Quando me pego pensando sobre minha memória mais antiga, eu lembro do Flamengo. Mesmo com imagens turvas de fatos mais ditos do que realmente lembrados, como o que minha vozinha contava sobre a primeira vez que fui ao Maracanã… reza a lenda que meu avô, uma das maiores paixões da minha vida, me levou ao então maior de todos, vestida de tricolor da cabeça aos pés para torcer pelo seu Fluminense.
Porém, vô Totoca não previu que eu me apaixonasse naquele dia, mesmo que inconsciente, por aquela arquibancada bem à minha frente, do lado norte do estádio, toda colorida de vermelho e preto.
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E foi ali. Ali que decidi, mesmo que ainda não soubesse, que meu amor estava consagrado. Decidi que, independentemente de ideologia política, eu sempre estaria ao lado de quem fizesse o bem para o Flamengo.
Aprendi que comemoraria até título de botão se fosse rubro-negro e também que mesmo que os títulos não viessem, eu não me calaria e meu sentimento só cresceria, porque seria nesse momento que meu amor precisaria de mim.
E fazia muito tempo que eu não sentia essa força, essa paixão enlouquecida vindo da arquibancada, dessa vez, eu vi.
Não é que o Flamengo tenha voltado a ser um supertime da noite para o dia, mas estamos começando a ver um rascunho ali, uma possibilidade e isso basta. Tem a garra de não desistir de jogada, de correr atrás para não deixar a bola sair, de acreditar que dá. E deu.
O gol do Arrascaeta foi uma assinatura da simbiose campo e arquibancada que aconteceu nessa quinta, uma explosão determinada que escreveu em forma de gritos e cantos: nós estamos aqui. Vamos!
Defeitos não apagam a fé no título do Flamengo
Ainda vemos os defeitos, óbvio, mas falta pouco, muito pouco para que um ano de tropeços passe a ser surpreendentemente “salvo” aos 45 do segundo tempo. Já vencemos uma Libertadores assim, então por que não um brasileiro?
Se olharem para o retrovisor, nós estaremos lá, com vontade, com força, com a garra que move a Nação para onde o Flamengo está, no bom e no mau momento, com mosaico ou sem mosaico, juntos até o fim.
Faltam quatro.
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- Thiago Maia precisa se repensar em campo, tá sofrível.
- Voltamos ao dilema tostines da época de Pará e Rodinei com Matheus e Wesley, o que está no banco é sempre o melhor. Eu prefiro o Wesley.
- Apesar de excelentes defesas, alguém precisa orientar o Rossi sobre a reposição de bola, demora a vida para colocar em jogo.
- Pedro, quando começou a se mexer, melhorou e muito a movimentação ofensiva e deslocou a marcação.
- Cebolinha bem melhor com Tite. Gerson estava cansado no segundo tempo, mas segurou uma pitomba no primeiro. Pulgar, ando te amando.
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Só quero agradecer eternamente a minha vó Carlina que ouvia jogo no rádio, gritando, xingando, brigando com o técnico “alá, o Flamengo perdendo e esse burro não faz nada e outro tá colocando um fresquinho”, me ensinou a essência maior do rubro-negrismo. Eu aprendi e me orgulho disso.