Emoção no Maracanã: um Brasil x Alemanha com meio time do Flamengo
Nosso blogueiro narra duelo no Velho Maracanã com a Seleção Brasileira escalada com Zico, Adílio, Júnior, Leandro e Vitor
Por Mauricio Neves, para o blog Fla Pra Valer
Há um jogo que não é do Flamengo, mas que me dá uma saudade absurda do velho Flamengo e do velho Maracanã. Vínhamos de uma virada épica contra o Inter, no Beira-Rio: 3×2, em 1982. “Conhecemos a grandiosidade do futebol dos campeões mundiais”, disse Antônio Ranzolin na Rádio Guaíba.
Havia sido em um meio de semana à noite. Era de se esperar um Maraca lotado no fim de semana seguinte, independente do adversário. Mas o Campeonato Brasileiro parou para um amistoso da seleção contra a Alemanha, no domingo, 21 de março. Mas foi Flamengo do mesmo jeito.
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Zico está comemorando de braços erguidos e Junior está se levantando após ter mandado a bola no ângulo, em passe mágico de Adílio. Zico, Junior, Adílio, magia, Maracanã: como assim, não era Flamengo? Era Flamengo pra caralho.
Antes do jogo, aí está Zico, capitão como era no Flamengo. E que camisa maravilhosa! Mais ou menos nessa hora, depois da troca de flâmulas, o Maracanã começou a gritar Mengooo e surgiram algumas vaias. A magnética se uniu e virou um estrondo: MEENGOOOO… MEENGOOO… MEENGOOOO…
E não eram em campo apenas Zico, Junior e Adílio: aí está o Vitor com a 5, e lá estava o Leandro. O tripé de meio era todo rubro-negro, Vitor, Adílio e Zico, e mais os laterais Leandro e Junior. Era a SeleFla! (… E que coisa mais linda esse placar do velho Maracanã, suspiro).
E olhem para essa foto, a faixa rubro-negra de uma torcida na arquibancada, e o Zico com a bola colada ao pé: não precisa de muito esforço para mentalmente colorir essa camisa amarela com faixas horizontais vermelhas e pretas e trocar o azul do calção por branco. MEEENGOOO!
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E Júnior alternava carrinhos e divididas com dribles e tabelas com Zico e Adílio, como jogou o futuro Maestro naquela tarde! Em 81 ele havia feito dois gols pelo Brasil contra Alemanha, em Montevidéu e Stuttgart, porque não haveria de fazer ali na sua casa e diante de sua gente?
Adílio flutuava com a bola no pé, e quando ele e Zico trocaram quatro passes seguidos, a voz imortal sacudiu outra vez o velho estádio municipal: MEEENGOOOO MEEENGOOOO MEEEEENGOOOO.
Zico e Adílio entre dois alemães. E vocês não estão vendo Leandro, mas essa foto é toda sobre Leandro. Zico tocou para Adílio, Adílio abriu para Leandro que está indo ao encontro da bola para cruzar, e ela ia chegar em Adílio e Zico quando o beque alemão cortou a córner, MEENGOO!
E como não gritar Mengo, se onde o mundo via o duelo dos 10 Zico e Matthaus a arquibancada estava no mesmo transe que se repetia desde dezembro de 1978, o bumbo marcando lá na Raça, o som batendo na marquise e circulando o anel do estádio no grito MEEENGOOO
E para que mais Flamengo, se Zico protege a bola e Vitor aponta lá para onde se desloca Leandro, o ponto futuro de Cláudio Coutinho, no time que há anos jogava por música e no ritmo das palmas que marcavam o grito de Mengo?
Então a bola foi a Junior na esquerda, que tocou de lado para Adílio, que fez uma peteca e elevou para a penetração de Junior pegar de primeira como na praia: aí a bola no ângulo do imóvel Harald Anton “Toni” Schumacher: gol do Flamengo nas redes alemãs! MEEENGOOO!
E antes mesmo de a bola voltar a rolar, começamos a cantar QUERO CANTAR AO MUNDO INTEIRO A ALEGRIA DE SER RUBRO-NEGRO, e é impossível negar que faltou mais Flamengo no time que foi a à Espanha, no mínimo Raul no Valdir, Adílio no Isidoro, Mozer no Luizinho e Nunes no Serginho.
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Mas tudo bem, porque se naquela vitória contra a Alemanha no Maracanã dourado pelo sol do começo de outono os 120 milhões brasileiros se imaginaram campeões mundiais, nós rubro-negros não precisamos despertar daquele sonho porque, afinal, já éramos os donos da bola na Terra.