Tão certo quanto o aniversário do supermercado Guanabara e o encontro de um coirmão carioca com a Série B é o período da temporada rubro-negra pelo qual estamos passando: o tempo de Crise na Gávea.
Outros períodos, permeados pela bagunça e oba-oba, ou seja, bem parecidos com o atual, não fossem os nababescos salários (menos para o departamento de fisiologia) que hoje (ainda) são pagos em dia, me ensinaram que o auge da Crise na Gávea é momento para se animar.
Isso, porque qualquer rubro-negro com um tempinho de arquibancada sabe que, assim como ao final do hino no Maraca vem o “Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer”, ao final da Crise na Gávea vem o Rumo a Tóquio.
Leia também: A classificação veio. O bom futebol nem passou perto
Apenas essa sucessão inexorável de fatos naturais no multiverso rubro-negro explica o Hexa pós demissão do Cuca, o Tri da Copa do Brasil pós abandono do Mano Menezes, o Gol do Pet pós quase abandono do próprio Pet, entre outros.
Enquanto acompanhamos o ocaso de alguns componentes da seleção flamenga de 2019, uma das luzes no fim do túnel da Crise tem sido o surgimento dos garotos do ninho no time principal: brilhou Victor Hugo no duelo contra o Altos do Piauí, cuja comissão técnica é o grupo de torcedores Off-Rio que mais perto chegou do time em muito tempo.
Nossos bravos irmãos rubro-negros do Piauí aproveitaram para pedir autógrafos para o Arrasca e Gabigol ao fim do jogo, para desespero da maioria dos conselheiros do clube, que consideram que, atravessando o Rebouças, todo mundo é anti.
No checklist da Crise na Gávea estamos, no atual momento, batendo praticamente todos os itens: atuações pusilânimes; diretoria criticada; técnico questionado; imprensa fazendo a festa e bastidores fazendo “O Poderoso Chefão” parecer filme da Pixar. Mas é aquilo:
“Mesmo quando ele não vai bem/Algo me diz em rubro-negro/Que sofrimento leva além”. Djavan avisa, quem é sábio, escuta. É no auge da Crise que o Flamengo costuma achar seu Rumo.
Nos vemos em Tóquio.
Siga Luiz Amaral no Twitter.