O Flamengo de Renato Gaúcho é difícil de ver jogar

21/10/2021, 08:44
Flamengo de Renato Gaúcho

Para torcedores de outros times, ver reclamação do Flamengo de Renato Gaúcho é sinônimo de loucura. “Como assim, reclamar desse timaço?”; “Vocês são malucos! Ruim mesmo é meu time”.

Essas e outras frases são fáceis de serem escutadas em mesas de bar e lidas em grupos de WhatsApp e postagens nas redes sociais. Até mesmo nas nossas lives do Tática Didática também vemos estes comentários.

É claro que a torcida rubro-negra ainda é orfã de Jorge Jesus. O trabalho vitorioso de 2019 e 2020 deixou marcas. É necessário separar o joio do trigo, mas ao mesmo tempo ser justo: as análises do Flamengo de Renato Gaúcho, criticando a postura do time têm sentido.

Óbvio que o Flamengo não jogará como naquele período. Há muitos fatores que se modificam com o passar dos anos, mesmo com a base do elenco. O preparo físico não é o mesmo, o aspecto anímico também não. Os outros treinadores estudam mais profundamente o time e há um relaxamento natural de quem já ganhou tudo.

Mais detalhes no vídeo abaixo, feito pelo Tática Didática.

Veja a análise do empate entre Athletico e Flamengo feita pelo Tática Didática

Colocar o time de Jorge Jesus como o espelho de como o time deve jogar é um erro. No Tática Didática sempre falamos sobre isso. O correto é colocá-lo como um parâmetro do que esse elenco pode produzir.

E, venhamos e convenhamos, hoje Renato Gaúcho tem um material humano melhor do que o português teve. É inconcebível um time com esse poder de fogo ter dificuldades contra sistemas defensivos mais fechados.

Contra o Cuiabá é preciso relevar. A estratégia toda da equipe foi jogar daquela maneira. E, taticamente, fizeram uma partida perfeita. Fecharam todos os espaços, mesmo com o ataque do Flamengo se movimentando. Agora, contra o Athletico não há justificativa. O time paranaense deixou espaços ao longo dos 90 minutos. A entrelinha, então, estava aberta o tempo todo.

Não dá para cravar se é um relaxamento do elenco rubro-negro. Mas algo errado não está certo, como diz a gíria popular. O time está apático, sem tesão. Há uma percepção de que os jogadores acreditam que podem ganhar a qualquer momento. E isso não vai ocorrer. Futebol de alto nível não se joga assim, como sempre falamos nos vídeos do Tática Didática.

Flamengo de Renato Gaúcho foi parado pelo Ahletico de Alberto Valentim. Foto: Athletico-PR

Assistir Pedro dizer que o Flamengo “jogou de igual para igual” contra o Athletico é revoltante. Pode perguntar para qualquer torcedor paranaense. Todos, até o mais otimista, vão ser claros: “O Flamengo tem um time superior ao Athletico”. Quem tem que jogar de igual para igual são eles. Não o Flamengo.

É como se ao final de um Liverpool e Wolverhampton, Jurgen Klopp falasse que o Liverpool está de parabéns porque jogou de igual para igual contra um adversário inferior.

É óbvio que muitas respostas são pragmáticas e orientadas pela assessoria de comunicação. Mas se esse discurso estiver como realidade na cabeça dos jogadores, o Flamengo corre sérios riscos de não ganhar nenhum dos títulos que está disputando.

O Flamengo de Renato Gaúcho não tem que ser mágico como o de Jorge Jesus. O trabalho dele, enquanto técnico, é potencializar os jogadores para que eles encontrem, dentro de campo, formas de sair das dificuldades impostas pelo adversário.

Assim como o português fez em 2019.

E assim como equipes com o potencial técnico do Flamengo, ao redor do mundo, fazem. Qualquer coisa fora disso é decepcionante e configura um péssimo trabalho.


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