Casamento só na alegria: novos detalhes do contrato Flamengo - BRB
Na reunião que aprovou os três novos contratos do BRB com o Flamengo, o presidente Rodolfo Landim garantiu ao Conselho Deliberativo que, após nove meses de negociação, os Departamentos Jurídico, Financeiro e de Marketing do clube conseguiram celebrar um “casamento só na alegria” com o banco.
Landim comparou a parceria iniciada em 2020 entre Flamengo e BRB a um casamento, só que casamento seria “na alegria e na tristeza”. E o Flamengo, ao renovar o contrato para regular a criação do banco Nação BRB Fla, queria um casamento só na alegria. Ou seja, dividir os possíveis lucros do novo banco, mas sem participar de eventuais prejuízos.
Desta forma, ao contrário da intenção inicial após a aprovação da criação do novo banco pelo Banco Central em janeiro de 2023, que era criar uma sociedade meio a meio entre Flamengo e BRB, o Flamengo não será sócio do banco Nação BRB Fla, mas vai receber 45% de todos os lucros da instituição nos próximos 20 anos. O clube ainda colocou no contrato uma cláusula que prevê que o BRB é obrigado a ressarcir o Flamengo por qualquer decisão judicial que tente corresponsabilizar o clube por prejuízos sofridos pelos cliente do Nação BRB.
Caso o Nação BRB Fla tenha prejuízo, como acontece hoje, o Flamengo não receberá nada, mas também não pagará nada. Mas se o banco começar a der grande lucro e houver a perspectiva de uma venda milionária para outra instituição, o contrato dá ao Flamengo uma opção de compra que pode ser exercida a qualquer momento dos 20 anos de contrato por apenas R$ 100. Neste caso, o Flamengo passaria a ser dono do Nação BRB Fla e receberia todo o valor da venda.
O contrato ainda prevê que o Flamengo tem poder de veto em qualquer decisão de venda a outro grupo feita pelo BRB. O diretor de Marketing, Marcos Senna, citou como um exemplo extremo o BRB querer vender o banco para a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, dona da Crefisa. Neste caso, bastaria um voto negativo do Flamengo no Comitê de Gestão para barrar a tratativa.
O Flamengo também tem poder de veto a qualquer alteração no contrato entre Nação BRB Fla e BRB, que determina quanto o novo banco pagará ao BRB pelo uso de sua infraestrutura – valor que atualmente é de R$ 2,40 por cliente. Isso impedirá o Nação BRB Fla de inflar esse valor e destinar a maior parte dos seus lucros ao BRB e não ao Flamengo.
Embora o contrato seja de 20 anos, ele deixa de valer automaticamente caso não seja renovado o contrato de licenciamento da marca, que também foi aprovado ontem, e só tem validade de 5 anos. Quando quer que o contrato seja encerrado, o Flamengo tem direito a receber 45% do valor da base de clientes que o Nação BRB Fla tiver no momento, o que é chamado tecnicamente de run off.
Se passar de 4,2 milhões de clientes, Flamengo vai receber mais do BRB
Como o MRN revelou na semana passada, esse contrato de uso de marca prevê o valor mínimo anual de R$ 15 milhões para o Flamengo. Esse valor é mínimo porque o contrato estabelece que o Flamengo receberá 0,30 por mês para cada cliente ativo do Nação BRB Fla. Atualmente, esse número de clientes está na casa de 3 milhões. Mas se ele chegar a cerca de 4,2 milhões, o Flamengo começa a receber acima dos R$ 15 milhões.
Além disso, o Flamengo manteve no contrato o direito de tomar empréstimos em condições vantajosas no BRB. Durante a vigência do contrato de patrocínio nos últimos três anos, o Flamengo tomou empréstimos de R$ 100 milhões no BRB a uma taxa de CDI mais 0,30%, condição considerada excelente. Atualmente, o Flamengo já saldou todos os empréstimos e não tem nenhuma dívida bancária.
Entretanto, o BRB recebeu no último ano o prêmio de melhor banco em crédito imobiliário no Brasil. E o Flamengo planeja justamente fazer uma grande operação imobiliária este ano com a aquisição de um terreno para a construção do seu estádio próprio. Teoricamente, poderia usar a linha de crédito do BRB para financiar a compra.
Além dos contratos de parceria e uso da marca, o Flamengo assinou por dois anos a renovação do patrocínio com o BRB, com aumento em relação ao que recebia da Pixbet no ano passado. A empresa de apostas pagava R$ 24 milhões pelo espaço e o BRB pagará R$ 25 milhões por temporada. Desta forma, a camisa do Flamengo passou a ter um valor total de R$ 230 milhões em patrocínios.
28 anos, jornalista formado na FACHA. Sou apaixonado pelo Flamengo e esportes em geral, mas com foco no futebol e basquete.