A dois meses da Copa do Mundo, Tite inicia a preparação final do Brasil. Nos últimos testes para a competição, dois jogadores rubro-negros estão muito cotados para participar do Mundial: Everton Ribeiro e Pedro.
Nesse sentido, vamos abordar como o treinador pode utilizar a dupla.
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Como o Brasil de Tite ataca?
Antes de mais nada, precisamos falar como Tite vem escalando a Seleção Brasileira ao longo deste ciclo de Copa do Mundo, focando em especial no período mais recente.
Com bola, o técnico passou a usar a saída de três para iniciar as construções. Enquanto um dos laterais se junta aos dois zagueiros, o defensor do lado oposto tem liberdade para atuar avançado.
O posicionamento do lateral depende da dupla de volantes. Tite vem usando com mais frequências dois médios com maior poder de cobertura defensiva. No período, Casemiro e Fred foram os jogadores mais utilizados no setor.
Com isso, a amplitude de um dos lados do campo é muita das vezes ocupada pelo lateral mais frente do campo. Assim, o ponta que ocupa o respectivo corredor centraliza para atuar mais próximo de Neymar e Paquetá.
Dessa forma, o Brasil goleou o Uruguai por 4×1 em Manaus no fim de 2021. Em alguns momentos os laterais também tinham liberdade para se associar a Paquetá e Raphinha abertos, bem como auxiliavam Lucas Veríssimo e Thiago Silva.
Tite faz mudanças para potencializar Vinicíus Jr.
Com atacantes em baixa, Tite passou a testar uma formação com Neymar e Paquetá sendo os homens mais avançados. Assim, Vinicius Jr. passou a ter oportunidades de atuar aberto na esquerda. Como resultado, o Brasil em muitos momentos realizou uma saída sustentada, ou seja, com uma linha de quatro defensores (zagueiros e laterais).
Um teste bem sucedido aconteceu na goleada sobre o Chile no início do ano por 4×0. Onde Neymar saia bastante da referência como “Falso 9” para Paquetá e Vinícius Jr. atacarem a profundidade de forma coordenada.
Por fim, Tite também testou o ataque no 3-2-4-1 usando ambos os laterais na primeira fase de construção. Na vitória sobre o Paraguai (também no início de 2022), Daniel Alves atuou como volante ao lado de Fabinho. Já Alex Telles participou da saída de bola junto a Thiago Silva e Marquinhos.
Com isso, a equipe conseguiu atuar com os dois ponteiros e o atacante mais à frente do meia de ligação Coutinho substituiu Neymar na ocasião.
Como o Brasil de Tite se defende?
Diferentemente do momento com bola, Tite fez poucos testes na formatação defensiva da equipe. O Brasil sem bola atuou majoritariamente no 4-4-2, com Neymar sobrando a frente da última linha.
Marcação zonal com bloco médio/baixo e alguns encaixes individuais quando pressiona mais avançado no campo.
A única mudança no período ocorreu no companheiro de Neymar mais avançado. Como já citado, a ausência de um centroavante fez com que Paquetá atuasse com Neymar. Logo, em muitos momentos o meia formado na Gávea foi o companheiro do camisa 10.
Com presença do ataque de referência, esse jogador atuou mais avançado e ocupou outros setores sem bola, seja pelo lado do campo ou como volante.
Como Tite pode encaixar Everton Ribeiro e Pedro na equipe?
Passada a recapitulação geral sobre como o Brasil atua, podemos imaginar a forma que Tite pode usar Everton Ribeiro e Pedro. Em relação à escalação do centroavante rubro-negro, fica fácil identificar que pode ser utilizado sendo a referência do ataque ao lado de Neymar.
Apesar do posicionamento ser de fácil encaixe, Pedro é um jogador diferente da maioria que Tite utilizou nessa posição. De menor mobilidade para atacar a profundidade, mas com grande capacidade de gerar apoio (em especial com pivô), bem como seu grande poder de finalização. Assim, traria valências diferentes à equipe.
No caso de Everton Ribeiro, existem algumas possibilidades. Por exemplo: caso Tite opte por atuar com um centroavante, o camisa 7 da Gávea teria maiores responsabilidades defensivas. Tanto pelo lado do campo (caso Tite opte por usar somente um ponta de ofício de lado) ou como um volante (caso Tite só atue com um volante de ofício).
No caso de atuar mais aberto, Everton precisaria de um lateral que gerasse amplitude para centralizar suas ações com bolas. Se o Brasil jogar sem centroavante, Everton Ribeiro também pode atuar mais avançado junto a Neymar. Todavia, essa opção é menos provável.
Paquetá atua nessa faixa do campo, pois além de ser um meia associativo, também gera profundidade. Ou seja, também pode atacar a última linha emulando movimentos de um atacante. O que não é uma característica do meia rubro-negro.
Assim, pensando na prévia da escalação para o amistoso contra a Gana, nesta sexta-feira (23), Pedro pode ser utilizado como referência do ataque (no lugar de Richarlison). Já Everton Ribeiro poderia ser escalado no lugar de Lucas Paquetá.
Pedro deve ter mais espaço que Everton Ribeiro com Tite
Considerando o contexto e a consolidação atual dos jogadores com Tite, Pedro tem mais chances que Everton Ribeiro. Enquanto Paquetá é atualmente uma das principais peças da equipe, por outro lado o espaço reservado ao atacante de referência ainda gera muitas dúvidas.
Nesse sentido, é possível imaginar que Pedro pode, de fato, ser titular na Copa e Everton Ribeiro uma alternativa para Tite, dependendo do contexto das partidas.
De qualquer forma, são duas ótimas opções rubro-negras. Jogadores que hoje são selecionáveis e têm totais condições de performar bem pela canarinho.