Análise: Como o Flamengo alcançou seu ápice no ano contra o Tolima?
O Flamengo alcançou seu melhor resultado e desempenho em 2022 de forma incontestável. Enfrentando o bom time do Tolima, a equipe aliou a boa execução de dinâmicas coletivas com uma altíssima eficiência.
Flamengo se defende bem e é letal nas transições desde os minutos iniciais
Começando pela escalação inicial, Dorival Jr. voltou a utilizar o trio Arrascaeta, Gabi e Pedro no ataque. Ao contrário da partida de ida na Colômbia, o Mengão iniciou o jogo com uma marcação mais agressiva. Em bloco médio/alto, buscando cobrir a bola dos zagueiros adversários.
As regras de ação para se defender já estão bem estabelecidas:
- O trio de ataque cobre o corredor central, pressionado zagueiros e o volante mais próximo.
- Os volantes basculam para o corredor lateral onde a bola circula.
- Os laterais cobrem as inversões.
Aproveitando-se dos avanços dos laterais Marulanda e Hernández, o Flamengo engatou muitos contra-ataques por dentro e em superioridade numérica/qualitativa.vNa primeira oportunidade, Pedro abriu o placar. 1×0.
A estratégia sem bola seguia funcionando. A boa cobertura dos volantes e pressão dos atacantes faziam com que o Tolima forçasse passes e perdesse a posse. Gabi e Arrascaeta eram acionados em profundidade rapidamente após a retomada da bola.
Além disso, em organização ofensiva a equipe tinha uma abordagem muito verticial. Usando Rodinei e Pedro para gerar profundidade e Gabi a fim de atacar espaços na última linha de defesa colombiana.
Dessa forma o Flamengo chegou ao seu segundo gol. Em inferioridade numérica, o trio de ataque foi acionado em transição ofensiva. E numa bela associação, Quiñones desviou o rebote do chute de Gabi para a própria meta. 2×0.
A partida seguiu com uma nítida toada: Enquanto o Tolima seguia se expondo com bola, por outro lado o Flamengo concatenava contra-ataques. Assim, a equipe vinotinto só causava perigo nas bolas paradas.
Ainda no primeiro tempo, o técnico Hernan Torres sacou o meia-atacante Cataño para a entrada do volante Trujillo. O objetivo era ter mais um homem na construção e reduzir os problemas gerados pelos encaixes defensivos rubro-negros. Mas na prática, pouco surtiu efeito.
O Tolima perdeu ainda mais agressividade para avançar no campo e seguiu sendo incomodado pelas transições do Mengão. A primeira etapa terminou num panorama parecido mesmo com a mudança de peça.
Mudanças de peças não mudam cenário de massacre rubro-negro
O Tolima veio para o segundo tempo com Caicedo e Angulo nos lugares de Rangel e Miranda, mas logo no primeiro minuto da etapa sofreu o terceiro gol de bola parada. Jogada ensaiada de Arrascaeta e David Luiz, para a conclusão de Pedro. 3×0.
Mesmo com as mudanças o panorama seguiu o mesmo. O Flamengo com profundidade pelo lado direito dada por Rodinei e pelo centro por Pedro em lançamentos. Gabi aproveitou mais um contra-ataque para ampliar. 4×0.
Após o quarto gol, Dorival fez as primeiras mudanças na equipe. Arão e Victor Hugo entraram para executar as mesmas funções de Thiago Maia e Everton Ribeiro. A equipe ganhou em qualidade na saída com o camisa 5, mas perdeu em combatividade no meio de campo.
Coincidentemente ou não, o Tolima fez seu gol de honra logo após a entrada da dupla. Num escanteio onde Filipe Luís libertou Quiñones as suas costas, o zagueiro finalizou sem chances para Santos. 4×1.
Mesmo sem a capacidade defensiva rubro-negra apresentada no primeiro tempo, o gol colombiano não mudou o ritmo do jogo. O Fla seguiu conectando contra-ataques com Pedro e voltou a marcar com centro-avante, após mais uma boa ultrapassagem de Rodinei. 5×1.
O natural relaxamento após a construção do placar elástico ilustrou em erros na execução da dinâmica sem bola do Mais Querido que ainda precisam ser corrigidos. Como resultado, o Tolima construiu sua melhor chance no jogo.
Visando poupar jogadores para a maratona de jogos que o Flamengo ainda enfrentará na temporada, Dorival sacou jogadores da linha defensiva e Arrasca. Rodrigo Caio e Ayrton Lucas entraram nos lugares de David. Luiz e Filipe Luís. A joia Matheus França entrou no lugar do uruguaio.
Por fim, o Flamengo fechou o placar com a joia rubro-negra e Pedro pelos caminhos já desenhados ao longo do confronto. Destaque para o posicionamento de França similar ao de Arrascaeta em campo, mas com maior poder de combate sem bola. 7×1.
Flamengo alcança seu ápice na temporada potencializando Pedro
Apesar das condições favoráveis que o Tolima ofereceu durante os 90 minutos, a atuação do Flamengo na noite de ontem tem um impacto gigantesco para a trajetória do clube no ano. Não só pelo placar expressivo, mas principalmente pela atuação coletiva e individual dos atletas.
Além dos jogadores, Dorival Jr. tem muito mérito no desempenho da equipe. Mesmo sem tempo para organizar melhor a equipe, sua autoralidade no trabalho está muito clara. Bem como as correções assertivas que vem fazendo para mecanização do seu modelo de jogo.
Dentre esses ajustes, as soluções em profundidade foram as que geraram mais impacto. Com Pedro e Rodinei, o time agora tem a verticalidade que faltou, por exemplo, nas derrotas contra o Atlético-MG no Mineirão. O encaixe de Everton Ribeiro como volante também merece destaque.
Enfim, é impossível prever se a equipe seguirá evoluindo e, consequentemente conquistar títulos. Todavia, pela primeira vez em 2022, o torcedor rubro-negro pode dizer que assistiu uma atuação conforme o potencial técnico deste plantel. A ver os próximos capítulos…
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