Nunca antes, na história do futebol brasileiro, uma diretoria se planejou tão bem para jogar uma temporada no lixo quanto a do Flamengo em 2023.
Foi demissão de técnico campeão, foi contratação de português achado na rua, foi manter no comando treinador cujo preparador físico agrediu jogador. As peças necessárias não foram contratadas. Chegaram jogadores que nem estão entrando em campo. O homem que deveria trabalhar em tempo integral pelo futebol do Flamengo não apenas tem outro emprego, na política, como ainda mantém um perigoso hobby de sommelier de virilha de torcedor.
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Tudo que poderia ser feito de possível e imaginável para que o Flamengo chegasse ao final do ano sem brigar por absolutamente nada, remoendo apenas as inúmeras vergonhas da temporada, foi feito. Todo tipo de burrice, negligência, estupidez, incompetência e papo de maluco que poderia ser praticado, foi praticado, inúmeras vezes, sem medo e sem hesitação.
E, apesar de tudo isso, o Flamengo está terminando a 34ª rodada do Brasileirão, faltando quatro jogos para o final do torneio. Ainda com chances reais de levantar a sua nona taça de campeão brasileiro.
Tite virou a chave do Flamengo
O que se deve muito, é claro, a Tite. Primeiro ser humano mentalmente estável a treinar a equipe desde a saída de Dorival Junior, já que Vítor Pereira mal saiu do reino monera e Jorge Sampaoli não passaria em nenhum psicotécnico, Adenor recebeu um Flamengo absolutamente perdido e desenganado. E, estabelecendo a meta realista de apenas colocar a equipe no G4, conseguiu apresentar um time que, mesmo longe da perfeição, se mostra minimamente organizado e disposto.
Mas essa mudança se deve, obviamente, também ao time do Flamengo. Um grupo que durante o ano de 2023 recebeu críticas, questionamentos, e que encarou as mais diversas acusações, desde indolência até a possibilidade de que estivessem escolhendo em quais jogos correr.
Entretanto, mostrou mais uma vez que, apesar das carências, tem jogadores tão acima da média, tão diferenciados, que são capazes de colocar de volta na briga pelo título um clube cuja própria diretoria se planejou parar perder tudo.
O sonho pode se tornar realidade?
O cenário numa possível busca pelo Eneacampeonato brasileiro obviamente não é fácil. Estamos dois pontos atrás do Palmeiras, um ponto atrás do Botafogo, e temos menos vitórias e o pior saldo de gols dos três. A tabela da equipe paulista não é das mais complicadas e não podemos descartar nossos rivais alvinegros, apesar da fase terrível. Assim como Grêmio e Bragantino também seguem na briga.
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Mas o simples fato do Flamengo, diante de todo o caos e absurdo que foi essa temporada, diante da incompetência e amadorismo da sua diretoria, ainda estar brigando por um título em 2023, mostra a qualidade de jogadores como Arrascaeta, Pulgar, Gerson e Rossi, além da mudança gerada pela chegada de Tite.
E acima de tudo nos faz pensar no quão boa pode ser a temporada que vem, se tivermos um mínimo de planejamento, um básico de organização, um fiapinho de bom senso.
Porém, vamos deixar o ano que vem para o ano que vem. Já que 2023 ainda não acabou e, ao contrário do que parecia até bem pouco tempo atrás, talvez a gente ainda tenha, sim, mais algum sonho para sonhar. Afinal, eles estão deixando.
