Ontem (15) estive no Maracanã, assistindo ao jogo do Flamengo contra o Bolivar, pela Libertadores, e o que seu viu foi um belo espetáculo. A torcida apoiou desde antes da bola rolar, cantou firme empurrando o time pra vitória importantíssima para a sequência da Libertadores.
Eis que saio do estádio, feliz com o resultado e com algumas atuações, especialmente do Allan e do Cebolinha e sou impactado pela notícia da morte de Washington Rodrigues, ou para nós, mais íntimos, Apolinho.
➕ Relembre a trajetória de Apolinho como técnico do Flamengo
Imediatamente fui tomado por um sentimento de tristeza e ao mesmo tempo comecei de pronto a reviver histórias e mais histórias que o grande Apolinho contava diariamente no rádio. O luto permaneceu durante todo o trajeto até chegar em casa, permaneceu madrugada à dentro e continua hoje e creio que pra sempre.
E hoje (16) recebo a notícia das mortes do Antero Greco e do Silvio Luiz, outros dois gigantes da comunicação. Esse texto é uma forma de homenagear essas três figuras. A começar pelo Antero, ou como diria o amigão Paulo Soares, o Anterito.
Acompanhei um pouco mais de perto a carreira do Antero apenas na ESPN, apesar de saber que o mesmo era colunista de alguns periódicos importantes. A dupla que ele fez com o Amigão no Sportscenter é comparável a Bebeto e Romário ou Claudinho e Buchecha.
Dois craques que se entendiam muito bem, e transbordavam alegria, felicidade, bom humor, nas notícias e informações que passavam para todos nós. São responsáveis por momentos antológicos do jornalismo esportivo brasileiro, e o Antero sabia como ninguém extrair do Amigão sua característica mais marcante, o sorriso.
Deixará saudades, pois ainda tínhamos expectativas de rever essa dupla em algum momento, assim como sempre pensamos como estariam Claudinho e Buchecha hoje.
O segundo homenageado é o Silvio Luiz. Eu, que cresci acompanhando futebol do meado dos anos 80 pra frente, tenho certeza absoluta que em matéria televisa Silvio Luiz está no panteão ao lado de Januário de Oliveira, Luciano Do Valle e Galvão Bueno.
E isso tem uma razão de ser. Silvio era espetacular em suas tiradas e bordões que informavam e divertiam aqueles que ainda não estavam tão acostumados assim a acompanhar campeonatos europeus.
Afinal, diferentemente de hoje, não brotavam jovens que torciam para Milan ou Juventus. Nós éramos torcedores de clubes brasileiros que, por gostarmos de futebol acompanhávamos o campeonato italiano, suprassumo da época.
O Silvio, entendendo que éramos mais espectadores do que torcedores, transformou as narrações num show à parte, com seus bordões que nos divertiam ao longo da jornada esportiva de domingo que começava pela manhã e terminava só à noite, na TV Bandeirantes.
Infelizmente, mais um gigante que nos deixa. E fica a pergunta: o que eu vou dizer lá em casa? E o último homenageado, é sem sombra de dúvidas o maior comunicador da história do rádio brasileiro (aqui tive que fazer uma pausa pra conter a emoção).
Hoje vejo uma geração de comentaristas, apresentadores, adotando uma forma ou fórmula para falar de futebol e tecer análises e comentários que diferem e muito do que o Apolinho fazia.
E não é que sejam estes incompetentes ou estejam fazendo algo de errado, é que o Apolinho era genial.
E Gênios, em qualquer profissão ou área do conhecimento são raros.
Eu tive o privilégio de ouvir o Apolinho por mais de 35 anos, seus bordões fazem parte da minha vida e da minha história, seus comentários nos jogos do Flamengo eram um capítulo à parte.
Sempre foi profissional, mas nunca escondeu o amor pelo Mais Querido.
O Apolinho, numa época em que não existia transmissão de todos os jogos, me fez através do rádio, conseguir ver o jogo, ver o clima do estádio, ver a torcida. Sim, eu via isso através das suas palavras. Ele era um mago da comunicação.
Afinal quem não se lembra do gol do Pet, o comentário que ele fez antes da batida da falta? Quem não se lembra da sua emoção ao ver o Flamengo tricampeão da Libertadores? Quem não lembra da quantidade de vezes que ele chamou jogador de perna de pau?
Esse era o Apolinho, incomparável e insubstituível no coração de todos aqueles que cresceram ouvindo rádio.
Obrigado Apolinho por ter me feito enxergar jogos que eu nunca pude ver pela televisão, por ter me divertido nas transmissões dos jogos, por ter me esclarecido e feito ver coisas que não tinha visto, por ter me acompanhando muitas vezes no trânsito voltando do trabalho, sua companhia era incrível.
Sua partida foi durante um jogo do Flamengo, com direito a Chocolate. Tenho certeza que coincidência não existe.