Análise: Flamengo é superado pelo Atlético-MG em todas as fases do jogo
Em seu terceiro jogo comandando o Flamengo na terceira passagem, Dorival Jr. enfrentou o Atlético-MG de Antônio “Turco” Mohamed. Do princípio ao fim, a equipe mineira foi superior em todos os aspectos do jogo e, por isso, venceu o Mais Querido com autoridade.
Flamengo assusta com lampejo de Andreas, mas Atlético-MG abre o placar no primeiro tempo
Passando em princípio pelo plano tático inicial do jogo, o Flamengo manteve a estrutura inicial em 4-1-4-1/4-3-3, predominante em bloco médio. Arrascaeta, que num primeiro momento ficou mais próximo de Andreas pela meia esquerda com o passar do tempo se alinhou a Gabi.
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Já nos minutos iniciais, era possível notar a dificuldade da equipe em organização defensiva. Isso porque com encaixes individuais por setor mal realizados, o Atlético conseguia gerar linhas de passe pelo lado e encontrava espaço em bola descoberta pelo centro do campo.
Nesse sentido, a equipe pouco conseguia contra-atacar o clube alvinegro. Nas transições ofensivas durante a primeira etapa, as tomadas de decisão erradas de Vitinho desaceleraram as ações; além disso, a transição defensiva atleticana também foi bem eficiente.
Já com bola, o Flamengo tinha muitas dificuldades para construir devido à pressão do Atlético-MG na saída de bola. Gatilhos de pressão bem estabelecidos faziam a equipe forçar bolas longas buscando os ponteiros, bem como algumas “faltas táticas”.
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As únicas chances reais do Mengão na primeira etapa foram com Andreas Pereira em dois lances em sequência de bola parada. Assim o meia belga obrigou Éverson a fazer duas boas defesas.
Em contrapartida, o atual campeão brasileiro teve diversas chances de condicionar finalizações, mas pecou demais nas assistências. A equipe desperdiçou três transições ofensivas com condições de abrir o placar.
O Atlético-MG também construiu uma grande oportunidade de gol em ataque posicional. Mariano achou Jair nas costas de Ayrton Lucas e passou mal na grande área. Chamou a atenção a diferença da distância em que os marcadores rubro-negras da bola.
E aos 34 minutos, o Atlético-MG abriu o placar. Em uma rápida inversão de corredor. Arana ficou livre no bico da área cruzou para Keno, que centralizou Matheuzinho. Vargas prendeu Ayrton Lucas e assim Nacho pegou o rebote de Diego Alves. 1×0.
O Flamengo ainda se expôs a outros dois contra-ataques no fim da primeira etapa. Mas Hulk e Nacho voltaram a tomar decisões ruins e pouparam o Mengão de sair para o intervalo com um placar mais elástico.
Fla faz início de segundo tempo animador, mas é controlado pelo adversário
Dorival Jr. voltou para os 45 minutos finais com duas mudanças: Arão e Marinho nos lugares de Andreas e Vitinho. Everton Ribeiro foi deslocado para o lado esquerdo do campo, trocando bastante de posição com Arrascaeta. O Flamengo teve seu melhor momento no jogo.
A equipe conseguiu sair da pressão adversária e construiu algumas situações de gol em organização ofensiva e contra-ataque, devido à melhor execução dos jogadores. Porém, foi um período bem curto de oito minutos e que não gerou impacto no resultado do duelo.
Além disso, a postura mais agressiva na saída de bola passou a gerar mais um problema: lidar com as bolas longas de Éverson buscando o setor ofensivo do Atlético-MG. Prestem atenção nesta dinâmica, pois irá se repetir algumas vezes.
Dado o crescimento do Flamengo na partida, Turco Mohamed fez mudanças. Ademir e Rubens entraram a fim de proteger melhor os corredores laterais e também serem válvulas de escape para os contra-ataques. O Atlético-MG se estabeleceu em 4-2-3-1.
Protegendo melhor a profundidade em bloco médio, o Atlético-MG freou a leve evolução do Flamengo no segundo tempo. Em contra-ataque, Alan interceptou a bola de Pablo e partiu em progressão, mas perdeu o timing para acionar Hulk.
O panorama de domínio do Atlético-MG voltou a ser vigente. Mas dessa vez com menor posse de bola. Atacando de forma rápida com Éverson e em contra-ataques, porém sem êxito dos jogadores nas execuções.
De modo a ter mais profundidade na área e poder de fogo pelo lado esquerdo, Dorival Jr. trouxe a campo Pedro e Lázaro nos lugares de Gabi e Everton Ribeiro. Apesar disso, a equipe pouco conseguiu criar além das ações individuais de João Gomes com bola.
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Após muitas tentativas, enfim o Atlético-MG sacramentou sua vitória. Em rápida transição ofensiva após lançamento de Éverson, Mariano lançou Hulk em profundidade. O atacante ajeitou para Ademir dar números finais ao jogo. 2×0.
Diego entrou no lugar de João Gomes no fim, mas o Flamengo não conseguiu chegar perto de marcar. Em mais uma bola longa de Éverson, o Atlético-MG venceu a segunda bola e perdeu a chance final com Rubens.
Início de trabalho de Dorival Jr. não tira responsabilidade dos jogadores no mau desempenho da equipe
No fim, o resultado ilustra a diferença atual entre as duas equipes. Diante de elencos tão qualificados, uma comissão técnica com mais tempo de trabalho naturalmente conseguirá executar melhor suas ideias. Especialmente nas abordagens em organização defensiva.
Dorival Jr. ainda precisa evoluir bastante em como o Flamengo busca pressionar a saída de bola dos seus adversários. Os encaixes em 4-3-3 não conseguem constranger o oponente e geram espaços às costas. Blocos espaçados e que ficaram à feição para bolas longas de Éverson.
Porém, isso não tira a responsabilidade dos jogadores. Péssimas ações com e sem bola, sem intensidade e velocidade necessárias para enfrentar um grande rival. O único jogador que pode ser isento dessas críticas é João Gomes, que mais uma vez foi o único destaque individual.
O Flamengo pode vencer o Atlético-MG na quarta-feira (22) no novo encontro entre às duas equipes pela Copa do Brasil. Mas para isso precisará apresentar uma instantânea evolução a fim de desempenhar mais que o seu adversário. E, por fim, uma pitada de sorte para mitigar os problemas da equipe.