João Luis Jr: Demitir Sampaoli pode até ser desespero, mas mantê-lo seria burrice
Pode-se dizer muitas coisas sobre a gestão Landim/Braz. É fácil dizer que não existe planejamento. Não precisa de muita análise pra afirmar que qualquer traço de profissionalismo foi abandonado faz tempo. É óbvio pra qualquer um que ninguém ali entende nada de futebol.
Mas uma coisa que não se pode dizer é que eles não são criativos. Afinal, temos demissão de técnico campeão da Libertadores pra contratar treinador que nunca tinha ganho nada no Brasil. Temos janela de transferências dedicada toda a tentar contratar jogadores que obviamente não viriam. E agora estamos prestes a viver essa emoção que é “disputar final de Copa do Brasil com um técnico em quem absolutamente ninguém confia”.
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Porque não exige muito esforço reconhecer que Sampaoli está apenas cumprindo aviso prévio no Flamengo. Se o trabalho começou irregular e então se tornou ruim, após a situação de Pedro com o preparador físico, as coisas foram para o ralo. É visível que os jogadores não confiam no treinador, que a equipe não evolui e parece até mesmo piorar a cada semana de treinamento.
Somando a isso a dissociação total de Sampaoli nas entrevistas, vendo méritos em partidas horríveis e se comportando como se tivesse chegado no Flamengo 4 dias e não 4 meses atrás, e você tem um cenário em que as chances de evolução do time nas mãos dele são praticamente zero.
Afinal, se as coisas não andavam quando o clima era relativamente bom, por que elas andariam agora, com um técnico semi-demitido, uma equipe desconectada e Arrascaeta machucado?
Sampaoli, um erro de planejamento
Mas se a demissão de Sampaoli parece ser uma decisão óbvia – e o clima de desespero é tão intenso que qualquer um se torna solução, desde um Filipe Luis que nem poderia assumir o cargo até um Rogério Ceni que não deixou boas lembranças – é preciso lembrar, mais uma vez, a escalada de decisões que levou a essa situação lamentável.
Porque o fracasso de 2023, com seis títulos perdidos, um Brasileirão cada vez mais fora de cogitação e uma final de Copa do Brasil onde não temos favoritismo algum, não é fruto do acaso, do azar, não é uma praga lançada sobre a torcida do Flamengo após invadirmos uma tumba no Egito ou abrir um livro numa cabine perto de um lago.
Tudo de lamentável que está acontecendo em 2023 é fruto da falta de profissionalismo, inteligência e capacidade da dupla Rodolfo Landim e Marcos Braz. A prepotência e empáfia do duo transformou o Flamengo. De uma equipe que era tema de debates sobre “hegemonia” àquela que foi eliminada pelo Olímpia do Paraguai com três gols de cabeça.
Vale descontar nos jogadores fora de campo?
E por mais que não falte culpa para todo mundo no Flamengo, desde jogadores até preparadores físicos, é preciso ter a consciência de que não é a presença do Arrascaeta em programa de televisão ou o Gabigol fazendo aniversário o grande problema do Flamengo hoje.
Isso porque num futebol sem comando, numa gestão que não entende nada do que está fazendo, a surpresa é alguém ainda aparecer num treino, alguém ainda correr num jogo e não temos jogador cheirando loló no Calçadão de Copacabana quarta-feira dez da manhã.
Porque parece faltar compromisso de alguns jogadores, é evidente que falta capacidade da comissão técnica, mas tudo isso começa com a falta de competência da diretoria e do departamento de futebol, que não controlam o elenco, não sabem escolher treinador, e jogaram no lixo uma temporada que poderia ser histórica.
E agora o que sobra é apenas isso: viver o desespero e torcer para que parem de insistir na burrice.