Capitão Sul América

29/10/2016, 11:39
Por Zé Roberto Padilha

 

Foi bom não conhecê-lo de perto. Para ser verdadeiro, um ídolo tem que permanecer no nosso imaginário. Porque gente morre.

Ídolos permanecem por toda a vida. Quando ele veio jogar no Fluminense, em 1976, cruzamos o portão da Rua Álvaro Chaves e tive vergonha de me apresentar. Estava indo defender o Flamengo e ele chegava às Laranjeiras para ser bicampeão carioca com a máquina que ajudamos a montar. No duelo no Fla x Flu do troca-troca (1x1) só faltei pedir licença ao tentar alcançar a linha de fundo. De tão profundo era meu respeito de ponta esquerda. Nunca conheci nenhum ídolo de perto. Não me apresentaram ao Tarzan. Mandrake, Fantasma, só acompanhei seus feitos pelos gibis e Senna passava voando nas pistas. Quanto ao Drácula, me escondia debaixo da coberta para não vê-lo de perto. Tinha medo do meu ídolo sinistro que saia à noite para morder o pescoço das mocinhas.

Carlos Alberto Torres defendera minhas duas paixões esportivas: o Santos e o Fluminense. E uma década antes de Claudio Coutinho lançar o overlaping, surgira pela ponta direita apoiando nas costas do Jairzinho, durante a Copa de 70, para marcar o quarto gol brasileiro contra a Itália. Até então o futebol mundial só presenciara um precedente: em 1958, Nilton Santos surgira à frente do goleiro da Áustria, aproveitando  o recuo do Zagalo,  abrindo o caminho do Brasil rumo ao nosso primeiro título mundial. Até então os laterais só marcavam o ponta esquerda, poucos reuniam recursos e habilidades para se apresentar após o meio campo.

Classe, categoria, cabeça em pé, nosso eterno capitão jamais correu com a bola, era ela que lhe escolhia para receber um carinho. Erguia a cabeça e não cruzava, fazia lançamentos. De suas atuações, foram inspiradas as primeiras lições da cartilha do futebol para se atuar nas laterais: primeiro, marcar, e ele o fazia sem violência. Segundo, cobrir o zagueiro central, e em ultimo, apoiar o ataque. Poucos fizeram as três funções com tamanha competência. E poucos mereceram erguer aquele Caneco, em 1970, no México, para o orgulho de uma nação que reafirmava sua supremacia no futebol mundial. Para perpetuar sua imagem para todo o sempre na história do nosso futebol.

Domingo, após o clássico no Maracanã, as imagens da violência dos torcedores da Fiel nos fizeram permanecer assistindo a resenha do SporTV. E Carlos Alberto Torres estava presente. Não estava ali para se despedir, apenas foi avisar que a partir de agora vai assumir seu lugar de vez em nosso imaginário. Voará em nossos sonhos pela direita como Capitão Sul América, ressurgirá no Baú do Esporte pegando no sem pulo um passe do Rei Pelé a perpetuar a classe, a fidalguia e a nobreza como legado de um jogador de futebol único. Cidadão do bem. Um orgulho nacional. Descanse em paz, meu ídolo.
 

José Roberto Padilha jogou no Flamengo, Fluminense e Seleção Brasileira. Colabora periodicamente com o Mundorubronegro.com

 
Apoie o MRN contribuindo mensalmente com o nosso projeto a partir de 1 real! Clique em bit.ly/ApoiadorMRN
 
Siga-nos no Twitter: twitter.com/MRN_CRF
Curta nossa página: facebook.com/M.RubroNegro
Instagram: Instagram.com/mrn_crf
Canal do YouTube: MRN TV
Whatsapp: 21 98917.4639
 
 

Seja Apoiador do Mundo Rubro Negro! Você participa do grupo de Whatsapp exclusivo e concorre a uma camisa oficial do Flamengo autografada por todo o elenco do time de futebol. Clique no banner!

 

Está pensando em se tornar Sócio-Torcedor do Flamengo? Clicando no link abaixo você você ajuda o Flamengo a ser mais forte e o Mundorubronegro.com também

diego-flamengo-e1469578567524

 

Procurando uma hospedagem com atendimento personalizado?


Partilha
Mundo Rubro Negro
Autor

Notícia e opinião de qualidade sobre o Flamengo desde janeiro de 2015