Cahê Mota dá invertida em jornalista tricolor que sugeriu 'favorecimento' da Globo ao Flamengo

09/02/2024, 12:00
CaHê Mota e Victor Canedo; jornalistas debateram distribuição de rendas de TV que tem grande vantagem do Flamengo no ranking

Os jornalistas Cahê Mota e Victor Canedo protagonizaram debate nas redes sociais sobre a diferença de valores que os clubes recebem pelos direitos de transmissão do Brasileirão. Torcedor do Fluminense, Victor criticou a diferença de renda entre o que mais arrecada, que é o Flamengo, e o último. No entanto, não citou os motivos para o Rubro-Negro atingir arrecadação de R$  275,2 milhões.

“Quanto o seu clube ganhou da TV no Brasileirão 2023? A distância do último para o primeiro na casa de 6,5x. Discussão mais do que necessária em tempos de nova negociação…”, questionou Victor Canedo em publicação no seu Instagram.

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Em resposta, Cahê Mota relembrou que grande parte da arrecadação do Flamengo com direitos televisivos é oriunda do pay per view. Isso porque o clube tem direito a um valor mínimo garantido por contrato e também recebe pelo número de torcedores que declara sua torcida no canal por assinatura, que é sempre maioria.

“Mais de R$ 177 milhões do Flamengo (o que impactam muito na apontada distorção) são da participação de sua torcida em adesão ao PPV e ao acordo referente a isso(….). Mas apenas com números totais assim fica uma percepção de “favorecimento” que não é a realidade dos fatos, principalmente diante da reagrupação de 40/30/30. O comparativo tão badalado com a Premier ignora fatores centrais como, por ex, a forma de distribuição do conteúdo. Não é e hoje que o próprio Flamengo questiona a Globo por ter MENOS jogos na TV aberta o que na verdade reduz a sua cota (o que é minimizado pelo impacto de adesão de sua torcida)…. Esses números soltos sem contextualização distorcem a interpretação do leigo.”

A divisão de verba no Brasileirão citada por Cahê Mota foi idealizada para equilibrar a distribuição com TV. Hoje, a Globo paga: 40% igualmente para os 20 clubes da Séria A, 30% de acordo com o número de partidas transmitidas e 30% pela posição do clube ao fim do campeonato.

O Fla recebeu um total de R$ 97,9 milhões na divisão, e o menos valor foi justamente das transmissões: cota fixa (R$ 31,9 mi), premiação pelo quarto lugar no Brasileiro (R$ 40,6 mi) e quantia por número de jogos transmitidos na TV Globo e no SporTV (R$ 25,4 mi).

Mínimo garantido

A grande diferença está no PPV, justamente o que critica Victor Canedo, mas ele não explicou o mínimo garantido em contrato. O Fla aplica seus percentuais de venda de PPV sobre valor programado na época da assinatura dos contratos, em 2016, que são corrigidos pela inflação. Enquanto a maioria recebe percentual de participação de suas torcidas, ou seja, se tem 3% de vendas, vai receber 3% do montante.

Garantia que era direito de todos os clubes do antigo Clube dos 13 na época das assinaturas de contrato. No entanto, nove equipes solicitaram adiantamento de verbas para viabilizar pagamento de dívidas e investimentos de curto prazo, o que gera a diferença atual. Ou seja, o Rubro-Negro manteve seu direito e apenas colhe os frutos por ter uma boa administração.

Os outros times que permaneceram com a garantia mínima são Corinthians, Grêmio e Palmeiras, mas há clausulas diferentes em cada acordo. O alviverde, por exemplo, recebe cota fixa de R$ 50 milhões por ano. Ainda assim o quarteto domina as primeiras posição do ranking de arrecadação.

Canedo acreditava que modelo ia “acabar nessa próxima negociação”. Nesta quarta-feira (7), no entanto, a Libra assinou contrato de R$ 1,3 bilhão com a Globo pelos direitos do Brasileiro a partir de 2025. Acordo que garante a Flamengo e Corinthians ao menos o mesmo valor que arrecadarem nesta temporada.

Confira ranking de receitas com TV no Brasileirão 2023

  • Flamengo (R$ 275,2 milhões)
  • Corinthians (R$ 187,2 milhões)
  • Grêmio (R$ 170,1 milhões)
  • Palmeiras (R$ 162,6 milhões)
  • Atlético-MG (R$ 121,2 milhões)
  • Botafogo (R$ 112,5 milhões)
  • São Paulo (R$ 111,7 milhões)
  • Fluminense (R$ 105,7 milhões)
  • Internacional (R$ 105,5 milhões)
  • Cruzeiro (R$ 98,5 milhões)
  • Vasco (R$ 97,6 milhões)
  • Red Bull Bragantino (R$ 85,8 milhões)
  • Fortaleza (R$ 73,6 milhões)14 – Bahia (R$ 72,1 milhões)
  • Cuiabá (R$ 66 milhões)
  • Santos (R$ 64,2 milhões)
  • Coritiba (R$ 49,9 milhões)
  • Goiás (R$ 49,4 milhões)
  • América-MG (R$ 42,8 milhões)
  • Athletico (R$ 41,8 milhões)*

* O Athletico-PR recebe também por contratos com TNT, CazéTV e receitas com a Rede Furacão, mas os ranking trata apenas da TV aberta.

*Levantamento feito pelo jornalista Allan Simon, do UOL


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Matheus Celani
Autor

Jornalista graduado no Centro Universitário IBMR, 23 anos, natural do Rio de Janeiro. Amante da escrita e um completo apaixonado pelo Flamengo, vôlei e esportes olímpicos.