Com Tite é raro ter show, mas também é raro tomar gol

16/02/2024, 10:14
Tite melhora defesa do Flamengo na vitória da equipe sobre o Bangu, pelo Campeonato Carioca. Na foto: Luiz Araújo passa por adversário

Acompanhando o trabalho de Tite é fácil perceber que ele é obcecado por três coisas: equilíbrio, consistência e falar sempre de maneira absolutamente vaga e inconclusiva. 

E ainda que a terceira parte possa sim ser um pouco cansativa – o jornalista pergunta quem vai ser o titular e Tite diz que todos são titulares e todos são reservas e nada é mais titular que o trabalho e a verdadeira titularidade são os amigos que fazemos pelo caminho – são as duas primeiras que tem tido mais importância nesse começo de temporada.

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Porque não, não temos um Flamengo que dê show. Não que ninguém esperasse, num começo de Campeonato Carioca, ver uma equipe rubro-negra aplicando goleadas contundentes, humilhando adversários ou apresentando um futebol padrão 2019, aquele tempo em que você sentava pra ver o jogo sabendo que íamos ganhar, a dúvida era quão bonitos seriam os gols.

Mas temos um Flamengo organizado. Um time que sabe se defender e que raramente corre perigo. Que não pena nas bolas altas, que não tem dificuldades pra se recompor sem a bola. Sabemos quem são hoje os titulares – quer a gente concorde ou não – e temos a defesa menos vazada do Carioca, o que pode não ser um grande referencial, mas todos os outros grandes sofreram no mínimo 4 gols a mais do que nós.

E diante do que foi a temporada 2023, onde testemunhamos um Flamengo sem padrão algum, com técnicos que escondiam a escalação não apenas dos adversários como também dos próprios jogadores, resultando em eliminações bizarras em virtude de gols absurdos, é inegável a segurança que um trabalho estável com o de Tite pode oferecer.

Pedro celebra gol na vitória do Flamengo sobre o Bangu pelo Campeonato Carioca
Pedro marcou três gols. Flamengo de Tite só tomou um gol na temporada. Foto: Marcelo Cortes / Flamengo

Como ficou claro na vitória desta quinta-feira, diante do Bangu. Um jogo onde o Flamengo não esteve empolgante, não esteve eletrizante, não te fez se emocionar. Mas foi uma equipe eficiente, organizada, aproveitou as chances que foram criadas e em nenhum momento chegou a sequer correr risco de ser vazado, quanto mais de perder a partida. Um 3×0 categórico, sólido e indiscutível.

Somando a isso a bela partida de Igor Jesus – que se torna boa opção pra reserva de Pulgar diante de um Allan sempre machucado – numa noite iluminada de Pedro, que marcou três vezes, e você tem um jogo que é talvez a imagem mais clara dos benefícios do Titismo: eficiência, segurança, poder ir dormir sem tomar gol.

E ainda que a sensação seja de que ofensivamente o Flamengo, no decorrer da temporada, vai precisar de mais do que isso, já que a dificuldade dos desafios tende a ser bem maior, já é possível perceber que o Titismo, ainda que não seja exatamente o caminho da emoção, talvez seja uma rota mais pragmática, mais pé no chão e com menos gols sofridos em direção aos títulos que essa temporada precisa trazer.

Afinal, se você for analisar o futebol em suas premissas mais básicas, não tomar gol pode não ser o mais importante, mas é com certeza um ótimo começo.