Cancelem o conclave e nomeiem logo o papa Pedro II

Atualizado: 27/04/2025, 18:44
Pedro comemora gol diante do Corinthians

Banner João Luis Jr

Existem duas principais razões para que, mesmo depois de 266 papas, mesmo com 23 Joões, 16 Gregórios e até mesmo um Zeferino e um Eleutério, a gente nunca tenha tido outro Pedro. 

Uma delas é, claro, o respeito ao primeiro Pedro, o apóstolo, primeiro bispo de Roma e primeiro papa da história. Chegar no Vaticano e falar que você quer ser chamado de Pedro II seria basicamente a versão catolicismo de quando Marcelo Cirino foi apresentado no Flamengo e disse “não sei se chegarei ao porte de Zico”. Não passa humildade, não cria um bom clima, aumenta muito a pressão.

Mas a segunda razão pra que até hoje, mais de dois mil anos depois, nenhum outro pontífice tenha optado por essa alcunha, seriam as chamadas "Profecias de São Malaquias", que ainda que muito provavelmente não tenham sido escritas por São Malaquias, ocupam sim um espaço dentro do imaginário de certos grupos católicos.

Nelas teria sido dito que um Pedro II só surgiria num momento de grandes tribulações, numa hora de grande perseguição, sinalizando até mesmo o fim dos tempos, com esse Pedro representando a chegada de um momento de teor profundamente apocalíptico.

E diante do primeiro jogo de Pedro Guilherme de Abreu dos Santos como titular após sua lesão em setembro do ano passado, com dois gols e uma assistência, não é preciso ser exatamente um especialista em teologia para entender que sim, houve uma pequena confusão nas profecias e era do nosso atacante que São Malaquias falava em seus textos.

Afinal, de que outra maneira você poderia classificar a situação do Flamengo sem um camisa 9 de ofício, precisando improvisar Bruno Henrique, Gonzalo Plata ou mesmo Juninho Azerbaijão senão como uma grande tribulação, um grande sofrimento, um teste para a fé de um povo? Flamenguistas levantaram as mãos aos céus vendo o time só rodar a bola sem chutar, crentes questionaram entidades superiores ao verem esse pessoal tentar fazer jogada de pivô sem ter pivô, aqueles 90 minutos contra o Central Córdoba foram sim uma versão concentrada da experiência de peregrinar pelo deserto durante 40 anos.

E tendo a palavra apocalipse vindo do grego “apokálypsis”, que quer dizer “descoberta” ou “revelação”, não é o retorno de Pedro, já vice-artilheiro do Brasileirão, exatamente isso? A descoberta de que podemos sim brigar de verdade pelos títulos, a revelação de que realmente é muito mais fácil fazer gol quando as pessoas estão chutando, que faz muito mais sentido cruzar bola pra área quando tem alguém pra cabecear?

Então o que vimos na goleada de hoje, esse contundente 4x0 diante do Corinthians, protagonizado também pelo craque - e agora artilheiro - Arrascaeta, pode ter sido menos uma goleada normal e mais a confirmação de uma profecia, sobre esse homem de fé que viria para nos conduzir aos títulos na hora em que a gente mais precisasse. Que Pedro possa então, como já fez diversas vezes, continuar representando pra gente a confiança sobrenatural na vitória e pros adversários esse apocalipse de gols que presenciamos na tarde de hoje. Amém, meu cardeal. 


Compartilhe
J. Luis Jr.
Autor
João Luis Jr. é jornalista, flamenguista desde criança e já viu desde Walter Minhoca e Anderson Pico até Adriano Imperador e Arrascaeta, com todas as alegrias e traumas correspondentes. Siga João Luis Jr no Su...