----A última edição do já tradicional "Jogo das Estrelas", organizado por Zico no fim de ano, colocou o maior jogador da história rubro-negro ao lado de um fã declarado do Flamengo. Robinho nunca negou ser santista doente, mas tampouco esconde a admiração que tem pelo Mais Querido, notada na celebração dos gols junto à Nação nesse fim de ano. A parceria de sucesso da peleja fez do Galinho um entusiasta da ideia de ver o Rei das Pedaladas com o Manto Sagrado. Para Zico, Robinho reúne qualidades técnicas e grande carisma para envergar a camisa mais importante do clube. Eu endosso esse coro.Não pretendo me aprofundar no debate salarial. Robinho teria um dos maiores vencimentos do elenco, caso contratado fosse. Se o clube buscará uma engenharia financeira, um parceiro ou atrelará o salário do jogador a um plano de marketing especial, não me preocupa no momento. E explico o por quê.
Robinho, de fato, nunca virou o "melhor do mundo", como parte da imprensa sugeria que aconteceria, ainda em 2003. O atacante formado no Santos nunca foi um finalizador de primeira linha, e nem tampouco se desenvolveu como Ronaldinho, por exemplo, no papel de construtor de jogadas. Mas esteve muito longe de ser uma decepção. Ao longo de uma década, atuou no futebol europeu, sempre em clubes tradicionais e ambiciosos. Se não foi o protagonista que imaginávamos seria, amadureceu no galático Real Madrid; foi peça-chave na primeira etapa de construção de um Manchester City milionário e jogou duas boas temporadas pelo Milan. No meio do caminho, ainda encontrou um espacinho para voltar ao seu Santos e liderar uma geração ainda mais talentosa do que a dele, com Neymar e Ganso. Na seleção brasileira, foi o jogador mais assíduo da primeira Era Dunga. Protagonista e artilheiro máximo na Copa América de 2007, formou uma dupla muito perigosa junto a Luis Fabiano, conquistando a Copa das Confederações e jogando sua segunda Copa do Mundo. Ao todo, foram quase 100 jogos com a "amarelinha".
Hoje, aos 30 anos, parece desnorteado no Santos: salários atrasados e uma responsabilidade esportiva que parece longe do seu alcance. O clube esperava o Robinho decisivo de início de carreira; ele, no entanto, está muito mais próximo do capitão coadjuvante da geração dourada de 2010. E é justamente por isso que vale a pena acreditar no Rei das Pedaladas.
Sem o arranque de outros anos, Robinho baixou sua intensidade em campo. Aprimorou sua parte técnica - que, diga-se de passagem, é muito acima da média brasileira -, podendo ser um falso 9, sem a bola, ou o armador que Luxemburgo tem tentado desenhar com Eduardo da Silva. O jogador, que foi treinado pelo técnico rubro-negro em seus primeiros passos como profissional, poderia ocupar qualquer função ofensiva, em caso de necessidade. Tem experiência e personalidade suficiente para ser o líder de um time que carece de referências mais importantes. E teria uma chance a mais de provar que ainda tem muita lenha pra queimar no futebol.
Robinho é a melhor opção no mercado? Esportivamente, é provável que não. Mas o atacante santista certamente está entre os "pacotes" mais completos: tem talento, carisma, potencial de marketing, bagagem, respeito do treinador e, a julgar pela resposta do torcedor no jogo comemorativo, química com a Nação. Zico já abençoou o atleta. Falta lhe entregar a camisa 10.
@MRN_CRF