Do que as mulheres não gostam e o que elas gostariam no Programa de Sócio-Torcedor do Flamengo

Assim como o personagem do Mel Gibson no filme Do Que As Mulheres Gostam, sou publicitário.

 
Mas ao contrário dele, que usou produtos femininos para tentar entender as mulheres, eu achei mais fácil perguntar pra elas algo que eu não conseguiria entender sozinho. Já que não consigo ler os pensamentos delas.

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Por que o Sócio-Torcedor do Flamengo não tem muitas mulheres?

Pedi ajuda no Twitter e 42 mulheres me disseram o que achavam bom ou ruim no programa de ST, principalmente pela visão delas. E fiquei meio assim:

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Existiram situações que são quase impossíveis de um homem notar. Ou dar a devida importância.

O maior benefício é mesmo o desconto em ingressos. Mas só quem frequenta o estádio pode se beneficiar disso. Isso incomoda muita gente. Além disso, foram bem elogiadas ações como matchday, conhecer o time e essas experiências que são possíveis com os pontos do plano de ST.

Mas mesmo assim, existem grandes problemas dentro dos maiores benefícios.Tanto no matchday, como em outras ações, são distribuídas camisas. Às vezes são só do programa Nação Rubro-Negra, ou até mesmo mantos oficiais. Mas sempre são masculinos e nem o tamanho P elas conseguem. E isso é só um detalhe, não é dos problemas mais complicados de se resolver. Até porque você seleciona o tamanho da camisa, e o sexo, quando faz o cadastro de Sócio-Torcedor. A informação tá lá.

Só consegui lembrar de uma ação com manto feminino, a Maratona do Manto. Já é um começo.

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A maior reclamação que eu ouvi, mesmo que não seja culpa do clube, é que as mulheres que gostam de ir aos jogos precisam de companhia. Mesmo não sendo uma obrigação do Flamengo, é algo que diminui as chances de uma mulher se associar, já que vai depender de companhia para ir ao estádio.

Pro clube conseguir aproveitar a maior vantagem do programa (descontos em ingressos) precisa resolver até o que nem seria uma demanda dele. Mas é algo que prejudica as adesões. E até podemos pensar em soluções para isso. Eu consigo pensar em duas. Sendo que uma delas nem tem custo.

Uma opção seria o clube organizar ônibus saindo de diferentes partes do Rio, com segurança ou, pelo menos, que tivessem a maioria das vagas para mulheres. Com poucos homens fica mais fácil evitar os problemas. Todas as torcedoras com quem comentei essa possibilidade gostaram da ideia e até disseram que pagariam a mais por esse tipo de transporte.

Mas consegui pensar até numa solução mais simples e praticamente sem custos. O Flamengo poderia organizar pontos de encontro para quem mora por perto se reunir e ir aos jogos. Claro que isso precisaria ser bem planejado, mas não seria complicado que o clube fomentasse esses encontros antes das partidas. Se não quiser investir em criar áreas no site, ou apps para isso, poderia até criar eventos no Facebook, em bairros diferentes, onde o pessoal marcasse um local e horário para se encontrar e ir junto ao jogo. Pode até ser algum bar que tenha desconto pra Sócio-Torcedor, por exemplo. Não é culpa do clube, mas o Flamengo pode ajudar a solucionar o problema. Com certeza tem muita gente que mora perto e não vai junto a estádios por falta de conhecimento. E isso ajudaria bastante no problema de mulheres irem sozinhas ao estádio.

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Mesmo assim, ainda tem uma outra reclamação. Assédio dentro do estádio. Evitam até personalizar as camisas com seus nomes pra evitar gracinhas. E esse é ainda mais difícil de resolver. Talvez fosse bom testar áreas femininas no estádio. Não áreas exclusivas, que impediriam quem vai com amigos, namorados e afins. Mas áreas onde só entrassem homens acompanhados de mulheres e mulheres sozinhas. Como eu disse, talvez essa seja uma solução mais complicada, mas ainda assim devem tentar opções, quando tivermos um estádio fixo. Só de tentarem resolver esse problema já mostra que o Flamengo se importa MUITO com a experiência feminina no estádio.

Mas teve uma reclamação recorrente, que eu realmente não fazia ideia.

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Aí que bate a falta de representatividade. Mesmo o futebol feminino do Flamengo sendo campeão brasileiro, o time tem muito pouca visibilidade. E pouca atenção até em coisas simples, como o uniforme. Elas usam a versão anterior do manto. E se quiser comprar em alguma loja a camisa que vem com o patch da marinha, que é a camisa do futebol feminino, não tem como. Pode até não parecer muito importante. Mas além da Duany, outras também reclamaram disso. Não é um caso isolado, é só um caso que ainda não foi observado.

E a solução pra isso é mais complicada. Não a de colocar o time feminino com o modelo do ano, nem colocar patches do futebol feminino nas camisas, mas mostrar que o esporte feminino é muito importante para o Flamengo. Sei que existe uma dificuldade maior no futebol porque é da Marinha e o próprio clube não tem acesso livre a elas. Mas é importante conseguir resolver isso.

O fato da mulher se identificar como possível Sócia-Torcedora passa até pela Comunicação. Vou fazer um texto focado nisso e já tem gente me ajudando na pesquisa, mas só para mostrar uma simples comparação, essa é a nossa página de ST:

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Não tem uma foto de mulher no site. Só consegui achar uma menina, que mal dá pra ver, nas crianças que entram no gramado. Fora isso, só homens. E olha que nesse carrossel tem 7 imagens.

Temos 8% de sócias.

 
Agora olha o do Inter:

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Claro que colocar fotos de mulheres no site de ST não resolve tudo. Mas ajuda na representatividade. O time gaúcho tem 22% de sócias. Mas num outro texto vou tentar analisar isso um pouco mais.

Fora essas reclamações mais complexas, uma bem recorrente é que os produtos com desconto (pelo menos os que costumam ser divulgados) têm foco no público masculino. Até descontos em salões de beleza foram muito citados.

Mayara também mostrou uma visão que eu nunca teria por conta própria.

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Essa parte de pintar a unha e comprar pulseiras nas cores do Flamengo são coisas que eu nunca imaginei. Me senti assim:

É uma coisa tão óbvia para as mulheres, e que o clube (assim como eu) parece não ter notado. Existe muito mercado feminino para ser aproveitado no futebol. Tanto que 44% dos consumidores do Flamengo, no Rio, são mulheres. A comunicação precisa ser mais abrangente e até ter foco específico nas mulheres.

Eu já elogiei a postura do Flamengo em ver mulheres como público alvo em ações como na linha Flamengo/Adidas/Farm. Mas ainda falta dar uma ajustada no ST para atrair mais torcedoras.

Quero agradecer a todas que responderam. Eu usei poucos prints aqui, mas todas as respostas me ajudaram muito a entender como as mulheres enxergam o programa de Sócio-Torcedor.

Ainda vou colocar mais textos aqui sobre o assunto. Meus e de convidados.

Espero não esquecer ninguém que me ajudou. Mas pelo que anotei, foram essas aqui em baixo. Muito obrigado a todas!

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