Aquele ar blasé

20/03/2022, 22:33
Flamengo Vasco Cariocão 2022

Faz alguns anos que tive uma grande lição de matemática comercial de vida. Um aposentado (ex-) gerente da Nestlé me disse: “É melhor 10% de 1 a 100% de nada”. À época, encarei como um apontamento pra sempre tentar vender mais. Porém, é bem mais profundo e, se utilizado da forma correta, traz frutos bem mais interessantes.

Senão, vejamos o Flamengo.

Não acredito que exista alguém ali de corpo mole, ou com um ar blasé de que pode decidir o jogo quando bem entende. Ao mesmo tempo, a impressão que os jogos me passam é de quem está cumprindo tabela, ciente da superioridade técnica, e que aguarda grandes jogos pra colocar as cartas na mesa e chamar o All In sem blefe.

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Independente da verdade suprema, temos que avaliar o que rolou nesta semifinal, tanto defeitos quanto virtudes. Vamos pra parte chata, claro. Aqui é onde os xingamentos aparecem nos comentários, mas pra quem já aturou o Sacaneator no FlamengoNet, a parada é bem tranquila.

Pra não perder o hábito das referências, existe um conceito na NBA que ouvi, pela primeira vez, numa final entre Los Angeles Lakers e Detroit Pistons. Última temporada de Kareem Abdul Jabbar contra os bad boys de Detroit. Eram jogos extremamente físicos, porrada comendo à vera, e um duelo canino da defesa de Detroit contra o showtime de Magic Johnson e companhia. Ao final de um dos jogos, Isiah Thomas, armador do Detroit, foi questionado pela forma “feia” de jogar. E respondeu com o conceito citado acima: “Ataques ganham jogos. Defesas, os campeonatos”.

Eu tenho preocupação com nosso sistema defensivo. Primeiro por achar o Fabrício Bruno um tanto quanto afobado. E afobado contra os times da segunda divisão, tais como Vasco e quejandos. Não consigo confiar no DL. Por mais que ele “sobre” em relação aos zagueiros que habitam os gramados tupiniquins, tem falhas recorrentes em momentos importantes do jogo e, o que é mais grave, quando está perdendo ligar o “vamos lá, porra”, e só desliga no vestiário.

Temos ainda o Hugo. Um puta goleiro embaixo das traves. Mas muito, mas muito temeroso com os pés. Isso precisa ser sanado com toda urgência do mundo, pois temos um Brasileirão, uma CdB e a Liberta. Parada muito mais sinistra do que encarar o ataque de um time que foi eliminado pelo Juazeirense.

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Do meio pra frente, me preocupa muito a dependência do nosso gênio da 14. Com um elenco desse, não podemos depender sempre dele. Hoje tivemos 15 minutos, após sua saída, de um cerca lourenço chatíssimo. Parecia um “o que eu faço com essa coisa redonda que parou no meu pé?” E, bem lembrado por amigos de um dos 346 grupos de Flamengo que participo, quem pegou a batuta foi o Filipe Luis. 

Mas…é muito pouco pra um time com tanto talento, com tanta capacidade de criar e resolver os jogos. Papel do Mister achar o caminho mais curto pro gol adversário. Sabemos que eles podem mais, sabemos que basta achar o caminho – que não é o das pedras – para as vitórias. Mas assim, honestamente, não dá.

Se semana passada tivemos um “ah, mas foi contra o Bangu”, essa semana deveria ser a mesma coisa. Aliás, deve ser assim contra qualquer adversário. Ainda mais contra os filhotes da bigoduda.

Teremos 10 dias pra treinar, treinar e treinar. Espero que o sangue esteja nos olhos do elenco para a final do carioca.

Pode não valer porra nenhuma pra muitos. Mas eu quero esse Tetra.

E nada mais digo.

SRN CCM DCF


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Mundo Rubro Negro
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