Desculpa eu atirar meu papel tão cedo, é que seu time joga gostoso demais


Tudo começou com o que só pode ser descrito como uma ejaculação precoce de papel picado. As coisas haviam sido posicionadas pra comemorar uma futura classificação, a galera não entendeu direito, o torcedor é mesmo meio impaciente, na lista dizia 50kg mas a pessoa chegou na papelaria e pediu 5 toneladas. O resultado foi puro caos, um campo totalmente encoberto, e o Brasil acompanhando a jornada inglória de dois tios com soprador de jardim e um idoso com vassoura contra 40 mil máquinas humanas de atirar besteira no gramado.
E ainda que você possa creditar essa situação toda a uma certa desinteligência, algum grau de desorganização ou mesmo presunção da torcida colorada que quis comemorar antes da hora, a verdade é que, o cidadão que foi ao Beira-Rio teve sim razão de comemorar, de gritar, de atirar papel picado antes do jogo começar. Porque se você estava lá e não queria ver uma vitória do Flamengo, seus motivos pra sorrir acabaram na hora que a bola começou a rolar.
Porque o que se viu em campo não foi nem uma aula, mas um verdadeiro curso de pós-graduação do Flamengo em termos de domínio absoluto de jogo, daqueles que só conseguiria acompanhar alguém que já cursou ao menos uma graduação em superioridade absurda diante do adversário ou um curso técnico bem forte de esculacho na casa alheia, com cerca de 40 horas de crédito em desorientar time dos outros.
A formação escolhida por Filipe Luís, novamente com Saul, Jorginho e Arrasca dominando o meio de campo é dessas coisas que meses atrás a gente não imaginaria (“quem é Saul, irmão? eu falando de Flamengo e tu com papo de seriado?”) mas que hoje só de olhar a gente já sabe que vai render um bom funk. Jorginho é absurdamente diferenciado, Arrascaeta está no panteão das lendas rubro-negras, e Saul Niguez aparentemente é o irmão perdido deles, desfilando com o manto como se não tivesse nascido em Elche, na província de Alicante na Espanha, mas sim na Rua Elche, perto do Vianense Piam em Belford Roxo.
No ataque, mais uma vez, vivemos a situação do open bar de alegria. Plata começou como titular e escorou pro inesgotável Arrasca abrir o placar, correto? Mas se você prefere outros atacantes, no segundo tempo tem Luiz Araújo cruzando pra Pedro ampliar, porque estamos vivendo numa época em que no banco do Flamengo estão jogadores que seriam titulares nos outros 19 clubes da Série A e também em outros times mundo afora.
Sobre a nossa defesa é complicado falar com palavras algo que Carlo Ancelotti já não tenha dito com atitudes: jogador do setor defensivo do Flamengo que não está convocado pra seleção brasileira é porque ou não é brasileiro ou vai ser chamado na próxima convocação. Os dois Leos são absurdos, Alex Sandro é seleção e Varela, que já foi o elo fraco, vem subindo de produção e mostrando que quer sim brigar pra ser titular desse time. Não fica melhor do que isso.
E temos então um Flamengo que não apenas passa pras quartas da Libertadores equanto lidera o Brasileiro, mas faz isso com tranquilidade, superioridade e a sensação de que ainda tem mais a evoluir, com os reforços mais entrosados e o retorno de lesionados importantes, como De la Cruz e Pulgar. Eles podem sim ter jogado o papel picado antes da partida, mas quem sabe seja a gente que, no final do ano, vai ter uma festa ainda maior pra fazer.














