Análise: Paulo Sousa começa a implementar seu modelo no Flamengo
Após ouvir alguns gritos de “burro” na vitória rubro-negra sobre o Audax na última quinta-feira (10), enfim parece que Paulo Sousa começa a conquistar a torcida do Flamengo.
O Mais Querido goleou o Nova Iguaçu na noite de ontem (13), pela 6ª rodada do Campeonato Carioca. Mais do que o placar o elástico, o Mengão apresentou evolução na assimilação das ideias que o Mister busca implementar no clube.
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Bom início do Flamengo facilita assimilação de ideias do Mister
Logo nos primeiros minutos do duelo contra a equipe da Baixada Fluminense, ficou claro a adaptação dos alas rubro-negros ao modelo do técnico português. Rodinei e Everton Ribeiro começaram a partida a todo vapor, gerando opção para ser acionados em profundidade.
Depois que ambos participarão das primeiras ações ofensivas do Mengão no jogo, Gustavo Henrique abriu o placar. O zagueiro aproveitou o belo cruzamento de Arrascaeta, após rebote em cobrança de escanteio, e testou firme sem chance para o goleiro adversário. 1×0.
Com o gol no início da partida, o Flamengo passou a ter mais tranquilidade para aplicar as ideias de Paulo Sousa. Como por exemplo, o posicionamento de Marinho: O atacante ocupou na maior parte do tempo a faixa central do campo, abrindo o corredor lateral para as ultrapassagens de Rodinei.
Assim como o trio de zagueiros demonstrou bastante qualidade para iniciar a construção rubro-negra. Com destaque para Fabricio Bruno e Gustavo Henrique. Enquanto o estreante rapidamente compreendeu a necessidade de acionar os volantes em jogo interior, por outro lado o camisa 2 se destacou nos passes longos.
Além disso os volantes Arão e João Gomes parecem estar mais adaptados a receber de costas e dominar orientando rapidamente o passe para buscar o último terço. Esses movimentos são fundamentais para gerar dinâmicas de terceiro homem. Seja com os meias mais próximos de Gabi, bem como com os ponteiros em amplitude.
Flamengo evolui na execução do Pós-Perda
Na fase defensiva, também houve evolução na pressão pós-perda. Movimentos melhores coordenados de meias e atacantes sufocaram a saída de bola adversária. Nos poucos momentos onde o Nova Iguaçu conseguiu chegar próximos a zona de finalização, Léo Pereira se destacou no controle de profundidade.
Como resultado, a equipe alcançou 22 desarmes em toda partida. Mais do que o dobro do Nova Iguaçu, que somente obteve 8 desarmes no jogo.
Após produzir bastante volume de jogo e defensivamente não dar chances ao adversário, o Flamengo ampliou o placar. Em bela cobrança de falta, Arrascaeta marcou o segundo gol do Mengão na partida.
Os primeiros 45 minutos de jogo terminaram com a sensação de que o Paulo Sousa avançou casas na estruturação da equipe para a temporada 2022.
Paulo Sousa faz mais testes no segundo tempo
Do mesmo modo em que começou o jogo, o Flamengo manteve o ritmo forte no início da segunda etapa. Em especial, gerando perigo pelos corredores laterais. Ainda assim, o Nova Iguaçu mudou sua estrutura, visando pressionar mais a saída de bola rubro-negra. O volante Abuda deu lugar ao meia Carlinhos. Assim, a equipe passou de 4-1-4-1 para um 4-2-3-1.
Dessa forma, visando facilitar a 1ª e 2ª fase de construção, João Gomes passou a atuar mais próximo de Arão. Nesse sentido, a equipe voltava a gerar superioridade numérica na faixa central do campo.
Então, foi a vez de Paulo Sousa também realizar trocas no Flamengo. Diego, Filipe Luís e Vitinho entraram nos lugares de João Gomes, Gustavo Henrique e Marinho. A estrutura tática da equipe em campo não mudou, contudo as diferentes características dos jogadores mudaram as funções de algumas peças.
Léo Pereira passou a ser o zagueiro central, enquanto Filipe Luís se tornou o zagueiro pela esquerda em organização ofensiva. Assim como João Gomes, Diego seguiu mais próximo de Arão, porém buscando pesar mais a última linha adversária. Já Vitinho conseguiu gerar mais janelas para ser acionado no último terço que Marinho. Mas o camisa 11 tomou decisões ruins no último terço.
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O Flamengo passou a ser mais agressivo com bola e também a sofrer mais nas estocadas do adversário. Nesse meio tempo chegou ao terceiro gol. Arrascaeta cruzou na área, porém a bola foi interceptada com o braço por Gilberto. Pênalti marcado e convertido pelo “Príncipe da Gávea”. 3×0.
Paulo Sousa volta a testar Pedro e Gabi juntos
Depois o terceiro tento rubro-negro o jogou entrou num modo bem menos intenso. Com o adversário entregue, Paulo Sousa ainda fez mais duas mudanças: Renê e Pedro entraram nos lugares de Everton Ribeiro e Léo Pereira.
Enquanto Renê voltou a atuar aberto pela esquerda, Pedro e Gabi voltaram a ser testados juntos. A dupla voltou a atuar mais próxima no momento defensivo e juntos construíram o quarto gol do Mengão. Além disso, Arrascaeta passou a atuar na linha de volantes, mais próximo de Diego. De modo que Arão passou a ser o zagueiro pela direita
Após roubada de bola de Filipe Luís no campo adversário, Renê acionou Gabi, que de primeira serviu Pedro para ampliar o placar. 4×0. Por fim, Diego ainda fechou a conta. O meia recebeu passe de Renê já na grande área, para fuzilar para o gol e dar números finais ao jogo. 5×0.
Antes de mais nada, o desempenho do Flamengo é o principal destaque na goleada contra o Nova Iguaçu. Pouco a pouco, Paulo Sousa começa a aplicar seu modelo de jogo no clube. Saindo do campo teórico e partindo para prática em campo.
Cada vez mais os jogadores conseguem identificar as vantagens geradas pelo modelo de jogo do português e transformar isso em volume de jogo e consistência defensiva.
Enfim , ainda continua sendo muito cedo para tirar qualquer conclusão. Todavia o teste no próximo domingo (20) contra o Atlético/MG será um passo importante na consolidação de seu trabalho no clube.