Braz propõe entrega de medalha a acusado de fraude em pandemia

19/04/2024, 14:40
Atualizado: 19/04/2024
Braz quer dar medalha Pedro Ernesto a vereador de São João de Meriti preso sob suspeita de superfaturar respiradores em pandemia de Covid

O vice-presidente de Futebol do Flamengo, Marcos Braz, propôs a entrega da Medalha Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio, a Davi Perini Vermelho, o Didê. O homenageado foi preso em 2020 sob acusação de fraudar a compra de respiradores para o enfrentamento da pandemia de Covid – ele também já foi acusado de envolvimento em uma organização criminosa em São João de Meriti.

Apesar das suspeitas, Didê atualmente é presidente da Câmara Municipal de São João do Meriti. O requerimento de Braz não traz justificativa para a concessão da Medalha Pedro Ernesto a Didê. A legislação prevê a concessão da medalha àqueles que “se destacaram na comunidade” e permite a cada vereador conceder até cinco homenagens deste tipo por ano.

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Didê foi preso em junho de 2020 em uma investigação da Polícia Civil de Santa Catarina que identificou superfaturamento de R$ 33 milhões na compra de respiradores de uma empresa pertencente ao vereador. Ele ainda responde ao processo por fraude. Na operação, policiais apreenderam R$ 300 mil na casa de luxo de Didê em Vargem Grande, no Rio, apesar de o vereador ter um patrimônio declarado de apenas R$ 120 mil.

Braz tem apoio de aliado da família Brazão na proposta de medalha

Didê também responde na Justiça a processos de operação criminosa pela exploração ilegal de venda de gás e TV a cabo em São João de Meriti – serviços tipicamente ligados a milícias. Antes de ser vereador, ele era bombeiro militar.

Perini é vereador pelo PSDB, enquanto Braz é filiado ao PL. Não há notícias de ligação anterior entre os dois políticos que expliquem a proposição da homenagem.

Para a medalha Pedro Ernesto ser concedida, é necessário apoio de um terço dos vereadores à sugestão do proponente. Entre os vereadores que apoiaram a proposta de Braz está Waldir Brazão, herdeiro político do clã Brazão, que tem dois suspeitos pelo assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, e Junior da Lucinha, filho da deputada estadual acusada de comandar uma milícia na Zona Oeste.


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