Aproveitando a onda comemorativa do Hexa do NBB conquistado ontem pelo Flamengo em plena Franca, que em priscas eras já foi a Capital do Basquete, reconto uma história contada originalmente pelo Roberto Assaf no seu último livro de leitura obrigatória, Seja no Mar, Seja na Terra. Tem tudo a ver explanar essa história hoje porque ela mostra como o basquete rubro-negro, Orgulho da Nação, foi decisivo para trazer para a torcida rubro-negra uma das mais icônicas sacerdotisas de Onan nos anos 50 e 60, Brigitte Bardot.
A história começa em janeiro de 1964 com o desembarque no aeroporto do Galeão da bombshell francesa, onde a esperava seu namorado franco-marroquino-carioca Bob Zagury, ex-jogador de basquete do Flamengo. Bob, talvez o cara mais invejado do Brasil naquele então, conhecera Brigitte nas altas rodas de Paris, que frequentava com assiduidade desde que deixara o basquete rubro-negro com a conquista do Octacampeonato Carioca, sob o comando do histórico Togo Renan Soares, o Kanela.
Qual foi o papinho que o craque Bob usou para conquistar umas das mulheres mais cobiçadas do planeta não se sabe. Mas é notório que entre je t’aime’s e embrasse moi’s Bob deve ter falado bastante da idílica e quase clandestina aldeia da Armação de Búzios, na Região dos Lagos. Uma bocada que guardava alguma semelhança com a paradisíaca Saint Tropez onde Brigitte deixara meio mundo de pau duro como a órfã Juliette de E Deus Criou a Mulher (Et Dieu créa la femme) de Roger Vadim, em 56.
Acontece que quando Brigitte brotou no Galeão ela era apenas a mulher mais famosa do mundo. As chances de conseguir ficar na dela, curtindo o namorado e as férias nos trópicos eram abaixo de zero. Brigitte desceu do avião sem falar com a imprensa, entrou direto no fusca de Zagury e se entocou num apartamento na Avenida Atlântica. A diligente imprensa carioca fez um cerco ao edifício e a pobre Brigitte ficou 2 dias praticamente detida, só olhando pela janela o mar azul de Copacabana.
Para acabar com esse cerco implacável e farofeiro Brigitte e Bob organizaram uma entrevista coletiva no Copacabana Palace, com a condição de ser deixada em paz para curtir suas férias após responder às perguntas de todos os coleguinhas. Brigitte respondeu sem muito saco à todas as perguntas sem pipocar. A maioria delas, como era de se esperar, sem a menor importância. Mas um perspicaz jornalista presente perguntou se Brigitte, a exemplo de seu namorado, torcia pelo Flamengo. E aqui transcrevo as palavras de Roberto Assaf conforme aparecem no capítulo L’amour en Rouge et Noir do Seja no Mar, Seja na Terra.
“Mais oui!, disse a beldade em alto e bom som, recebendo uma salva de palmas. Logo depois, explicou que Bob havia sido o responsável por mostrar-lhe o nobre caminho rubro-negro.”
Satisfeita com as respostas que faziam de Brigitte uma brasileira legítima a imprensa dispersou e cumpriu sua parte no trato. Brigitte e Bob foram deixados em paz e se picaram para Búzios. Onde a francesa pode se entregar à onda bossa novista de um cantinho e um violão pra fazer feliz a quem se ama. La Bardot ficou no Brasil tempo suficiente para que alguns cariocas ao esbarrarem com a loirinha em algum evento social comentassem entre risos: – Não aguento mais encontrar a chata da Brigitte.
Essa é a verdadeira história da ligação de Brigitte Bardot, o Flamengo e o basquete do Flamengo. Parabéns pelo título, Orgulho da Nação!
Leiam o Livro.