Chegou a hora de colocar um ponto final da tensa rivalidade entre flamenguistas e botafoguenses
Não é de hoje que diretorias de Flamengo e Botafogo trocam farpas, têm problemas e desavenças e um quê de rivalidade que fica muito além das quatro linhas. Desde o caso Arão, que recusou o pagamento de 400 mil por parte do alvinegro – valor esse que ativava renovação automática do jogador –, uma série de problemas envolvendo cartolas de ambas as equipes marcaram cada clássico a partir de então.
Houve o vídeo do Porta dos Fundos, canal do qual um dos criadores é o vice-presidente de comunicações do Flamengo Antonio Tabet, que gozava da quantidade de marcas exibidas nos uniformes dos times de futebol. A gravação contava com um duelo entre rubro-negros e alvinegros e no qual a camisa do Botafogo era o objeto para satirizar o abusivo número de patrocinadores estampados. Há um processo relacionado a isso que se arrasta, com o 4º maior campeão do estado alegando prejuízo de marca.
Ano passado, o Botafogo vendeu apenas 10% da carga de ingressos da Arena da Ilha do Governador para a torcida do Flamengo. Naquele período, o comum era 50% destinados a cada torcida no caso dos clássicos. O Flamengo devolveu na mesma moeda no embate do returno do Brasileirão.
Ainda sobre a Arena da Ilha, o Fla, fez acordo com a Portuguesa-RJ e mandará jogos na agora Ilha do Urubu por três anos. A casa do rubro-negro em 2017 é uma alternativa a falta de estádios com bom custo-benefício no Rio de Janeiro e também à negativa do Botafogo de ceder o Nilton Santos.
Nas redes sociais o clima também já foi bem quente. Um exemplo foi após a vitória do Flamengo por 2 a 1, que culminou na eliminação do Botafogo da Taça Guanabara. Um tweet do rubro-negro foi acusado prontamente pela conta botafoguense de “incitação à violência”. O Fla defendeu a paz nos estádios, mas não pediu desculpas. Em sua conta pessoal, Antonio Tabet alfinetou novamente os rivais e os acusaram de “camuflar a derrota inventando uma apologia”.
Toda essa “treta na TL” aconteceu após um torcedor alvinegro morrer em confronto entre torcidas organizadas. Esse foi o episódio que deu o tom para que as diretorias aliviassem a tensão entre elas. Passou dos bastidores. Agora faz parte das arquibancadas. No duelo de ida da semifinal da Copa do Brasil, que aconteceu na última quarta-feira (16), novos problemas. Graves problemas.
Um torcedor foi acusado de injúria racial contra a família de Vinicius Junior. Total repúdio lançado ao episódio. Além disso, 47 botafoguenses foram presos por tentativa de emboscada da facção organizada Fúria Jovem para a Raça-Fla. As custódias foram julgadas e 11 permaneceram presos. Os 36 restantes tiveram a prisão convertida em medida restritiva - estão proibidos de comparecerem em partidas e devem se apresentar na delegacia em dias de jogos. Devido a essas confusões, os dois clubes foram denunciados pelo STJD e o julgamento será na próxima sexta-feira (25), às 10h.
Nem todos estes problemas serviram de lição. Ambos voltaram a brigar por conta dos ingressos para o duelo de volta da semifinal da Copa do Brasil. O vice-presidente de administração Rafael Strauch defendeu o Fla afirmando que o Botafogo poderia ter feito o mesmo que o Flamengo no jogo de ida e comprado a carga de ingressos.
Com todo este cenário, o presidente do Flamengo Eduardo Bandeira de Mello, enfim, tomou uma atitude com o intuito de acabar com essa acintosa rivalidade e pediu trégua, que estendeu não só às diretorias, como também aos torcedores:
“O jogo é amanhã (quarta) e a gente tem que trabalhar para que as torcidas de ambos os clubes tenham condições de acesso, conforto, e que não haja nenhum tipo de violência. Gostaria de pedir que tanto os torcedores do Flamengo quanto do Botafogo procurassem chegar mais cedo ao estádio, para evitar problemas de acesso. É disputar o jogo dentro das quatro linhas. Quem se classificar parabéns, vamos em frente. E vamos deixar esse tipo de briga, de hostilidade para o passado e inaugurar uma nova era”, disse em entrevista ao "Tá na Área".
Quanto a essa “nova era”, espera-se que parta dele um ponto final em tudo isso. A palavra “trégua” significa “suspensão temporária”, e a última coisa que os fãs do futebol alegre e pacífico querem é que seja apenas uma pausa. Que as arquibancadas do Maracanã relembrem os velhos tempos.
Que vença o melhor.
E que o melhor seja o Flamengo!
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Acima de tudo Rubro-Negro. Sou baiano, tenho 28 anos e cursei Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Além do MRN, trabalhei durante muito tempo como ap...