Esse artigo se destina a comparar estatisticamente os jogadores do Flamengo que estavam no plantel em 2015 com quem está chegando para disputar posição com eles. Desse modo, conforme o Flamengo for confirmando negociações o artigo será atualizado com os novos nomes.
Critérios:
- O percentual de jogos se refere aos jogos disputados pelo jogador na temporada. No caso do César Martins a referência é a partir da chegada dele ao Flamengo.
- Para coerência na comparação técnica usei os dados relativos apenas ao Campeonato Brasileiro, já que estaduais tem fórmulas e níveis distintos e nem todos estiveram em todas as fases da Copa do Brasil.
- Os dados são compilações dos sites Footstats, Who Scored e O Gol.
- Como alguns jogadores eram reserva e outros titulares, optei por dividir o número de minutos jogados por 90 e aí sim fazer a estatística por “jogo”, de modo a evitar distorções.
1° Volante
Os dados iniciais revelam que William Arão, Cuellar e Jonas tem perfil semelhante, ambos jovens e de boa estatura, o que facilita não só a proteção da zaga em termos de força e velocidade, quanto aponta que ambos podem ajudar nas bolas aéreas, também estão ainda em fase de ascensão física e técnica, enquanto Márcio Araújo já se encontra em declínio acentuado.
Os números iniciais mostram que defensivamente William Arão e Márcio Araújo são semelhantes, seja em termos de cartões, faltas ou desarmes, onde Arão leva pequena vantagem. No entanto, Jonas se sobressai tendo quase a mesma frequência de desarmes que os outros dois juntos o que implica no número maior de faltas, já o número de cartões tem influência da fama de violento que ganhou no estadual. O Destaque fica com o número de botes por jogo, algo que ilustra bem o quanto Jonas é muito mais marcador que Márcio Araújo e também eficiente, considerando a diferença entre os certos e errados.
Ofensivamente a situação se inverte, Jonas tende a ficar mais recuado e dar menos passes por jogo. O que se repete é a semelhança entre William Arão e Márcio Araújo com números bem parecidos, onde Arão leva vantagem por sua maior presença em cruzamentos, finalizações e assistências. Aliás, Arão é entre todos o único a ter marcado gols: 5.
Cuellar chegou já no fim da pré-temporada e tem perfil muito parecido com o de Jonas, apesar de não parecer ser tão eficiente quanto. No “jogo ofensivo” também não se destaca, então não seria aquele primeiro volante distribuidor que inicia a criação, não aparece tanto no ataque. Me pergunto se perderam tanto a esperança no Jonas a ponto de achar que ele não pode deixar a marca de violento pra trás.
A conclusão é a de que Márcio Araújo passa a não ser necessário no elenco, já que Arão pode ser um volante que sai mais para o jogo, algo que encaixa no triângulo de base baixa, enquanto Jonas ou Cuellar são melhor opção para fixar um volante a frente da zaga usando então um triângulo de base alta no meio. Ainda é possível perceber que faz-se necessário um volante melhor que estes, que consiga de modo equilibrado jogar com e sem a bola, o que parece difícil após o investimento em Cuellar, talvez caiba tentar migrar Canteros pro setor e testar no Carioca.
Lateral Direito
Rodinei Marcelo de Almeida | Marcos Rogério Ricci Lopes | Leonardo Moreira Morais |
23 anos | 29 anos | 24 anos |
1,75 m | 1,73 m | 1,79 m |
Atuou em 84% dos jogos | Atuou em 86% dos jogos | Atuou em 23% dos jogos |
Rodinei e Léo são jovens, ainda possuem um caminho de evolução física e técnica, enquanto Pará está em declínio já prestes a completar 30 anos no início da próxima temporada. Contra Léo pesa o grande histórico de lesões e o fato de ter sido não apenas reserva, mas muito pouco utilizado durante o ano.
Em termos de cartões e faltas Léo se destaca por ter números bem piores, mas considerando que não teve sequência e jogou pouco a falta de ritmo pode ter sido um fator importante para a diferença. Nos demais itens ligados a defesa vemos um equilíbrio entre Léo e Rodinei, ambos marcadores com bons números de desarmes e botes, enquanto Pará apesar de errar menos que Léo tenta bem menos também.
Ofensivamente Rodinei e Pará se equivalem, Léo fica um pouco para trás, mas nenhum dos três tem números realmente bons. Destaca-se o estarrecedor campo de cruzamentos, fundamento que deveriam dominar e é pessimamente executado.
Conclui-se que Rodinei pode ser um bom lateral de proteção em um esquema que segura mais os laterais e libera o meio, o que é um desperdício com Jorge em campo. Mas nenhum destes consegue ter números bons de apoio, o que leva a crer que o Flamengo deva buscar algum outro nome no mercado ou terá que colocar um volante para subir aberto enquanto o lateral fecha a defesa em seu lugar para não jogar “torto” como em 2015.
Zagueiro
Enquanto Antônio Carlos e César Martins são muito jovens, Juan já está em fim de carreira e Wallace apresenta-se como meio termo. Ao contrário de Juan em evidente decadência física não só pela idade, mas por todo o histórico de lesões que possui, os demais ainda estão em crescimento físico e técnico, estando Wallace para entrar em seu auge no próximo ano.
Era de se imaginar que alguém com a idade e a condição física de Juan tivesse números piores na defesa, assim não surpreende ver que é o mais faltoso, o que mais tem cartões e o que desarma menos, já que não tem mais velocidade para acompanhar os adversários que está marcando, nem mesmo sua capacidade de se posicionar bem está fazendo diferença como vemos no campo de botes, onde só é melhor que César Martins. Se Samir era um destaque pouco melhor que Wallace bem à frente dos outros com bons números de acertos e baixíssimo índice de erros, Antônio Carlos é apenas um pouco melhor que César Martins e parece que vem para brigar com este pela posição, inclusive por ser destro.
Com a bola no pé Juan é o único que acerta mais que erra em passes longos, mostrando que chutão é uma péssima ideia para a defesa do Flamengo. Wallace também se destaca positivamente nos passes certos, mas ainda com um número preocupante de erros. Já Antônio Carlos dá menos passes que os zagueiros do Flamengo, parece arriscar mais nos longos mostrando o uso frequente da ligação direta da defesa do Avaí, porém apesar de ter um número razoável de acertos tem um ainda maior de erros, mostrando problemas com a bola no pé.
A conclusão é a de que Juan não tem condições de brigar pela titularidade, no máximo auxiliar nos treinos e ser um líder do banco. Wallace é titular absoluto considerando as opções e, para maximizar seu desempenho, tem que atuar pelo lado direito da zaga. Para completar a dupla, Antônio Carlos sai ligeiramente na frente de César Martins, sendo inclusive bom cabeceador.
Goleiro
Alex Roberto Santana Rafael | Paulo Victor Mileo Vidotti | César Bernardo Dutra |
26 anos | 28 anos | 23 anos |
1,88 m | 1,87 m | 1,94 m |
Atuou em 87% | Atuou em 71% | Atuou em 29% |
Dos 3, Paulo Victor é o mais velho e o mais baixo, enquanto César é o mais novo e mais alto. Após um 2014 muito bom, Paulo Victor teve um 2015 ruim, César também teve problemas esse ano, o que significa que além da mudança negativa do preparador de goleiros, a defesa não ajudou nem um pouco a proteger o gol rubro-negro. Alex Muralha vem de duas temporadas consistentes, porém com um time com uma defesa quase tão ruim quanto a do Flamengo, tendo sofrido apenas 3 gols a menos.
Como podem ver, o aproveitamento de pontos de Muralha e Paulo Victor é bem semelhante, ambos foram os que mais atuaram por seus times. Já César tem um aproveitamento bom com 50% dos pontos conquistados no curto período em que o companheiro estava machucado. É nos jogos sem sofrer gols que vemos uma coincidência interessante, se somar os números de Paulo Victor e César teremos o mesmo número de jogos sem sofrer gol de Muralha, que jogou praticamente todos os jogos do Brasileirão.
O número de defesas por jogo é bem semelhante entre Paulo Victor e Muralha, César tem um pouco menos, mas os números também estão bastante ligados a quantos chutes a defesa permite contra o gol de seu time, nesse caso houveram menos finalizações contra o Flamengo no 1° turno (Quando a dupla era Wallace e Samir, pasmem), quando César jogou, enquanto no 2° turno a defesa rubro negra permitiu mais chutes contra Paulo Victor (61 vs 89). Já Muralha teve ainda mais trabalho com 148 finalizações na direção de seu gol.
Na saída de bola César é o que mais acerta e o que mais erra, Paulo Victor o pior no fundamento, mas o ruim é que nenhum dos 3 sai bem na bola longa, o que reforça a importância de evitar os “chutões” pra frente e sair com calma, com a bola no chão.
Minha conclusão é que Muralha é um bom reforço, não é muito superior a Paulo Victor, mas creio que seja o momento dele respirar novos ares e ser emprestado, quem sabe negociado. Já César deveria ter uma chance real sendo o titular do Carioca, aliás, uma sugestão é que o Flamengo faça como o Barcelona e deixe um goleiro pro campeonato nacional e outro para a copa, afinal goleiro tem que jogar com alguma regularidade ou sempre que entrar sofrerá com falta de ritmo.
2° Homem de Meio
Federico Andrés Mancuello | Alan Patrick Lourenço | Héctor Canteros |
26 anos | 24 anos | 26 anos |
1,77m | 1,78 | 1,76m |
Atuou em 48% | Atuou em 45% | Atuou em 55% |
A análise precisa começar evidenciando que os 3 jogadores têm características um pouco diferentes entre si. Alan Patrick é um armador carregador de bola, enquanto Mancuello e Canteros ocupam a função de 2° volante, ou seja, os números deles se referem a uma posição um pouco mais recuada no campo que Alan Patrick que jogou bem perto do gol em 2015. Contudo, no 4-1-4-1 que Muricy deve implantar (considerando que o esquema do sub-20 na Copinha é referência) todos os 3 disputariam 2 vagas pelo lado de dentro da linha central, enquanto as pontas ficariam para Ederson na esquerda e Cirino ou Sheik na direita.
Aviso: Os números do Mancuello referem-se a temporada 15/16.
Defensivamente não há o que se questionar a respeito da disputa. Mancuello e Canteros (mesmo em um ano muito abaixo do de 2014) têm números sólidos de desarme, ambos auxiliam a proteção à zaga, enquanto Alan Patrick nitidamente é um jogador que não joga sem a bola, sequer tenta marcar ou recuperar a bola perdida ainda no ataque, algo fundamental no futebol de hoje como vemos o Corinthians fazer bem, inclusive Renato Augusto terminou o Brasileiro com 50 desarmes, pouco mais que o triplo do Alan Patrick.
Ofensivamente Alan Patrick que atua mais perto da área e era o nome das bolas paradas ganha vantagem no número de gols, porém o gol que é fundamental na análise de atacantes é um detalhe na análise de meias, cuja função principal é dar assistências. Para alguém que atua mais perto do gol, ter apenas 1 assistência a mais que Mancuello e Canteros é bem pouco para Alan Patrick, cujo pecado frequente é arriscar muitos chutes de fora da área ao invés de buscar o passe para um companheiro melhor posicionado, inclusive muito se reclamou da falta de bolas passadas a Guerrero em condições de finalizar.
Sabendo-se que no 4-1-4-1 há um volante fixo a frente da zaga, precisamos de uma dinâmica onde um dos meio-campistas centrais fique e outro suba para o apoio e criação, sendo inclusive o responsável para aparecer de trás como homem surpresa e finalizar. No balanço dos números defensivos e ofensivos me parece mais consistente ter como dupla Mancuello e Canteros, que podem tanto compor a defesa armando de trás, quanto avançar e criar jogadas ou finalizar, habilidade em que Mancuello leva certa vantagem e dinâmica na qual se destacou atuando no Independiente.
Lateral Esquerdo
Francisco Sousa dos Santos | Jorge Marco de Oliveira Moraes |
26 anos | 19 anos |
1,70 m | 1,84 m |
Atuou em 34% da temporada | Atuou em 41% da temporada |
A primeira grande vantagem de Jorge é a idade, 7 anos mais novo, além de 14cm mais alto, fisicamente acaba levando vantagem em relação a Chiquinho. Além disto, enquanto Chiquinho foi reserva e atuou em apenas 10 jogos pelo Santos no Brasileirão, Jorge tomou a titularidade e disputou 22 jogos pelo Flamengo na mesma competição, sendo ainda recorrentemente convocado para a seleção olímpica.
Defensivamente Jorge é um monstro, além de ser o jogador que mais desarma no time, foi o 12° no campeonato sendo lateral. Inclusive chama a atenção a grande diferença entre os botes e desarmes certos em relação aos errados por jogo, mostrando sua eficiência.
Já ofensivamente os números são bem semelhantes nos fundamentos principais, talvez o destaque seja que Jorge é um carregar de bola muito mais eficiente sendo inclusive o que mais corretamente dribla no time e o 2° que mais driblou no campeonato.
Creio que ninguém imagine uma briga pela posição na lateral esquerda, pelo contrário, a preocupação é se teremos um substituto à altura quando Jorge estiver na seleção e, ao que tudo indica, não perderemos tanto no apoio, mas haverá um baque significativo na defesa. Uma outra possibilidade e vermos Éverton na lateral e não Chiquinho em caso de ausência de Jorge.
Saudações Rubro-Negras
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