Depois da última vitória em uma final de Copa São Paulo, em 2011, o Flamengo teve claras dificuldades para encontrar uma base vitoriosa. O acumulo de eliminações e frustações acabou despertando uma desconfiança na torcida, principalmente pela forma como o trabalho nessas categorias é feito. Naturalmente, a safra de 2016 demorou a ganhar a confiança da Nação, porém, com o passar do tempo, o potencial de cada jogador se fez presente e o Mais Querido conseguiu voltar a brilhar.
No início da Copinha, a expectativa do próprio Flamengo era de melhorar a campanha do último ano, mas seguir apenas até a quarta fase, já que conhecia suas limitações. Sem ser pessimista e com um pensamento realista, o que a comissão técnica enxergava era exatamente a necessidade de um processo maior, com mais trabalho e, mais para frente, uma integração com o profissional, como é a ideia de Muricy.
A nova geração perdeu peças importantes do elenco – como Douglas Baggio, Thiago Santos, Jajá e Rafael Dumas –, mas contou com aqueles que já esperavam por uma chance de brilhar desde que chegaram. Felipe Vizeu, Paquetá, Matheus Sávio e companhia não faziam parte de um time considerado como favorito. Entretanto, foi impossível não ver que, à medida que os jogos foram passando, apenas vitórias entravam no currículo e a solidez do grupo começou a pesar.
Esses meninos adoram estar juntos, trabalhar e treinar, e o investimento foi nesse ponto. A coletividade numa competição curta é importante, e é fundamental que o grupo viva de forma harmônica. Eles foram maravilhosos, não tiveram reclamações nem problemas. É uma equipe que realmente gostar de estar junta – Zé Ricardo.
A campanha invicta dos garotos do Ninho, que teve cobertura completa no Mundo Rubro Negro, não pode ser ignorada. De desacreditados, os rubro-negros passaram para surpresas, potências, finalistas e, finalmente, campeões. Acima de tudo que foi jogado, há o trabalho fundamental de Zé Ricardo. O treinador chegou ao Sub20 Flamengo no fim de 2014 vindo do vitorioso Sub15, pegou um time sem vontade e, aos poucos e sem holofotes, construiu um elenco seguro e capacitado. Sobre o técnico, Paquetá disse: “Compramos a ideia do nosso treinador, o Zé Ricardo, que era vir com bastante humildade e pés no chão. Fomos passando fase a fase e chegamos à final e conseguimos chegar ao título”.
Quando a euforia pela conquista passar, os meninos, além de se prepararem para o resto dos campeonatos da temporada, ainda viverão uma fase de expectativa, já que Muricy Ramalho assistiu todos os jogos da Copinha e declarou que deve chamar mais ou menos cinco jogadores para compor o elenco.
Estamos apenas começando uma temporada. Logicamente que um título desse pode credenciar garotos ao time profissional, mas acredito que eles ainda têm etapas a cumprir. Essa transição é a mais complicada. Acho que o Flamengo já sofreu com transições equivocadas, já aprendeu bastante com isso lá atrás e vai ter oportunidade para fazer isso no momento certo – Zé Ricardo.
Preparados para o profissional? Os garotos do Ninho garantem que, assim que receberem o chamado, estão prontos. "Claro que estou preparado. Se o Muricy quiser me aproveitar estarei preparado", disse Ronaldo após a partida. Trindade também acrescentou “A gente fez bem a nossa parte. Agora é com eles. Eles vão decidir o que é melhor para o Flamengo. E acho que a gente tá pronto, acho que a gente está bem servido na base, sim”.
O futuro das promessas é incerto, mas a equipe mostrou que tem potencial para alcançar objetivos maiores. Agora, tanto o Flamengo quando a Nação esperam que, diferente do que aconteceu em 2011, o clube consiga realmente aproveitar essas peças e, quem sabe, formar a próxima geração vitoriosa que foi formada pelo Mais Querido.