- Torneio Quadrangular de Goiás:1975
- Taça José João Altafini "Mazolla":1975
- Torneio Quadrangular de Jundiaí:1976