Da TV à Internet: O futuro das transmissões esportivas

01/11/2015, 11:44
 

Por Thauan Rocha e Jason Brazil| Twitter @Thauan_R,  @flaimparcial  e @JasonCRF Facebook: Flamenguista Imparcial

Recentemente saiu uma notícia dizendo que a Copa do Rei será transmitida via youtube e isso gerou um debate na redação do MRN. Então resolvemos trazer para vocês a nossa visão de como achamos que o mercado deve se comportar no futuro e como o Flamengo pode aproveitar isso.

É importante antes analisar o comportamento do público de forma geral, que vem mudando sua principal forma de consumir conteúdo. Muitos já usam Facebook/Twitter para se informar e interagir com outras pessoas, além de consumir muito entretenimento via YouTube. O consumo de vídeos online atualmente já pode ser comparado ao da TV. Pensando nisso, recentemente foi lançado o serviço YouTube Red que vai produzir conteúdo pros assinantes e dar outras vantagens. Provavelmente foi lançado também graças ao sucesso da Netflix e de aplicativos como adblock.

Netflix que demonstra ser um sucesso, mesmo ainda tendo como crescer muito mais ao redor do mundo. São 53 milhões de inscritos até 15 de outubro de 2014, sendo 72% estadunidenses, uma arrecadação de R$ 6,26 bilhões e já começaram a avançar bastante em produção de séries próprias, incluindo uma brasileira. 

Nesse novo cenário de conteúdos online, muitos jovens já deixam de usar a televisão para entretenimento, usam de forma exclusiva a internet ou apenas ligam a tv para ver algum programa específico. Eu (Thauan), por exemplo, ainda uso a televisão para ver os jogos do Mengão ou alguns filmes e séries, mas já penso em alguma forma de trocar de vez a tv pela Netflix e similares (paga ‘nois’, Netflix). Para isso, eu preciso ter acesso a transmissão de qualidade dos jogos via internet.

Como já foi citado, a Copa do Rei (ESP) será transmitida via YouTube com custo de R$ 84 pelo campeonato, sem incluir a final. É um preço justo, já que é pelo campeonato quase todo e ainda é preciso considerar a atual desvalorização do Real. Já a NFL transmitiu um jogo de graça via streaming como teste e ainda vai transmitir outro neste ano, mas não é a primeira vez que ocorre. Aqui no Brasil quem faz isso é o EI, que cobra R$ 10,00/mês e dá acesso a jogos da NFL, Champions League e série C e D do brasileirão. A Globo até tenta fazer algo do tipo, mas ainda é preciso ter um contrato com operadora de tv para ter acesso a esses serviços.

Vendo essa tendência pro entretenimento de uma forma geral, é preciso começar a desenvolver projetos assim no Brasil. Vemos a Primeira Liga como um potencial campo de testes, já que ainda não está amarrada a nenhuma emissora. Vejam bem, hoje a NET cobra R$64,00/mês para ter direito ao Brasileirão e o Carioca, além ter que pagar pelo pacote mínimo de tv que pode nem ser aproveitado direito. Mas no streaming poderia ter um serviço mais específico e mais barato, já que não teria a operadora para lucrar. Então o modelo seria assim:

  • R$15,00/mês para ter direito aos jogos do seu time;
  • R$60,00/mês para ter acesso aos jogos de todos os times;
  • Campeonatos avulsos e/ou amistosos, como o Super Series, ou a atual forma que a Primeira Liga será disputada, teriam preços fixados para compra de toda competição/jogo.

Por não sabermos exatamente como funcionam os gastos das transmissões, não nos atrevemos a colocar preços mais ousados, porém cremos que seria mais barato que o modelo atual até por poder contratar um serviço especifico para cada pessoa. Com isso também haveriam mudanças na situação dos clubes, que receberiam da seguinte forma:

  • Cada clube receberia uma porcentagem da mensalidade do pacote exclusivo que seu torcedor comprou;
  • O pacote do campeonato iria render aos clubes de acordo com a audiência dos jogos;
  • Os campeonatos avulsos/amistosos teriam renda dividida com base na audiência;
  • Amistosos teriam renda já fixada no contrato.

Só que nem tudo são flores. Um projeto assim precisaria ser feito para daqui uns 3 anos, pois temos alguns problemas para enfrentar.

  • Os clubes ainda possuem contratos de tv assinados com a Globo até 2018 e a emissora busca uma renovação até 2020;
  • A banda larga média no Brasil ainda é muito baixa, mas acreditamos que, até o início de um projeto desse, a situação no Brasil (em relação a atual) já teria melhorado bastante;
  • As atuais empresas de streaming não parecem ter força para arcar com todos os custos, mas em pouco tempo imaginamos que tenham, já que possuem atuação mundial;
  • Uma das vantagens disso seria o fato de se libertar da Globo, mas a mesma tem força pra começar a fazer esse tipo de transmissão, basta saber se os contratos atuais e a visão de mercado dos diretores permitiriam que ela entrasse num projeto desse.

Imagem: Netflix é apenas umas das várias empresas que possuem serviços de streaming.

Agora ampliando esse projeto para além do futebol, conseguiríamos abrir um leque de possibilidades. Muitos torcedores têm vontade de acompanhar mais os demais esportes rubro-negros além do futebol profissional e basquete. Uma solução seria usar exatamente esse canal em plataforma streaming. Estamos o tempo todo conectados, sendo assim, já devemos saber que é muito importante ter um canal de divulgação do Flamengo na plataforma digital.

Netflix, Youtube, Now, Vivo Play, Globo Play são exemplos de plataformas streaming e acreditamos que a maioria aqui é assinante de algum desses. Por que o Flamengo não poderia criar um canal em uma plataforma dessas para a transmissão dos jogos e competições dos esportes olímpicos e das categorias de base do futebol? Se não existir algum empecilho legal nisso em relação ao contato de Broadcasting (Direitos de transmissão) com a Rede Globo, claro. Em caso de transmissão de outros esportes deveria ser cobrado um adicional. Por exemplo, o que seria cobrado para transmitir jogos da base seria muito mais para cobrir os custos, já pra ter acesso ao NBB seria mais caro.

Além da transmissão de jogos, o canal poderia ser um grande produtor de conteúdo do clube para seus assinantes. Mesas de debate, programas que falam de momentos de glórias, fazendo acordos para dar espaço a projetos de terceiros que envolvam o Flamengo, cobertura dos treinamentos das equipes, programa que fala de torcedores ilustres, conheça as dependências da Gávea, torcedores Brasil à fora, relacionamento com patrocinadores. Enfim, existem campos de abordagens gigantescos, possibilidades de produção de conteúdos relevantes para o torcedor. O lucro nesse caso iria vir de propagandas feitas nos programas e mensalidade (bem barata quando inclusa no pacote).

Muitos devem pensar: Já pago ST, ingresso, produtos oficiais, entre outros e vocês ainda querem empurrar mais um gasto? Não, não queremos empurrar nada, o programa de ST se tornaria mais atrativo se tivesse acesso incluso a partir de uma categoria X e um desconto para as categorias inferiores na compra desses pacotes. Para quem não é ST, a tática pode ser a de pagar o valor cheio da assinatura, ou não ter acesso a certos conteúdos, no intuito de forçar uma adesão ao Programa Nação Rubro-negra, o que não nos agrada.

 

Há boatos de que Netflix e Flamengo estão negociando alguma coisa, não se sabe se é uma parceria, um patrocínio, seja lá o que for e se for mesmo, é uma baita plataforma para se trabalhar. O streaming está em constante crescimento e o povo brasileiro parece que gostou da plataforma. Por que não colocar em prática um canal?

 

SRN

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Jason Brazil e Thauan Rocha escrevem nos blogs Urubusiness e Flamenguista Imparcial, respectivamente, da Plataforma MRN Blogs.

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