Análise: Como atua o Talleres de Pedro Caixinha
O Flamengo continua sua trajetória rumo ao tri da América nesta terça-feira (12) contra o Talleres em casa. O clube argentino chega com novo técnico: Pedro Caixinha.
O português assumiu a “La T” há menos de duas semanas, depois que Guilherme Hoyos foi demitido. O clube ocupa a penúltima posição do grupo A na Copa da Liga Argentina, com apenas cinco pontos em nove rodadas.
Apesar do curtíssimo período de trabalho, Caixinha já conseguiu implementar algumas mudanças importantes na forma como o Talleres joga. Mesmo com a derrota na estreia para o Gimnasia y Esgrima e da goleada sofrida sobre o Defensa y Justicia (atuando com um time totalmente reserva), o Mister conseguiu estrear na Libertadores com uma importante vitória sobre a Universidade Católica.
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Caixinha implementa a saída de três no Talleres
Talvez a principal mudança do Talleres com o novo técnico seja a saída de bola. Enquanto Hoyos utilizava uma saída sustentada com uma linha de quatro defensores, Caixinha prefere optar por sair com três jogadores.
A equipe de Córdoba tem como esquema base o 4-2-3-1, porém em organização ofensiva tem uma variação tática importante na primeira fase de construção. Os zagueiros Catálan e Díaz recebem o auxílio da dupla de volantes, formando um losango. Méndez busca se posicionar entre a zaga e Villagra mais frente. Assim, formando uma saída em “3+1”
Dessa forma os dois laterais se tornam alas, posicionados em alinhamento ao volante mais avançado na saída de bola. Além disso, os dois meias abertos centralizam e formam uma linha de três homens atrás do atacante Girotii.
Com isso, o Talleres consegue gerar diversas linhas de passe, tanto pelo corredor lateral, quanto pelo corredor central. O volante Méndez tem bom passe e consegue acionar Benavidez e Diaz em diagonais longas buscando gerar amplitude.
Nesse sentido também pode acionar Fértoli e Martino em profundidade buscando rapidamente chegar ao gol. Por vezes, Esquivan também desce na linha de volantes para gerar apoio e auxiliar na saída de bola.
Uma outra possibilidade é a utilizada da saída em “3+2”. Nessa variação, o lateral-esquerdo Díaz forma a linha de três junto dos zagueiros e a dupla de volantes se posiciona a frente dela. Com isso, Martino se torna o ala pela esquerda e Fértoli centraliza, buscando se associar com Esquivel e Girotti.
Apesar das claras ideias para atacar, o Talleres tem dificuldade para chegar ao último terço. Principalmente quando sua saída de bola é pressionada. Como resultado, a equipe força ligações mais longas e rapidamente perde a posse.
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Sem bola, Talleres ainda busca melhor compactação
Em organização defensiva, Caixinha fez mudanças mais suaves em relação a estrutura já utilizada antes de sua chegada. A principal delas está relacionada ao meia central da equipe. Esquival passou a participar do momento defensivo mais próximo de Girotti ao invés de se alinhar aos meias Fértoli e Martin. Desse modo a equipe passou de um 4-2-3-1 para um 4-4-2 sem bola.
A altura da marcação variou bastante com o decorrer dos jogos. Na vitória sobre a Católica, por exemplo, o Talleres iniciou o jogo buscando se defender em bloco médio/alto. Após abrir o placar, a equipe optou por marcar em bloco médio/baixo.
Independentemente disso, alguns padrões já puderam ser constatados:
- Pelos corredores laterais, marcação individual por setor. Laterais e ponteiros buscando cobrir uma zona correspondente, na qual seus adversários trabalham com bola e eventualmente realizando algumas perseguições individuais.
- Pelo corredor central, marcação zonal. Zagueiros e volantes protegendo seu setor e abordando os adversários no momento em que a bola chega a zona que estão destinados a proteger.
- Subidas de pressão coordenadas com a forma que o adversária conduz a bola. Tanto pelo corredor lateral, quanto pelo central.
Apesar da busca por movimentos coordenados, o Talleres sofre bastante com a descompactação das linhas de marcação. Na derrota acachapante sobre o Defensa y Justicia, dois gols surgiram de transições defensivas facilitadas pela espaçamento da equipe, que favorece os ataques adversários.
Projeção do Talleres de Caixinha enfrentando o Flamengo de Paulo Sousa
Em princípio o Flamengo é amplo favorito a vencer o Talleres no Maracanã. A disparidade técnica entre as equipes e o pouquíssimo tempo de trabalho de Caixinha indicam um Flamengo com maior facilidade para trabalhar com bola.
A descompactação dos argentinos pode facilitar o acionamento dos meias nas entrelinhas, em especial Arrascaeta. Como também os movimentos de ruptura, tanto os alas quanto do atacante mais avançado.
Defensivamente, o Mengão precisa tomar cuidado com a boa qualidade no passe de Méndez e da dupla Esquival e Girotti no ataque. Caso a opção de Paulo Sousa seja por uma marcação mais agressiva, é necessário que a equipe consiga impedir o acionamento da dupla de ataque e dos alas Benevides e Díaz em profundidade.
Caso o Mister prefira marcar num bloco mais recuado, a proteção da profundidade precisa ser bem executada. Com destaque para os laterais, que precisam tomar cuidado com as investidas pelo setor.
Enfim, a expectativa é de um Flamengo possa evoluir e vencer um adversário que também passa longe de estar pronto.
SRN