O Flamengo convive com crises fora de campo de maneira quase natural, mas o cenário no início da década passada era muito diferente do que jogadores vivenciam. Goleiro titular, Bruno foi preso pelo assassinato de Eliza Samudio, e o caso gerou consequências Gávea. Quem relembra o dia a dia turbulento no clube é o atacante Diogo, que chegou ao clube em 2010 pouco depois da prisão.
“É fantástico, uma coisa fantástica (torcida do Flamengo). É claro que o time não estava tão bem naquela época. Tinha cobrança e foi um ano muito complicado para o Flamengo. Eu cheguei e 10 dias antes tinha acontecido o caso do Bruno, quando ele foi preso”, iniciou o ex-jogador em participação no programa ‘Zona Mista do Hernan’, do UOL.
➕: Julgamento de Gabigol será retomado hoje; punição pode ser alta
Diogo chegou ao clube no fim de julho, duas semanas depois da prisão e com a crise já instaurada. O atleta afirmou que não se lembra de alguém falando sobre o assunto sequer uma vez, nem atletas, dirigentes ou outros funcionários. Ele entende que a decisão, ao menos dos jogadores, tinha a intenção de blindar o time na tentativa de não agravar crise que já era grande dentro de campo.
“Ninguém tocava no assunto. Como o momento já não era bom, parecia que não falavam como uma forma do grupo se defender e se proteger (blindar) do momento ali que não estava bom no campo e pior ainda fora. E era natural, não era algo que a gente combinava ‘não fala nada disso’. Eu não me recordo de ter tocado no assunto ou ter algo falado.”
A estratégia não deu muito certo, já que o Flamengo terminou o Campeonato Brasileiro na 14ª posição com 44 pontos, apenas dois a mais que o primeiro rebaixado Vitória. Já Diogo não conseguiu se firmar no time rubro-negro e retornou para seu clube após fim do empréstimo. Mas ele dá a entender que o cenário influenciou no seu futebol.
“Ao mesmo tempo que foi muito legal jogar no Flamengo, mas foi um ano que teve troca de treinador, caso Bruno. Foi um ‘combo’ aquele ano”, disse o atacante que disputou apenas 17 jogos com o Manto Sagrado.
Crise causou saída polêmica de Zico do Flamengo
Não só o vestiário do Flamengo estava com clima turbulento, mas também a diretoria. Maior ídolo da história do clube, Zico assumiu cargo de diretor executivo de futebol no dia 1º de junho, mas o caso nove dias depois dificultou seu trabalho. Diogo, que foi um dos primeiros reforços do Galinho, comentou a saída polêmica do ídolo pelo cenário.
“Eu cheguei de empréstimo do Olympiacos. O Zico foi meu treinador no Olympiacos e virou dirigente do Flamengo com a Patrícia Amorim e então teve esse convite. Eu não pensei nem duas vezes, a negociação deu certo e fui para o Flamengo. Mas o ano foi realmente muito difícil, até o Zico saiu de uma forma polêmica.”
O momento potencializou as crises do clube, que sempre eram relacionadas ao caso de Bruno na imprensa, muito também pela decisão da diretoria de se calar. Zico foi questionado pela suas contratações e acusado de “terceirizar” a base do clube para favorecer acordos do CFZ. Ele desmentiu as acusações, mas optou por deixar o clube por entender que guerra política ia atrapalhar ainda mais.
Sua gestão no futebol durou cerca de dois meses e é o motivo do eterno Camisa 10 afirmar que nunca mais trabalhará como membro da diretoria rubro-negra.
Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.