Luiz Filho | Twitter @lavfilho
Nas últimas semanas conversei com interessados no assunto Centro de Treinamento, ouvi coisas que tentarei desenvolver no post. O tema “está na moda”, porque “CT é obrigação!”, mas qual a capacidade de construção do Flamengo? Outra questão que se sobrepõe é o desejo do clube, além de sua necessidade. O que o clube deseja em um CT? Fato é a urgência, a necessidade de uma melhor utilização do Flamengo pelo seu centro de treinamento, mas o quanto disso é imagem (carrinho, matagal, lama...), o quanto disso é realidade? Só indo no CT (ou ouvindo quem já foi lá) para ter uma noção da situação atual, não dá pra ter essa noção só com o visual (jornais e TV).
Basicamente um centro de treinamento de alto nível no Brasil se divide em dois tipos, um de academia de excelência ou de hotelaria de excelência. O que precisamos? Para onde caminharemos? Repito, o que o clube deseja? Nós, torcedores, queremos tudo “pra ontem” e a estrutura mais completa possível. Os dois caminhos apontados desembocam num terceiro, mais completo: uma Academia moderníssima (o clube tem ótimos equipamentos, acordo com uma empresa de equipamentos, pode e deve ampliar o espaço); um CT com Hotelaria de ponta, pensando no conforto, recuperação, bem-estar, no trabalho mental, preparação durante a semana, relação alimentação/descanso, etc. Nisso o clube peca; por último, em um Centro de excelência, recuperação, atletas, preparação individualizada, mínimos detalhes (já existe na Gávea para os esportes olímpicos, funcionamento recente, o CUIDAR - Centro Unificado de Identificação e Desenvolvimento de Atletas de Rendimento). Ideal.
Contextualizando, temos o caso do Fluminense, que tem o CT da base na Baixada fluminense e treina com os profissionais nas Laranjeiras, em condições precárias. Sobre o profissional, nada a declarar, mas sobre a base, o irmão do Vinícius Norske tocou numa questão sobre a qual, confesso nunca ter pensado. Um dos motivos da captação de jogadores para a base em Laranjeiras pode ser Xerém, a pode ser a localização do CT. A baixada é uma região de grande densidade populacional e distante tanto da Gávea quanto do Ninho do Urubu, em Vargem Grande. Distante das Laranjeiras, também.
Com esta perspectiva, o Flamengo poderia “cobrar o terreno que a prefeitura lhe deve” para a construção de um CT para a base. Mas não na barra da Tijuca e adjacências, o lugar “perfeito” seria na região de Campo Grande/Bangu/Santa Cruz. Essa região tem grande densidade populacional, a maior da cidade do Rio de Janeiro e proporcionalmente tem, por pesquisas de opinião, 54% de torcedores do Flamengo. Uma das maiores percentagens do estado. Além disso, um terreno em Campo Grande, perto da avenida Brasil é muito mais barato que na região da Barra.
O clube tem parcerias com o Nova Iguaçu na baixada e com o CFZ na Barra da Tijuca e atenderia a estas regiões. Na Zona Oeste (mais densa e distante do Ninho) não existe este tipo de convênio. Penso que o Flamengo ganharia com o “novo CT”, mesmo que haja espaço para o CT da base no Ninho do Urubu, mas penso que o Flamengo poderia usar este terreno como centro de captação de jogadores. É só uma ideia, com custos, contudo poderia se pagar no futuro...
O que existe de concreto é o CT, com projetos de captação de parceiros. É necessário acelerar a construção ou reprojetar, criar um modelo novo que possa garantir uma construção mais rápida e eficaz. A construção deve ser escalonada por módulos, como já ocorre. Me pergunto sobre o projeto, que não é novo: ele é atual ou já ficou obsoleto? Existem técnicas mais modernas e baratas? Não sei. Nunca fui. Vou tentar apresentar algumas ideias e modelos existentes.
Normalmente se escolhe em estruturas de concreto, por tradição arquitetônica, como já explicou o Neo em comentários no Buteco do Flamengo. Foi uma época única da arquitetura contemporânea brasileira, reconhecida internacionalmente, mas seria o ideal para o que o Flamengo deseja? Pela segurança, por fatores que expliquei acima, o concreto armado ou o pré-moldado, são sim opções boas para a construção do CT. Mas não são as únicas.
No meio do caminho, existem estruturas em módulos pré-moldados e aço, que poderiam agilizar o processo de término do CT, desde que se modifique o projeto. O exemplo do CT que foi construído para a Alemanha na disputa da copa do mundo, ano passado é bacana. Pequenas vilas, onde os atletas se instalavam em módulos para 6 pessoas, casas pequenas, porém com boa estrutura. Sem mimo.
Vejo como ideal, para este momento do clube, de forma transitória, que sustente por 10, 15 anos, uma vila de casas baseadas em
contêineres. Sim, contêineres! É uma estrutura um pouco mais leve, móvel, moldável de acordo com suas necessidades. E sim, muito bonita! Vi exemplos na internet que são inacreditáveis para nós que estamos acostumados com concreto. Tais estruturas já são utilizadas na Europa, nos EUA e um pouco no Brasil. Mas bem pouco.
Talvez esse seja o melhor caminho para que o Flamengo, reprojetando sua estrutura, consiga construir um CT o mais rápido possível. Obviamente se faz necessária a obtenção de verba para tal. Essa estrutura durando 10 anos seria tempo suficiente para que o clube consiga dinheiro para pensar em algo definitivo lá na frente, com um caixa bem mais folgado, e com administrações responsáveis, espero. Melhor o pé no chão, do que uma interminável megalomania oba-obística, onde o Flamengo pode tudo e se ferra por isso. É preciso também vontade política e responsabilidade com o condutor do patrimônio do clube e dos projetos. Que eles sejam tocados, para que o Flamengo seja
maior a cada dia, dentro e fora de campo. E vamos, Flamengo!
Veja abaixo o vídeo de uma construção em time lapse de edificações resistentes, rápidas e amigáveis ao meio ambiente.
https://www.youtube.com/watch?v=Hdpf-MQM9vY