Análise Tática: Como o São Paulo de Ceni pode encarar o Flamengo?
O Flamengo faz seu primeiro confronto em casa neste domingo (17), contra o São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro 2022. E o tricolor paulista conta um técnico bastante conhecido pelo torcedor rubro-negro: Rogério Ceni.
Após deixar o Mengão em julho de 2021, o ex-goleiro aceitou o desafio de comandar mais uma vez o clube no qual é um dos maiores ídolos da história. Desde então, Ceni acumula bons e maus momentos treinando a equipe do Morumbi.
Nesse sentido, vamos analisar o São Paulo de Ceni com e sem bola e projetar o duelo contra o Mengão.
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Como ataca o São Paulo de Ceni
Assim como Paulo Sousa, Ceni também utiliza a saída de três para iniciar as construções ofensivas do São Paulo. Porém, ao invés de usar o lateral-esquerdo para se juntar aos zagueiros, o treinador são paulino utiliza o defensor do lado oposto para auxiliar a dupla de zaga. Rafinha é o encarregado de auxiliar Diego Costa e Léo na saída de bola. Tanto o ex-jogador do Flamengo, quanto Léo tem liberdade para eventualmente progredir com bola e acionar os meias em regiões mais avançadas do campo.
Além disso, em alguns momentos, o goleiro Jandrei também pode fazer parte da saída de 3, se apresentando como opção de passe entre os zagueiros e liberando Rafinha pelo corredor lateral. Com isso, o lateral-esquerdo Welington se torna muitas vezes um ala pelo lado esquerdo se juntando ao ponta Alisson pelo setor.
Já na linha de volantes, Ceni trabalha de forma diferente de Paulo Sousa. O técnico prefere utilizar a dupla Pablo Maia e Rodrigo Nestor em alturas diferentes do campo. Maia fica mais próximo ao trio de defensores na saída de bola, enquanto isso Nestor tem mais liberdade para eventualmente se juntar a Alisson na linha de meias. Formando, assim, uma construção em “3+1”.
A título de comparação, o Flamengo normalmente utiliza dois volantes a frente dos zagueiros, formando uma saída em “3+2”. A vantagem de ter mais um jogador na linha de meias faz com que o São Paulo tenha facilitada as linhas de passe em segunda fase de construção, dada à presença de mais um jogador nesta região do campo. Aliás esse é um dos motivos pelos quais o São Paulo seja hoje uma das equipes com maior posse de bola no Brasil. Ao longo de 2022, o tricolor fica em média 62% do tempo com a bola.
Todavia, a equipe pode sofrer com menos um jogador na primeira fase de construção para iniciar as jogadas. A derrota sobre o Palmeiras na final do estadual ilustra bastante esse dilema. O São Paulo não conseguiu sair com a bola e sofreu bastante com as transições ofensivas do alviverde.
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Pelo meia direita, Ceni vem realizando diversos testes antes de dar maior sequência a um titular absoluto, de modo que Igor Gomes vem sendo muito utilizado. Contudo, devido ao desgaste físico dos últimos jogos, o meia formado no clube deve dar lugar a Nikão.
Já no ataque, Calleri e Eder se consolidaram na equipe. O ítalo-brasileiro busca bastante sair da área e gerar apoios para os meias. Já o argentino é um “homem-gol”. Não gera tanto jogo para a equipe, mas está sempre pronto para marcar seus tentos na grande área. Marcou 10 dos 11 gols na temporada 2022 com somente um toque na bola. Também é muito forte no jogo aéreo, onde já marcou seis vezes em cruzamentos.
Devido à assimetria na forma como o São Paulo ataca pelos lados do campo, as transições ofensivas da equipe são bastante direcionadas pelo lado esquerdo, onde pode contar com a velocidade de Welington e Alisson.
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Como se defende o São Paulo de Ceni
Em organização defensiva, o São Paulo possui duas formatações diferentes para as alturas de marcação que deseja pressionar seu adversário. Em bloco médio/alto, Ceni tem como o padrão o uso do 4-4-2 que em muitos momentos varia para um 4-3-3. A dupla Eder e Calleri salta pressão buscando constranger a linha de defesa adversária e por muitas vezes tem o auxílio do meia pelo setor.
Por exemplo: caso a bola chegue ao lado esquerdo são paulino, Alisson se junta a dupla de ataque e salta pressão no portador da bola adversário no setor. A mesma lógica acontece com Nikão pelo lado direito.
Já nos momentos em que o São Paulo trabalha em bloco médio/alto, Eder desce na linha de meias e Pablo Maia se torna o homem entre as duas linhas de quatro. Dessa forma, o São Paulo passa a se defender num 4-1-4-1, com Calleri sendo o único homem mais avançado da equipe.
Com relação a execução da marcação, o São Paulo usa uma marcação mista: encaixes individuais por setor pelos corredor lateral e marcação zonal pelo corredor central. Assim, é muito natural obsverar algumas perseguições longas dos ponteiros enfrentando laterais ou alas. Já por dentro, Nestor e Maia buscam coordernar subidas de pressão, visando proteger suas costas dos meias adversários.
Projeção para o duelo contra o Flamengo
Pensando num prognóstico do duelo entre Flamengo x São Paulo, é possível imaginar inicialmente uma grande disputa pela posse de bola. Com os comandados de Ceni buscando construindo de forma mais lateral e buscando ser mais paciente para chegar ao gol, enquanto a equipe de Paulo Sousa buscará ser mais vertical. Assim, é provável que o São Paulo tenha mais a bola durante o jogo.
Em organização ofensiva, o Flamengo terá sua saída de bola constrangida pelos atacantes tricolores e precisará ter efetividade nas construções pelo corredor central. Seja com João Gomes e Thiago Maia, bem como com Everton Ribeiro baixando mais próximos da dupla de volantes.
Já em organização defensiva, o Paulo Sousa terá de escolher se sobe pressão mais alto na saída de três são-paulina, igualando numericamente a região com três atacantes, ou se protege o meio de forma mais conservadora com Everton Ribeiro recompondo uma segunda linha de quatro.
De qualquer maneira, o jogo está muito condicionado as execuções em ataque pelo lado esquerdo das duas equipes: Pelo Mengão, Lázaro, Arrascaeta e o próprio Gabi atacando espaços as costas de Rafinha e Diego Costa. Pelo São Paulo, Wellington, Alisson e Eder gerando volume de jogo na região designada por Rodinei e Arão.
Enfim, a expectativa é de um grande jogo. O Flamengo tecnicamente é superior ao São Paulo, mas precisará enfrentar um adversário que coletivamente está num patamar mais avançado de trabalho, sob o comando de Rogério Ceni.
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SRN