Bolsonaro, Petrobras e fraude: polêmicas de Landim vão além de fala sobre Zico, lembra Lúcio de Castro
A fala de Rodolfo Landim sobre Zico um dia “passar” revoltou torcedores do Flamengo, em todos os sentidos possíveis para a declaração. Para o jornalista Lúcio de Castro, no entanto, o pensamento do mandatário sobre o maior ídolo do clube não chega a ser surpreende diante do vasto histórico de polêmicas que envolvem relação com ex-presidente Bolsonaro e acusação de fraude na Petrobras.
Em entrevista ao “ge”, Landim detalhou conversa com Gabigol e argumentos que colocou para o Camisa 10 renovar com o clube. O principal é justamente como Zico conseguiu usufruir de toda a imagem que construiu no Flamengo por toda sua vida e Gabi poderia fazer o mesmo. O presidente, contudo, cita a diferença de idade e dá a entender que o atacante pode se tornar o maior ídolo rubro-negro em vida.
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“O que eu quis dizer com a afirmação? Por diversas qualidades dele, não só como jogador, líder e tudo que ele é, o Zico tem mais de 70 anos e ainda vive desse estrelato que teve ligado ao Flamengo. E a diferença do Gabriel para o Zico é de 44 anos. Uma hora o Zico vai passar, e o Gabriel, se continuar a investir e a jogar pelo Flamengo, vai poder usufruir disso por toda a vida dele”, disse Landim ao ‘GE’.
A entrevista viralizou de forma rápida e negativa entre torcedores rubro-negros e gerou ainda mais críticas a Rodolfo Landim pela forma de lidar com ídolos. Afinal, a resposta polêmica foi justamente para questionamento sobre relação com Gabigol durante conversas por renovação.
Dessa forma, Lúcio de Castro relembra em matéria no site Sportlight as polêmicas de Landim que começam até antes de chegar ao cargo de presidente do Flamengo. Já no início do texto, ele afirma que o Rubro-Negro passa por “apropriação indébita” por ter presidente que usa o clube para interesse próprio.
Aproximação de Bolsonaro e Lei do Mandante
Lúcio de Castro relembra a ida de Landim na posse ministro das Comunicações Fábio Faria em 2020, em Brasília. Após a cerimônia, o mandatário rubro-negro seu reuniu com Jair Bolsonaro e Felipe Melo no Palácio do Planalto para propor mudanças na lei de direitos de televisão no futebol e debateu retorno do futebol em meio a pandemia de Covid-19.
“Paralelo ao favor em que usava o Flamengo sem pensar no cenário de perdas futuras, Landim prestava outro favor: botava lenha no fogo de Bolsonaro que ardia um país menosprezando a ciência e causando vítimas: aderia a campanha do ex-presidente a reabrir os estádios. E usava o jogador mais forte possível da mesa: o Flamengo”, diz Lúcio em trecho de sua matéria.
O resultado foi a publicação do MP do Mandante logo no dia seguinte, que foi ironizada por outros clube e chamada de MP do Flamengo. A Medida Provisória até perdeu o prazo, mas por algumas alterações e retornou já como um projeto de lei PL 2.336/2021 e foi aprovado em 2021. O Fla comemorou a MP e depois a lei, justificando que iria aumentar receitas, mas o resultado foi o inverso anos mais tarde.
A Lei do Mandante resultou em mudanças consideráveis no futebol brasileiro e influenciou última negociação do Flamengo para TV. Os times se dividiram em blocos, já que cada um tem direito a 19 jogos por ano. No fim, o Flamengo é um dos dois clubes que perde dinheiro com o acordo assinado entre Libra e TV Globo para o Brasileirão, que passa a valer em 2025. O clube precisou abrir mão do mínimo garantido de pay per view e torce por mais jogos na Globo para equilibrar balança.
Denúncia por fraude e prejuízo a fundo de pensão na Petrobras
A proximidade com Bolsonaro resultou também no desejo do ex-presidente de ter Landim como vice nas eleições de 2022. Pouco depois mudou de ideia e pretendia indicar o presidente do Flamengo a diretor-geral do Conselho de Administração da Petrobras. No entanto, a indicação de Landim caiu já no momento de análise de histórico.
Técnicos da Corregedoria Geral da União classificaram o relatório como “assustador”. Algo que é incomum para funcionários acostumados a receber fichas “polêmicas”.
“De acordo com reportagem publicada no Globo na ocasião, o relatório mostrou que Landim recebeu em suas contas na Suíça depósitos de “contas de passagem” usadas para mandar recursos a Renato Duque e Pedro Barusco, executivos da Petrobras envolvidos no episódio que ficou conhecido como “Petrolão”, diz Lúcio de Castro em outro momento.
Além disso relação com Carlos Suarez foi considerada conflito de interesse, já que ele é sócio de distribuidoras de gás; Documentos relatam que Landim enviou US$ 643 mi para uma conta de Suarez na Suíça em 2021.
Essas informações estão disponíveis em processo do Ministério Público contra Landim. O presidente do Flamengo foi denunciado pelo MPF por ação fraudulenta e prejuízo a fundo de pensão estimado em R$ 100 milhões.