Visita ao Ninho do Urubu (Parte 1)

02/11/2016, 01:57
cultura rubro-negra

 

Há exatamente 7 dias estive no Ninho do Urubu.

E desde que fui embora, aquela hora lúdica precisava virar texto. No entanto, o compromisso de transmitir o que senti confesso ter sido perturbador. Passei dias tentando encontrar o início, o meio, e o fim, tal qual um Raul Seixas do jornalismo esportivo. Singrando por elementos metafísicos que descrevessem o sonho acordado que tive na quarta-feira passada.

Temos ainda mais de trinta dias de obras até a inauguração, no dia 13 de dezembro, aniversário de 35 anos do título do Mundial. O vislumbre, amigos. O vislumbre daquilo pronto trouxe o deslumbramento que preciso relatar.

Conhecer o Ninho é lavar a alma. Para a fé flamenga ter um centro de treinamento de primeiro mundo era uma questão acima do bem e do mal. Era uma reivindicação religiosa. Se os estádios são os templos onde a Nação reverencia seus deuses e a si mesma, o Ninho do Urubu pode ser considerado um Monte Olimpo. A morada dos próximos deuses, a sagrada casa onde nossos futuros panteões vão nascer, se desenvolver, e se despedir um dia.

Simbolismo. Esta palavra define o Flamengo que nasce em Vargem Grande. Um mastro de 55 metros. Tão alto que o fotógrafo Gilvan de Souza brinca comigo ao dizer que poderá ver a bandeira do Flamengo de sua casa na Tijuca. Eu olho para a topografia ao redor pensativo.

E me perco em pensamentos lendo os nomes gravados no muro de tijolinhos. A área do Ninho do Urubu tem o formato de um V. A base desse V é a entrada, e, então, à medida que vamos andando, o terreno se alarga.

Não tem nada parecido com isso aqui. Eu visitei muitos outros CT’s. Em termos de área, não tem nenhum que chegue perto. -- O tom categórico de Wrobel indubitavelmente me convence.

Ao todo o Ninho tem 5 campos com medidas profissionais. Quatro deles se estendem perpendicularmente à estrada que nos leva aos chamados módulos profissionais. O quinto campo fica mais ao lado, saindo da fileira dos outros. Um sexto, o society que foi todo bancado com recursos de torcedores, através do projeto Flamengo da Nação Oficial, ocupa parte da margem direita do caminho. Ainda lhe falta alambrado, logomarca (isso mesmo, logomarca) e outros pequenos detalhes de acabamento, que logo começarão a ser montados -- o material já está todo comprado. Sua grama sintética ajudará em muito os treinamentos dos profissionais e das categorias de formação. Inclusive já está sendo usado pela garotada.

A estrada que começa na cabeceira atrás do gol no campo 1 ainda está sem pavimentação. Com a movimentação constante de caminhões carregando toneladas de tudo, não poderia ser diferente. Andamos cerca de... 200 a 300 metros? Não sei bem…

E foi quando o cicerone tomou uma lufada de ar. De fôlego renovado, com a celeridade de quem nos últimos tempos se acostumou a mostrar com orgulho aquele projeto: “Bom, chegamos. Aqui são os prédios do módulo profissional. Isso aqui que eu te peço para não tirar foto. Porque todo o prédio será envolto por essa escultura. Todo ele abraçado por ela”, ordenou.

E apontando à frente: “Essa escultura é o símbolo do Flamengo dentro de uma bola. Estamos patenteando. Vai ficar registrado como uma marca do CT do clube”, completou.

Ainda sem entrar no bloco, Wrobel me explicou que o prédio menor será pintado de preto, uma estrutura divisória vermelha foi erguida e o módulo maior, que se estende através da perna direita do nosso já conhecido V, será mantido em branco.

Eu já estava vibrando com a visão dos prédios. De estar ali. A energia era forte. Tive vontade de colocar um uniforme de obra só para ganhar o resto do dia. A gravidade com certeza era a mesma, porém eu parecia flutuar de felicidade.

Manter-se alerta diante do turbilhão de informações era um desafio, pois cada detalhe que estava sendo dito seria necessário. Meu poder de concentração estava sendo testado quando algo incrível começou a ser dito pelo Wrobel. Foi como a narração de um gol importante. Foi o Gol do Angelim da minha visita ao Ninho!

 

Continua amanhã.

Leia a parte 2: clique aqui
Diogo Almeida
Email: diogoalmeida@mundorubronegro.com

Nota¹: Fotos não te deixariam imaginar.
Nota²: Dedico essa visita aos Apoiadores do Mundorubronegro.com.

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