Análise: Flamengo pouco evolui na vitória sobre o Sporting Cristal
O Flamengo iniciou sua trajetória na Taça Libertadores da América com vitória. O Mais Querido venceu o Sporting Cristal no Peru e garantiu seus primeiros três pontos na competição continental.
Apesar de voltar a vencer após perder o Campeonato Estadual, a equipe apresentou uma evolução bem pequena em relação aos dois jogos contra o Fluminense na última semana.
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Flamengo volta a sofrer na saída de bola mas encontra seu gol
O Mengão veio a campo com algumas mudanças de peças em relação a equipe que empatou no último sábado o clássico. Arão, Thiago Maia, Everton Ribeiro e Matheuzinho foram as caras novas da equipe nos lugares de João Gomes, Lázaro, Arrascaeta e Rodinei.
Ofensivamente, a equipe manteve sua estrutura em 3-4-2-1, porém com uma mudança importante: a utilização de Andreas Pereira mais avançado no campo. Ao invés de atuar na linha de volantes, o meia belga foi escalado pela primeira vez sob o comando de Paulo Sousa como um meia interior pelo lado esquerdo. A princípio, a ideia era emular os movimentos de Arrascaeta pelo setor e aproveitar os espaços no entrelinhas do adversário.
Além disso, foi possível constatar mais uma mudança na organização ofensiva da equipe: a presença mais próxima de Matheuzinho a linha de zagueiros. O ala direito buscava gerar mais opções como homem livre no setor e algumas dinâmicas para sair com passes curtos conseguiram ser realizadas graças a melhor movimentação do jogador.
Dessa forma a equipe conseguiu iniciar melhor sua 1ª fase de construção e não forçar tanto as conexões mais longas com os atacantes para chegar ao último terço. Todavia, o Flamengo seguiu com dificuldades para conseguir entrar em último terço para finalização. Com Bruno Henrique na ala esquerda e sem Pedro, a equipe não tinha profundidade para empurrar seu adversário para seu campo de defesa.
Os volantes Thiago Maia e Arão também tinham dificuldades para acionar Everton Ribeiro e Andreas no entrelinhas. Bem como Gabi esteve numa noite pouquíssimo inspirada e pouco gerou opções de ruptura para atacar a última linha adversária.
Numa transição ofensiva, após retomar rapidamente a posse de bola, o Flamengo chegou ao placar na sua única grande chance de gol na primeira etapa. Arão recuperou a posse e acionou Matheuzinho no corredor lateral direito. O jogador cruzou rasteiro para área e encontrou Bruno Henrique no segundo pau, para completar para o gol. 1×0.
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Paulo Sousa dá um passo atrás e Flamengo se defende de forma mais conservadora
Se na fase ofensiva, Paulo Sousa manteve a estrutura utilizada nos últimos jogos, sem bola o Flamengo mudou um pouco. Em organização defensiva, ao invés de se defender no 4-3-3, o Flamengo trabalhou majoritariamente no 4-4-2. Pela direita, Everton Ribeiro fez aquilo que Gabi tem dificuldades quando atua como meia interior: recompor a segunda linha de quatro.
Dessa forma, a equipe teve menos problemas para proteger os corredores laterais. Tanto pela organização defensiva escolhida, quanto por utilizar um bloco médio e ter maior facilidade para compactar os setores. Assim, o Flamengo pouco sofreu na primeira etapa com os ataques do Sporting Cristal.
Flamengo cai de rendimento porém marca no fim da partida
O segundo tempo parecia ter o mesmo panorama da primeira etapa. O Flamengo conseguindo se defender do Sporting Cristal e evoluindo sua construção ofensiva. Contudo ao passar da etapa final, o ritmo rubro-negro foi diminuindo com e sem bola. Mesmo com a solução de trazer Matheuzinho mais próximo da saída de bola, a equipe voltou a ter dificuldades já na primeira fase de construção e viu seu adversário evoluir com bola.
Com dificuldades para furar o bloqueio do Flamengo pelo corredor central e mais próximo do gol, a equipe passou a forçar cada vez mais os lançamentos longos buscando a grande área. Bem como a bola parada. E pelo alto, o Sporting Cristal criou duas chances de empatar o jogo. Hugo Souza salvou o Flamengo nas duas oportunidades.
Com a queda de rendimento, Paulo Sousa fez algumas mudanças buscando fortalecer fisicamente a equipe. João Gomes entrou no lugar do ainda fora de ritmo Thiago Maia e Léo Pereira entrou no lugar do machucado Filipe Luís em posição em que já vinham sendo utilizados. Já Lázaro entrou no lugar de Everton Ribeiro e passou atuar pelo lado direito, onde foi pouco utilizado na temporada.
Por fim, o treinador português mudou a dupla de ataque. Pedro e Matheus França passaram a formar a dupla de ataque entrando nos lugares e Gabi e Arão. Com isso, Andreas Pereira voltou a atuar na linha de volantes.
Com fôlego renovado, o Flamengo voltou a tomar as rédeas do jogo e sofrer menos defensivamente. No fim, matou o jogo pelo lado direito. Gustavo Henrique acionou Lázaro no meio espaço direito. O jovem jogador formado na Gávea percebeu o desmarque de Matheuzinho no corredor lateral no setor e acertou belo passe. O ala direito finalizou com tranquilidade para dar números finais ao placar. 2×0.
Apesar da vitória, equipe segue precisando evoluir
De tudo que aconteceu em campo na noite de ontem no Peru, o resultado com certeza foi o fato mais positivo para o Flamengo. A atuação da equipe seguiu no padrão dos dois duelos contra o Fluminense em especial na fase ofensiva. A equipe segue com dificuldades para construir e entrar no último terço.
E isso tanto tem responsabilidade do técnico Paulo Sousa, quanto dos jogadores. O período de testes se encerrou e a equipe chega ao momento no qual de fato irá disputar os campeonatos mais importantes da temporada.
De qualquer maneira, foi possível enxergar pequenas adaptações visando a evolução com e sem bola. Contudo, é preciso mais rápida para desafios do Flamengo para 2022.