O time do Flamengo vinha de uma goleada em cima do frágil e quase rebaixado Goiás pelo Campeonato Brasileiro e de um amistoso vergonho contra o Orlando City no aniversário de 120 anos do clube. A expectativa de enfrentar o Santos na Vila, onde brinca de golear adversários, não era das melhores, mas a suspensão de Lucas Lima pelo 3° amarelo deu alguma esperança aos rubro-negros, assim como a convocação de Ricardo Oliveira pela seleção.
Ao contrário de Ricardo Oliveira, que não jogou terça, Guerrero atuou os 90 minutos contra o Brasil e, pelo desgaste, foi poupado pela comissão técnica mesmo tendo pedido para jogar. Ederson, recuperado de lesão, também ficaria no banco e poderia jogar no 2° tempo, assim como no amistoso.
O Flamengo começou com Paulo Victor – Pará, César Martins, Wallace, Jorge – Jonas, Márcio Araújo – Gabriel, Alan Patrick, Emerson – Kayke
Antes do início do jogo Dorival fez uma análise da equipe e do que esperava do jogo, onde basicamente dizia que ambos os times atacariam com muita velocidade, explorando os lados do campo e deixando as defesas abertas.
E, o que se viu no 1° tempo, foi de fato um Santos muito espaçado que tinha problemas para encontrar espaços na defesa rubro-negra, que mantinha seus dois volantes mais presos à frente da zaga. Sem Lucas Lima e com Zeca bem seguro por Pará, que quase não subia, o Flamengo mesmo cedendo bastante a posse de bola não foi tão ameaçado e, nas poucas vezes que o Santos chegou, Paulo Victor defendeu sem maiores problemas. Além disso, via-se certo desequilíbrio emocional do time paulista, talvez muito mais preocupados com a Copa do Brasil ou ainda achando-se garantidos na Libertadores por estarem no G4.
Já o Flamengo, apesar de espaçado, conseguia chegar com mais perigo a área do adversário, Gabriel fazia excelente partida sendo opção de contra-ataque rápido, porém inteligente, sempre dando uma segurada para esperar os companheiros chegarem a área. O problema foi a grande noite de Vanderlei, que fez ótimas defesas nas poucas bolas que tomaram a direção do gol, já que o problema das finalizações pra fora continuaram graves, Kayke mesmo perdeu muitas chances.
Outro grave problema do 1° tempo foi o desequilíbrio entre os lados do campo. Enquanto na esquerda Jorge subia bastante apoiando com qualidade, Alan Patrick encostava pra dar opção e, às vezes, Márcio Araújo subia por ali, dando todos estes muitas opções para Sheik, que em péssimo dia desperdiçou muitos ataques, no setor direto do campo Gabriel ficava muito isolado, sempre com mais de um na marcação, não raramente três, já que Pará pouco subia e Jonas ficava plantado, Alan Patrick deveria se mover mais de um lado a outro, mas raramente aparece no setor direito, então muitas vezes Kayke recuava para dar opção a Gabriel, saindo da zona onde poderia fazer os gols que se espera dele.
O Flamengo foi pro intervalo com uma defesa sólida e um ataque mais perigoso, apesar de pouco efetivo. Oswaldo tinha indicado que voltaria com Guerrero, mas acabou voltando com os mesmos que começaram o jogo. O Santos também não fez alterações, mas voltou com outro espírito para o jogo, querendo buscar um resultado positivo.
Com o Santos indo mais pra cima, pressionando, o Flamengo ficou cauteloso e os ataques já não fluíam mesmo com os volantes subindo mais. O desgaste físico era evidente, Sheik e Alan Patrick mal pareciam estar jogando, Kayke muito isolado e sem receber bolas, ou seja, era o momento de Oswaldo mexer no time pra recuperar a velocidade e o volume de ataque, mas o que ele fez foi seguir a cartilha e trocar Kayke por Guerrero aos 13 minutos.
Com dois volantes limitados com as bolas nos pés, pontas isolados e cansados, Alan Patrick apático e sumido, obviamente Guerrero não conseguiu fazer boa partida, assim como Kayke só recebia bolas quando recuava pro meio de campo. E, como se já não bastasse o ímpeto santista e o cansaço do time rubro-negro, Oswaldo resolveu aumentar a “emoção” do jogo ao colocar Ayrton no lugar de Pará, que sentiu lesão e pediu pra ser substituído, quando poderia ter posto Luiz Antônio para dar mais dinâmica na frente sem perder poder de marcação. No mesmo momento, aos 22 minutos do 2° tempo, Dorival colocou Neto Berola para jogar em cima da avenida Ayrton.
O jogo se inverteu por completo, se no 1° tempo o Flamengo dominava com seu Gabriel, no 2° tempo o jogo foi do Santos e seu próprio Gabriel, que cresceram com as substituições de Oswaldo e a queda do Flamengo, principalmente pelo desgaste físico. Aos 33 Oswaldo gastou a última substituição para expor mais a defesa sem ajudar o ataque, colocando Canteros no lugar de Jonas ao invés de Éverton ou Ederson que poderiam acrescentar mais intensidade no ataque.
A pressão santista fez Paulo Victor aparecer bem no jogo, espero que tenha ganhado moral para continuar crescendo, mas também deixou espaços atrás que conseguiram ser aproveitados principalmente com lançamentos de Jonas e Canteros ou puxadas de contra-ataque de Gabriel, que ganhou um parceiro com Ayrton. Novamente o problema continuou sendo as péssimas conclusões, que facilitaram as boas defesas de Vanderlei, como os chutes de Canteros, Sheik e Guerrero em cima do goleiro adversário.
O empate foi justo já que cada equipe dominou um tempo de jogo, mas o placar merecia alguns gols. Os problemas do Flamengo, que estão aí durante toda a temporada, novamente deixam como lição a necessidade de se trocar todo o comando do time que joga sem pressão (cobrança por resultados), sem direcionamento técnico adequado (Oswaldo não tem leitura de jogo, não varia o esquema, muito menos corrige as falhas técnicas como a péssima finalização do time), sem uma preparação física ao menos razoável, além de deixar notória a necessidade de reformulação do elenco a começar pela não renovação de nenhum jogador que está com contrato encerrando.
Saudações Rubro-Negras