Análise Tática – Flamengo 0x0 Botafogo: pressão sem profundidade e o preço da maratona

A maratona de jogos decisivos começou a cobrar caro do Flamengo, e o empate sem gols diante do Botafogo, no domingo (18), no Maracanã, escancarou as limitações físicas e criativas do time de Filipe Luís em um momento crucial da temporada.
➕Notas de Flamengo 0x0 Botafogo: placar zerado e criatividade também
Apesar do amplo domínio na posse de bola e da intensidade nos minutos iniciais, o Rubro-Negro não teve capacidade para transformar o volume em superioridade no placar. A ausência de peças-chave, aliada ao desgaste evidente, comprometeu o funcionamento ofensivo da equipe, que perdeu a chance de se manter colado no líder Palmeiras.

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O Flamengo começou a partida com uma postura dominante, impondo seu jogo desde o apito inicial. A estratégia de pressionar alto a saída de bola adversária funcionou nos primeiros 20 minutos, forçando erros do Botafogo e mantendo a posse (chegando a 70%).
No entanto, a superioridade territorial não se converteu em chances claras. A equipe se viu travada no último terço, pecando nas tomadas de decisão e na execução das jogadas.
Luiz Araújo, atuando aberto pela direita, assumiu o papel de criador, mas sofreu com a falta de movimentação dos companheiros. Bruno Henrique e Pedro foram mal nas associações, e Cebolinha, pela esquerda, teve atuação apagada.
Mesmo com controle total das ações, o Flamengo finalizou pouco e mal: seis das oito finalizações no primeiro tempo foram bloqueadas pela compacta defesa alvinegra.
Flamengo sofreu com ausências
A dupla Gerson e Arrascaeta fez falta; não apenas pelo talento, mas pela inteligência tática e capacidade de organizar o jogo. Sem eles, o Flamengo ficou previsível. De la Cruz, sobrecarregado na armação, assumiu demasiadas funções: marcar, conduzir e distribuir. O desgaste físico cobrou seu preço, e ele acabou substituído no segundo tempo após entorse no joelho esquerdo.
Evertton Araújo, que substituiu Gerson, foi eficiente na proteção defensiva, mas contribuiu pouco na construção. A ausência de Pulgar, ainda lesionado, privou o time de sua saída de bola qualificada, dificultando a fluidez ofensiva. A consequência foi um Flamengo que manteve a bola, mas sem criatividade para agredir.
A partir dos 20 minutos do primeiro tempo, o Flamengo perdeu intensidade. O Botafogo cresceu, ocupou melhor os espaços e chegou com perigo em três boas escapadas, explorando principalmente os lados e as costas de Wesley. A defesa rubro-negra, com Léo Pereira em noite segura, conseguiu conter os avanços, mas o sinal de alerta já estava aceso.
No segundo tempo, Filipe Luís tentou reorganizar o time com mudanças não muito comuns. Varela no meio, Juninho e Matheus Gonçalves no ataque. Mas a falta de entrosamento e a pressa da equipe atrapalharam o rendimento.
Juninho pouco participou, e Matheus tomou decisões precipitadas. A equipe ficou desorganizada, como admitiu o próprio técnico: “A partir do minuto 15 em diante, eu perdi a mão do jogo”.
Defesa merece destaque
Se há um setor que merece destaque, é a defesa. Mesmo com o desgaste coletivo e o avanço eventual do Botafogo, o sistema defensivo se mostrou sólido. Léo Ortiz e Léo Pereira foram seguros, e Rossi foi decisivo ao defender finalização perigosa de Marlon Freitas, sendo um dos principais personagens do Fla em campo.
O empate teve sabor amargo para o Flamengo. Não apenas pela perda de dois pontos em casa, mas pela demonstração de que o elenco sente o peso da maratona e dos desfalques. Faltou perna para manter a intensidade e cautela e inventividade para achar soluções diante de uma defesa fechada.
Com o confronto direto contra o Palmeiras se aproximando, a recuperação física e a volta de jogadores-chave serão determinantes. Antes, o duelo com o Botafogo-PB pela Copa do Brasil deve servir como respiro e oportunidade de poupar e ajustar.