Análise Tática: Flamengo evolui e se impõe sobre um frágil Botafogo
Após uma dolorida derrota na Supercopa do Brasil sobre o Atlético-MG, o Flamengo rapidamente se recuperou e venceu o Botafogo com tranquilidade pelo Campeonato Carioca.
A princípio é preciso levar em consideração a disparidade técnica entre os adversários, mas ainda assim foi possível identificar uma nítida evolução do trabalho de Paulo Sousa entre os dois duelos.
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Flamengo tem início avassalador e abre o placar com Pedro
Desde os primeiros minutos do duelo, o Flamengo demonstrou um forte ímpeto ofensivo contra o Botafogo. Verticalizando as trocas de passes buscando o último terço e sendo agressivo na marcação no campo de defesa adversária.
Assim como nos últimos jogos, Paulo Sousa optou por organizar o Flamengo ofensivamente num 3-4-2-1. Fabrício Bruno, David Luiz e Léo Pereira foram os responsáveis pela saída de três. Arão e Andreas foram os volantes a frente do trio de zaga, gerando janelas para o jogo interior. Além disso, a dupla rapidamente buscava acionar os alas Matheuzinho e Lázaro, bem como a dupla Gabi e Arrascaeta mais a frente. Pedro foi a referência no ataque, dando profundidade e fixando os zagueiros alvinegros.
Nesse sentido, não houve mudanças na formatação da equipe com bola. Porém, a execução dos movimentos foi o ponto chave de evolução. A execução tanto dos desmarques, juntamente com a maior rapidez na troca de passe, fez com que o Flamengo ganhasse muito mais fluidez em fase ofensiva. Ou seja, o aperfeiçoamento das ideias treinadas dentro do jogo.
Do mesmo modo que o Botafogo também permitiu com que o Flamengo trabalhasse com maior facilidade no ataque. Em especial pela frouxa marcação no entrelinhas. Assim, Arrascaeta e Gabi rapidamente eram acionados nessa região e se associavam com Pedro buscando a entrada último terço.
Foi assim que o Flamengo chegou à abertura do placar. Lázaro foi acionado no corredor lateral esquerdo e encontrou Arrascaeta próximo a entrada da área. O uruguaio teve facilidade para se desmarcar e encontrar passe cavado para Pedro. O centroavante recebeu livre e marcou o primeiro gol rubro-negro na partida. Um a zero.
Paulo Sousa faz mudanças no sistema defensivo
Como já dito, o Flamengo optou por uma marcação mais agressiva diante do Botafogo. Em contrapartida com a marcação predominante em bloco médio contra o Atlético-MG, os comandados de Paulo Sousa abafaram a saída de bola botafoguense na parte inicial do duelo.
Gabi, Arrrascaeta e Pedro marcavam por encaixe Daniel Borges, Kanu e Joel Carli. Matheuzinho e Lázaro variavam subidas de pressão no corredor lateral. Assim também Arão e Andreas pressionavam Breno e Barreto no início da segunda fase de construção.
Como resultado, o Botafogo não conseguiu chegar com facilidade próximo ao gol rubro-negro. Durante toda a primeira etapa, o alvinegro carioca só conseguiu uma única finalização já nos últimos minutos. Isso muito por conta do Flamengo baixar suas linhas de marcação após os 30 minutos iniciais.
Além disso, é importante destacar o encaixe de Lázaro no meia Fabinho em bloco médio. A cria rubro-negra foi disciplinado e por muitas vezes formava uma linha de cinco defensores para seguir acompanhando o jogador alvinegro. Dessa forma, em alguns momentos o Flamengo se defendeu numa espécie de 5-2-3, protegendo com efetividade o corredor lateral.
Em transição, Gabi marca o segundo gol do Flamengo
Logo após o primeiro gol, o Flamengo teve mais duas chances cristalinas de marcar. Enquanto Pedro parou na boa defesa de Gatito, Arrascaeta parou no pé da trave.
A equipe manteve o volume de jogo com bola, porém, ao longo da primeira etapa passou a trabalhar cada vez mais em transições ofensivas devido a altura do bloco de marcação.
Após rebote em falta cobrada pelo Botafogo, Arrascaeta rapidamente iniciou o contra-ataque com Lázaro. O garoto do Ninho acionou Gabi em profundidade. No 2×2, o “Príncipe da Gávea” voltou a ser acionado por Lázaro e de perna direita ampliou o placar. Dois a zero.
A primeira etapa terminou com a sensação de que placar não traduziu a superioridade rubro-negra em campo.
Botafogo passa a causar perigo
Os 45 minutos finais começaram com um Botafogo buscando ter mais a posse e agredir o Flamengo. À primeira vista, a principal mudança alvinegra foi a entrada de Kayque no lugar de Breno, mas na prática o reposicionamento de Chay em campo trouxe mais impacto.
Enquanto o meia vinha na primeira etapa atuando mais próximo a Matheus Nascimento com e sem bola, por outro lado passou a se associar com mais frequências aos pontas Fabinho e Luiz Fernando. Especialmente pelo lado esquerdo. Chay chegou a marcar o primeiro gol do Botafogo no jogo, anulado por impedimento.
Essa mudança destacou mais uma vez um problema que ainda precisa ser corrigido por Paulo Sousa: a proteção do corredor lateral na linha de meio-campo.
Na busca por utilizar Gabi e Pedro juntos, o treinador vem buscando fazer com que a dupla marque numa região mais alta do campo. Ofensivamente a ideia vem se mostrando eficaz. No momento sem bola, entretanto, essa escolha faz com que o Flamengo tenha menos jogadores na faixa central do campo.
Assim permitindo que o adversário gere situações de superioridade numérica contra os laterais rubro-negros. Principalmente pelo lado direito, onde Gabi não realiza a recomposição pelo setor. E o esvaziamento no meio-campo permitiu que o Botafogo recebesse algumas bolas descobertas no setor. Ou seja sem a cobertura de um defensor rubro-negro.
Como resultado, o Botafogo conseguiu acionar Matheus Nascimento com maior facilidade. A jovem promessa alvinegra chegou a acertar belo chute da meia-lua, obrigando Hugo Souza a fazer boa defesa.
Arrascaeta marca e Flamengo encaminha vitória
Apesar de enfrentar um adversário mais perigoso no segundo tempo, o Flamengo também seguiu agredindo o Botafogo. Sem a mesma fluidez da primeira etapa, a equipe seguia buscando ser vertical e continuou gerando situações de gol
Após as saída e Pedro para entrada de Bruno Henrique, Gabi passou a atuar mais centralizado. O camisa continuou se movimentando e buscando jogo pelo lado direito e eventualmente mudava de posição com o camisa 27.
Paulo Sousa ainda fez mais três mudanças: João Gomes entrou junto com Bruno Henrique no lugar de Arão. Em seguida, Vitinho e Filipe Luís entraram nos lugares de Lázaro e David Luiz. Com isso o Flamengo ganhou fôlego e voltou a ter domínio da partida. Gabi parou na trave e João Gomes quase marcou em chute cruzado.
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Em uma troca de passes que durou mais de um minuto, o Mengão chegou ao terceiro gol. Vitinho acionou Arrascaeta na meia-lua. O uruguaio tocou e recebeu de Matheuzinho na mesma região para finalizar de fora de área e marcar um belo gol.
Após marcar, Arrasca deixou o campo para a entrada de Marinho. Com isso, Bruno Henrique voltou a atuar predominantemente pelo lado esquerdo e Marinho passou a atuar na posição de Gabi. Léo Pereira ainda marcou contra, mas o placar já estava definido e o ritmo do jogo encaminhado para mais uma vitória rubro-negra. Três a um.
Vitória ilustra evolução do trabalho de Paulo Sousa
Como o próprio Paulo Sousa disse na entrevista pós-jogo, os resultados no início de trabalho são muito importantes para consolidar processos e dar confiança ao time. Contudo o que mais deve animar o torcedor rubro-negro foi o desempenho em campo. Ofensivamente cada vez mais dinâmico e gerando muito volume de jogo, precisando de alguns ajustes na eficiência das finalizações para se tornar letal.
Bem como a equipe ainda precisa de ajustes no momento sem bola. O Mister vem buscando soluções para adequar sua proposta com bola a fase defensiva e ainda precisará de mais testes durante o estadual para encontrar soluções.
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