Análise tática – Flamengo 2x4 Bayern de Munique: o alto nível não perdoa vacilos

Atualizado: 30/06/2025, 18:34
FLAMENGO X BAYERN - COPA DO MUNDO DE CLUBES - HARD ROCK STADIUM - 29-06-2025

O futebol, por vezes, se resume a um duelo de convicções. No embate entre Flamengo e Bayern de Munique pelas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, duas equipes que cultuam a posse de bola como caminho para a vitória se encontraram.

Sóbis vê erro amador no Flamengo e explica colapso contra o Bayern

O resultado, uma derrota rubro-negra por 4 a 2, mostrou o que acontece quando uma dessas convicções é abalada por erros: o time se torna, por momentos, irreconhecível. O Flamengo caiu de pé, fiel ao seu DNA, mas foi traído por si.

Superbet
Superbet
4/5
proApostas ao Vivo

Autorizada pela Portaria SPA/MF Nº 2.090, de 30 de dezembro 2024 | +18 | Publicidade | T&C Aplicam-se | Jogue com Responsabilidade.

A grande questão tática que pairava sobre o Hard Rock Stadium era sobre quem conseguiria impor seu estilo. A resposta veio de forma brutal e imediata.

O Bayern não esperou. Logo aos 6 minutos, um desvio infeliz de Pulgar contra o próprio patrimônio inaugurou o placar e estabeleceu o tom do jogo. Sabendo que o Flamengo não mudaria a proposta, os alemães intensificaram a pressão.

Essa blitz resultou no segundo golpe. Aos 9 minutos, Upamecano roubou a bola de Arrascaeta na entrada da área, e Harry Kane, o artilheiro implacável, finalizou. A bola ainda desviou em Léo Ortiz antes de morrer no fundo da rede de Rossi. Dois diretos no queixo que teriam levado muitos à lona.

Mas não este Flamengo. A equipe de Filipe Luís se levantou e foi para o jogo. Aceitou a trocação franca. Luiz Araújo testou Manuel Neuer, e a partida se transformou em um confronto aberto, com os dois times se instalando no campo de ataque.

O gol de Gerson, uma bomba de primeira após jogada bem construída, foi a prova de que o Rubro-Negro estava vivo. Foi um flerte com a ideia de que o jogo estava sob controle, uma ilusão quebrada pelo chute preciso de Goretzka, que restaurou a vantagem alemã e a dura realidade do placar.

Números mostram eficiência do Bayern sobre Flamengo

Se olharmos apenas para as estatísticas, a história parece contar um jogo equilibrado. O Flamengo teve mais posse (51% a 49%), mais finalizações (12 a 7) e o mesmo número de grandes chances de gol (cinco para cada lado). Então, onde esteve a diferença? Na eficiência. O Bayern foi cirúrgico, transformando as poucas chances claras em gols. 

Mais do que a qualidade alemã, pesaram os presentes rubro-negros. Os quatro gols sofridos nasceram de falhas capitais. Neste nível de disputa, quem erra, raramente sai ileso. O gol contra de Pulgar, a perda de bola de Arrascaeta, o corte ruim de Luiz Araújo no terceiro gol e, por fim, outra perda de bola do camisa 7 no lance que selou o placar.

Vale destacar que o atacante, embora tenha pecado, foi um dos melhores do Mengão em campo, se doando, criando e aplicado taticamente.

O fator emocional foi visível. Nos minutos iniciais, a bola queimava nos pés de alguns jogadores, que sentiram o peso do adversário e da ocasião. O Flamengo demorou a entrar psicologicamente na partida e, quando o fez, já corria atrás de um prejuízo de dois gols.

Flamengo sai mais forte do que entrou

Seria injusto colocar a derrota na conta do técnico Filipe Luís. A escalação foi a base que venceu outro gigante europeu, o Chelsea, e a proposta de não se acovardar era a esperada. Contudo, fica o questionamento sobre as substituições, especialmente após a lesão de Pulgar, num momento em que uma ousadia maior poderia ter sido a chave para buscar o empate.

Apesar da eliminação, o balanço da participação na Copa do Mundo de Clubes é positivo. Financeiramente, o clube arrecadou expressivos R$ 152,6 milhões. Em campo, a torcida deu um show em Miami, mostrando a força global da Nação. Esportivamente, o time viu a consolidação de Jorginho como uma peça fundamental no meio-campo e a recuperação de De la Cruz.

A má notícia fica por conta da fratura no pé de Erick Pulgar, que deve desfalcar a equipe por cerca de dois meses. Ainda assim, o Flamengo se despede com uma imagem internacional muito superior à deixada no Mundial de 2023. Perdeu para um gigante, sendo fiel a si mesmo. No fim das contas, venceu quem foi melhor e mais eficiente. No futebol, às vezes, é simples assim.


James Brito
Autor
26 anos, natural de Vitória da Conquista (BA), jornalista em formação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). Curioso por natureza, busca no esporte um campo infinito para observar, aprender e comunicar.