Aliados de Landim desistem de emenda para reduzir poder de Conselho

02/07/2024, 11:06
Atualizado: 05/07/2024
Proposta limitava poder de conselheiros para propor mudanças no estatuto; emenda de 217 sócios contra SAF pode ter mudado cálculo de Landim

Aliados do presidente Rodolfo Landim desistiram, na noite desta segunda-feira (1º), de levar à votação no Conselho Deliberativo do Flamengo uma emenda que contava com o apoio do próprio Landim e criava regras que impediam a reapresentação de propostas de mudança ao estatuto sobre o mesmo tema durante o mesmo mandato de um presidente.

Caso aprovada, a proposta reduziria o poder dos conselheiros. Hoje, todas as propostas que tenham assinatura de ao menos 50 conselheiros precisam ser votadas pelo plenário do Conselho. Com a mudança, essa prerrogativa seria anulada e os conselheiros teriam que esperar até três anos para tentar mudar o estatuto.

Conselho Deliberativo: quais são seus poderes e por que eles atraem Landim

De acordo com a emenda, quem teria poder para decidir se uma emenda poderia ou não ser votada seria o presidente do Conselho Deliberativo. Landim já declarou que pretende concorrer ao cargo em dezembro.

Conselheiros ouvidos pelo Mundo Bola apresentaram três hipóteses para os aliados de Landim retirarem a proposta – o próprio Landim não estava presente na reunião de ontem.

A primeira hipótese é de que Landim e sua base tenham concluído que a emenda que eles mesmos propuseram poderia ser usada contra eles. Isso porque 217 conselheiros protocolaram na tarde de ontem uma proposta de emenda que cria regras para a eventual transformação do Flamengo em SAF.

Conforme o Mundo Bola noticiou, Rodrigo Dunshee de Abranches, candidato de Landim à sucessão, articula uma emenda concorrente que permite a criação em SAF com menos apoio dos sócios e não inclui a quarentena a dirigentes imposta pela emenda dos 217 conselheiros.

Ocorre que se a emenda que seria votada nesta segunda fosse aprovada, a emenda de Dunshee não poderia ser analisada pelo Conselho antes de um ano da discussão da proposta dos 217 conselheiros, ainda que ela fosse rejeitada, o que atrasaria os planos de Landim e Dunshee.

Medo de derrota e de palanque para Willeman são citados

A segunda hipótese é que a base de Landim temesse ser derrotada na votação em plenário, o que seria uma demonstração de fraqueza interna num motivo em que Dunshee e Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do Conselho de Administração, trabalham para impor a narrativa sobre qual dos dois é o favorito na eleição para suceder Landim.

A terceira hipótese ouvida pelo Mundo Bola foi que os aliados de Landim decidiram não dar palanque para Flávio Willeman. O ex-vice-presidente jurídico de Bandeira tem o nome ventilado tanto para candidato da oposição à presidência do Flamengo quanto para disputar a presidência do Conselho Deliberativo com Landim, e é conhecido pela boa oratória e o profundo conhecimento da legislação e do estatuto, que costumam convencer muitos conselheiros. No ano passado, sua fala foi fundamental para derrotar a emenda que proibia ocupantes de cargos públicos de se candidatarem a presidente do Flamengo.

Seja qual for o motivo, o fato é que uma vez retirada, a emenda não vai mais à votação, e se alguém quiser implementá-la deve voltar à estaca zero de apresentação e tramitação dentro do Conselho Deliberativo antes de chegar ao plenário. Isso não deve mais acontecer até o fim do ano, mas é possível que Landim faça uma nova tentativa caso se eleja presidente do Conselho em dezembro.


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