Com atuação nota 6, Flamengo fica com os 3 pontos contra o Macaé
Após o empate contra o Boavista, Muricy teria os retornos de Emerson Sheik e Gabriel, além de Alan Patrick regularizado após a abertura da janela. Esperava-se uma mudança não só de postura como de disposição tática do time, mas vimos apenas as trocas de jogadores em uma vitória com atuação mediana contra um time tecnicamente fraco.
A escalação do jogo foi a mais próxima do time titular que Muricy imagina para a temporada com os retornos de Emerson e Alan Patrick: Paulo Victor – Rodinei, Wallace, Juan, Jorge – William Arão, Márcio Araújo, Alan Patrick – Marcelo Cirino, Guerrero, Emerson
De cara podemos ver uma linha de 3 atacantes “de ofício”, o que por si só não define o 4-3-3, Emerson e Cirino poderiam recuar para uma linha de meio e atuar no 4-1-4-1, porém logo nos primeiros minutos podemos ver que de fato atuavam em uma linha de ataque estando não só posicionados a frente, entrando na área, como desobrigados de recompor defensivamente acompanhando o lateral adversário.
No meio de campo o triângulo era de base alta, Márcio Araújo se posicionando entre os zagueiros, como faz desde o início do ano, enquanto Arão e Alan Patrick tinham liberdade para subir, inclusive ao mesmo tempo. Contudo, ao contrário do que foi visto nos últimos jogos, Jorge teve mais liberdade para subir e auxiliar no apoio.
Como a linha de ataque é mais pesada e não recompõe tão bem, era de se imaginar que o meio tivesse mais dinâmica e os laterais não subissem ao mesmo tempo que os meias para manter a cobertura, mas nada disso foi visto e o time estava sempre mal posicionado nos contra-ataques. Obviamente contra o Macaé isso não é um problema grave, mas o estadual precisa ser um preparatório para o Brasileiro e, portanto, o time tem que desde já apresentar uma movimentação adequada, ocupando bem os espaços e apresentando um grau mínimo de compactação.
Como podem ver há uma avenida na direita, os 2 ângulos do mesmo momento mostram que além de não haver recomposição rápida, os jogadores estavam ocupando espaços indevidos no ataque e, ao perder a bola, não tiveram velocidade para se reorganizar e nem cobertura adequada. Aliás, podemos ver 8 jogadores do Flamengo em seu campo, restando a pergunta: Onde estavam Cirino e Sheik? Reparem também em como Márcio Araújo e Alan Patrick nem correm para tentar ajudar.
Acredito que para resolver o problema Muricy precise trabalhar o 4-1-4-1 sem a bola obrigatoriamente, podendo variar para o 3-4-3 com o volante entre linhas recuando para ficar entre os zagueiros, os laterais subindo para compor a linha de 4 central e os meias abertos subindo em diagonal para formar a trinca de atacantes. Com todos sabendo que espaços ocupar o problema da cobertura tende a diminuir, o problema é que nem todos os jogadores conseguem ter visão tática ou comprometimento defensivo e aí cabe a Muricy colocá-los no banco.
Outro ponto que ficou bem claro ontem é que não dá para jogar com Arão ao lado de um meia que sobe para apoiar, pois assim como Alan Patrick, Mancuello é um meia que apoia e arma, aparecendo para chutar de fora, o que pede um meia que segure mais a posição para ajudar na cobertura, não pode ser um volante como Arão que sobe o tempo todo. Contra um time mais forte como os enfrentados no Campeonato Brasileiro ou na Liga, esse meio exposto é fatal.
Ofensivamente o panorama foi um pouco melhor neste jogo, mas atribuo muito mais a individualidades que ao jogo coletivo. Guerrero e Cirino fizeram ótima partida e deram dinâmica ao ataque, Emerson Sheik teve momentos muito bons, mas no geral jogou mal, perdendo chances por displicência, sem velocidade para recompor a defesa ou até para acompanhar os contra-ataques após os 20 do 1° tempo, passando a andar em campo e pontualmente dar um pique ou outro.
Alan Patrick fez uma partida horrorosa, apático como sempre e sem ajudar em absolutamente nada na defesa, nem quando a bola chegava no pé dele conseguia dar algum ritmo ou criar uma boa jogada. Aliás o Flamengo tem sentido falta justamente de ter no meio alguém que saiba enxergar o jogo e arriscar jogadas não óbvias, como uma inversão de jogo, um passe que desmarque um companheiro. Geralmente as jogadas não possuem amplitude, se concentram num lado ou em outro do campo e raramente se dão pelo meio.
Jorge foi tímido no 1° tempo, mas subiu muito de produção quando Éverton entrou no 2° tempo no lugar de Alan Patrick e fez uma jogada de incrível habilidade na assistência para Cirino cabecear marcando o 2° gol do Flamengo. Por outro lado, Rodinei correu muito o jogo todo, pediu a bola querendo participar, mas não adianta ser tão ativo quando não se sabe o que fazer com a bola nos pés, pois por mais que chegue com certa facilidade a linha de fundo é péssimo em cruzamentos e suas opções de passe são sempre óbvias, o que faz com que geralmente a jogada de ataque morra consigo.
Mas a “surpresa” do jogo foi novamente a boa atuação da dupla de zaga, que mesmo prejudicada pelos companheiros, atuou de modo seguro. Wallace fez boas coberturas, desarmes limpos, alguns cortes no meio de campo e, como cereja do bolo, conseguiu no fim do 1° tempo tabelar com Juan dentro da área e abrir o placar. A comemoração contida foi uma resposta a torcida que o vaiou desde o início do jogo e sem qualquer motivo.
Fechando com chave de ouro o hall dos ídolos da FlaTT, Paulo Victor fez uma ótima partida com algumas defesas difíceis que incluíram saídas do gol para cortar levantamentos na pequena área, um contra um dentro da área e saltos para cobrir jogadores entrando sozinhos na falha de marcação.
Saudações Rubro-Negras