Analista aponta principal erro de Tite para queda de rendimento do Flamengo
O Flamengo já esteve melhor na temporada, e os desfalques contribuem para uma queda brusca de rendimento. Mas de acordo com o analista Raphael Rabello, do canal Falando de Tática, outro motivo é uma mudança importante do técnico Tite após a volta da Copa América, mais especificamente na marcação, e os dados traduzem isso.
Além de apresentar dados que mostram um desempenho ruim na defesa, Raphael Rabello diz que “não foi sempre assim. Próximo da Copa América, o time jogou bem, futebol seguro, atuações convincentes. Esse desempenho está relacionado com a capacidade que o time teve de recuperar bolas no campo do seu adversário”.
➕Mauro apoia continuidade de Tite no Flamengo, mas faz alerta
O analista relembra jogos em que o Flamengo foi bem na pressão pós-perda, bloco alto que não existe mais após a mudança de postura em campo. Na goleada sobre o Bolívar, por 4 a 0 na fase de grupos, por exemplo, “foram 20 bolas recuperadas no campo do adversário. Flamengo teve atuação convincente, não sofreu gols. Sofreu muito pouco. Esse bom desempenho teve relação direta com bolas recuperadas no campo do adversário”.
Time se deu bem roubando bolas no ataque
Na vitória por 2 a 0 sobre o Corinthians, Raphael lembra que o segundo gol saiu roubando bola no ataque.
“Time recuperou 11 bolas no campo do adversário. Não é tão alto, abaixo das 20 contra o Bolívar. Mas isso tem uma explicação. Flamengo pressionou bastante no início do jogo, e o Corinthians, acuado, começou a forçar bola longa. Passou a ter menos possibilidade de recuperar bola. Fez o segundo gol, do Lorran, pressionando a saída de bola do Corinthians”, diz o analista.
Além disso, foram 22 bolas recuperadas no campo de ataque do Fluminense de Fernando Diniz, Foram 22 bolas recuperadas no campo do adversário, 25 contra o Millonarios, 11 contra o São Paulo e, contra o Vasco, “só não recuperou mais porque o Flamengo fez três gols muito rápido. O Vasco teve jogador expulso e o Flamengo nem precisou pressionar. Não precisou recuperar porque ficava com a bola”, segundo Raphael, em participação no canal de Mauro Cezar Pereira.
Raphael Rabello entende que Tite errou ao não voltar com marcação alta
Para Raphael Rabello, “está bem claro que existe uma relação direta entre o time pressionar, pressão alta, pressão pós-perda e bons resultados. Sofrendo poucos gols, atuações convincentes. Adversários nas cordas”.
O analista explica que Tite mudou o estilo de jogo do time durante a Copa América por conta dos desfalques pelos convocados. No entanto, acredita que o erro do treinador foi não ter voltado com esse estilo de jogo após o retorno de seus jogadores.
“Dava para ter tentado retomar isso a algum tempo. O time passa a não marcar tão alto e pressionar tanto os adversários durante a Copa América. Foi uma escolha por causa dos desfalques. Time desentrosado. São mecanismos que demandam entrosamento, bloco alto. Ele escolhe ser mais conservador. Mas depois que voltaram, era hora de ter retomado”, explica Raphael.
Ele aponta ainda que a escolha de seguir sem marcar alto pode se dar por conta das frequentes lesões.
“Tite opta por não retomar esse time agressivo na marcação. Talvez por conta da condição física dos jogadores que voltaram desgastado da Copa América. Principalmente Nico de la Cruz. Existe um Nico pré-Copa América e um pós-Copa América. Ficou muito desgastado e estamos vendo a queda dele, que é um cara chave para que o time possa pressionar. Muito ativo na marcação. Fica a esperança de que o time possa voltar a marcar assim, com agressividade”, conclui.
Falando de Tática traz as péssimas estatísticas do Flamengo entre times do Brasileirão
Para constatar a queda, o analista traz os números do Flamengo, que tem a nona pior defesa do Brasileirão, deixando de sofrer gols em apenas quatro jogos. A defesa rubro-negra também é só a 17ª em interceptações.
Além disso, os dados mostram que a marcação alta vem fazendo falta. O time é só o 18º em bolas recuperadas, sendo o 12º em bolas recuperadas no campo de ataque, o que está atrelado a pressão pós-perda. Também é o 19º em recuperações no campo de ataque em até dez segundos, ou seja, recuperando com pouco tempo de troca de passes dos defensores rivais.
Na estatística de intensidade do desafio, que mede ações defensivas por minuto de posse de bola do adversário, como carrinhos e desarmes, é só o 12º, o que mostra que a equipe, definitivamente, não vem marcando bem.
A posição no ranking é a mesmo quando se ilha para a estatística de passes por posse de bola do adversário no seu próprio campo. Isso significa que o Flamengo permite que os rivais toquem a bola na defesa, mais um reflexo da falta da linha alta.