Marcos Felipe fundou a torcida Autistas Rubro-Negros em 2022 e viu o projeto crescer, sobretudo em 2023, quando a faixa da Organizada começou a ser exibida no Maracanã. O projeto, que tem como missão a inclusão de pessoas com o distúrbio que afeta o neurodesenvolvimento e atrapalha a comunicação, chegou ter apoio do clube em algumas ações da vice-presidência de Responsabilidade Social.
Mas Marcos viu a relação com o clube esfriar após ser notificado contra o uso da marca Flamengo. Ao Mundo Bola, Marcos Felipe explicou sobre a ação impetrada junto Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) contra o registro da Autistas Rubro-Negros. A ação foi suspensa.
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O fundador da torcida nos explicou que a chegou a alegar em sua contestação que a marca do Fla estaria sendo utilizada, mas o símbolo da torcida é bem diferente.
“Nosso movimento começou a crescer, e para nos protegermos, para as pessoas não aproveitarem, fomos para o INPI e registramos a marca, de coração tranquilo. Temos uma logo que nem é do Flamengo, é um laço, exatamente para não vincular o uso da marca do Flamengo, o escudo, etc. Não temos interesse nisso. Temos interesse em ser um parceiro do clube para fomentar a inclusão”, diz Felipe.
“Alegaram exatamente isso, estaríamos usando a marca, o escudo do clube. Não é verdade, não utilizamos o escudo, nossa logo é totalmente diferente. Colorida, com o finalzinho vermelho e preto. Nós nunca usamos nem o CRF, nada. Só o rubro-negro. Quando a pessoa vê isso, entende que o Flamengo está nos apoiando. Isso é bom para o clube”, completa.
Partes se acertaram após reclamações de que relação teria sido afetada
Após a entrada no registro da marca, existia a possibilidade de alguma parte recorrer em um período de 60 dias. O Flamengo teria feito isso no final desse período, segundo contou Marcos, e depois, a relação teria sido afetada.
A Torcida Autistas Rubro-Negros era frequentemente convidada a ir em eventos na Gávea, levando autistas e PCD’s. Com a disputa no INPI, a frequência diminuiu, causando estranheza no fundador da torcida, que passou a se sentir “retaliado” e até “abandonado”. A falta da faixa no Maracanã fomentava essa ideia. No entanto, a conversa com o Flamengo esclareceria que isso não era verdade.
Antes de voltarem a conversar, o Flamengo alegava a Autistas Rubro-Negros que as faixas das embaixadas eram rotacionadas a cada jogo, e por isso, o nome de sua torcida não aparecia mais na maioria dos jogos, como em 2023. A peça fica com o clube, que escolhe jogo a jogo as faixas estendidas no Maracanã. Em 2024, foram poucas vezes, sendo a última em abril por conta do mês do autismo.
Após as reclamações, o Flamengo se acertou com o representante da Torcida Autistas Rubro-Negros, e a conversa aparou arestas.
Flamengo retira ação contra Autistas Rubro-Negros
O Flamengo tratou o caso internamente, mas o desfecho foi positivo. A apuração do Mundo Bola soube que a conversa foi positiva, e o clube garantiu que vai retirar a ação do INPI, encerrando o caso que se desdobrava desde o final do ano passado. A promessa também é de que a faixa da torcida voltará a aparecer com frequência nos jogos do Mais Querido.
Ele ouviu do clube, inclusive, que não houve qualquer retaliação. O Flamengo não tinha conhecimento do processo, e quando soube, mandou retirar imediatamente a oposição ao registro da marca. Um desencontro de informações ocasionou o sentimento do fundador da AutistasRN, mas quem cuidou da questão no INPI foi uma empresa terceirizada.
Marcos Felipe diz que o relacionamento com a Responsabilidade Social do Flamengo é sensacional, e já existe o planejamento para uma ação com a Torcida Autistas Rubro-Negros para o jogo contra o Vasco, no dia 15 de setembro, que ainda será acertada. Além disso, as portas do clube agora estão abertas para o projeto e futuras ações em conjunto devem acontecer.
O Mundo Bola também ouviu de Marcos Felipe que tudo não passou de um “mal-entendido”, e as partes, agora, estão alinhadas e acertadas. A torcida, agora, aguarda que os temas debatidos na conversa com o clube se concretizem.
“A gente só quer ajudar, formar parcerias com projetos. Termos o estádio do Flamengo, por exemplo, com um local adaptado para pessoas com deficiência. Local para autistas, cadeirantes, deficientes visuais. Queremos ajudar a ter esse espaço, apoiar o Flamengo com orientações. Temos expertise, vivemos isso 24h por dia, sabemos como essas crianças vivem”, explica.