Em busca de alegria, Adriano Imperador voltava ao Flamengo há 15 anos

O Imperador voltou! Esse era o grito de todo o rubro-negro no dia 7 de maio de 2009, data que Adriano era apresentado na Gávea para sua segunda passagem pelo Flamengo e completa exatos 15 anos nesta terça. O retorno do atleta tinha um objetivo claro: retomar a felicidade e alegria de jogar futebol, e o resultado foi uma linda trajetória ao lado da Nação.

Adriano Imperador chegou à sede social para ser apresentação para torcedores e jornalistas sob muita festa. O abraço nas crianças que estavam lá para vê-lo já deixava clara sua motivação em escolher o Flamengo para ser o clube que defenderia para tentar voltar a ser feliz durante momento mais difícil de sua vida. O atacante retornava ao clube que o formou após oito anos lutando contra depressão pela morte do pai quatro anos antes.

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“Voltei para minha casa, porque foi de onde eu saí, onde fui criado, e para tentar reconquistar a minha felicidade…Já estou muito feliz em estar aqui, ao lado de pessoas que me viram crescer, me acompanham no futebol desde pequeno. Sempre senti essa vontade de voltar ao Flamengo. E nada melhor do que estar aqui, perto da minha família.”

O resultado dessa história de superação de um melhores jogadores brasileiros foi uma das campanhas mais impressionantes na história do Campeonato Brasileiro de pontos corridos e título que ficará marcado eternamente para a Nação.

Nesse dia que a apresentação completa 15 anos, o MRN relembra o caminho até retorno de Adriano Imperador:

Saída da Inter de Milão

Adriano vivia o auge de sua carreira em 2004, brilhando pela Inter de Milão e pela Seleção Brasileira. O atacante chamava a atenção pelo combo praticamente imbatível de velocidade, habilidade e força acima da média. Mas a notícia da morte do pai,  Almir, vítima de um infarto aos 44 anos, foi um baque que fez o atleta repensar toda a trajetória e desejo de jogar futebol.

O ídolo rubro-negro entrou em depressão, começou a beber e viu seu rendimento cair com o passar dos anos. Ele chegou ao São Paulo por empréstimo no início de 2008 e foi bem, mas voltou a ter problemas no retorno ao Itália e tomou decisão radical após jogo da Seleção Brasileira no início de abril de 2009.

Adriano não retornou para Inter de Milão e jornais da época chegaram a especular que ele havia sido sequestrado e até mesmo morto. Mas clube italiano se manifestou pouco depois e confirmou que aceitou rescindir o contrato do atacante. Ele ficou cerca de um mês próximo de amigos e familiares no Rio.

O Imperador abordou o tema em sua série documental e lembrou reação negativa das pessoas ao saberem que ele cogitava abandonar o futebol mesmo sem saberem de todos os seus problemas.

“As pessoas não veem o jogador de futebol como alguém normal. Na minha época, quando aconteceu comigo, foi mais pesado (o tratamento das pessoas). A gente precisa aprender a compreender uma pessoa, cada um passa por uma dificuldade”, disse.

Chegada ao Flamengo

Um mês depois de retornar ao Rio de Janeiro, Adriano concedeu entrevista e disse que só voltaria a jogar se fosse pelo Flamengo. A declaração foi dada no dia 28 de abril daquele ano, e no dia 6 de maio o então presidente rubro-negro, Delair Dumbrosck, anunciava o retorno do Imperador.

Sua apresentação já foi marcada por uma discussão que hoje é muito presente no esporte, mas na época não era levada a sério por muitas pessoas. Ao vestir o Manto Sagrado, o atacante comentou como precisava se sentir feliz novamente e não encontrou isso no dinheiro, mas ao voltar ao Brasil para ficar com família e jogar no clube que ama.

“Quero reconquistar minha felicidade. Não é pelo dinheiro que a felicidade vem. (…) Infelizmente quando a gente conquista um nome, a gente não consegue mais fazer aquilo que gosta. Gosto de estar com quem me viu desde pequeno. Sou de carne e osso igual a todo mundo. Nasci e fui criado na minha comunidade, na favela, e gosto de estar com pessoas desse tipo, com quem me sinto bem.” 

Adriano Imperador liderou Flamengo para o título do Brasileiro

A temporada já seria especial pelo retorno de Adriano e sua recuperação dentro de campo, mas o ídolo fez ser ainda mais importante. Ele liderou e foi peça fundamental na maior virada da história de um Brasileiro, e o Fla tirou distância para a liderança que chegou aos 13 pontos.

A artilharia do Campeonato Brasileiro veio após marcar 19 gols, além de sete assistências. Algumas atuações ficaram marcadas, como em vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense em outubro daquele ano ou golaço por cobertura sobre o Coritiba no Maracanã.

“A gente sofreu junto, desde quando o time estava lá embaixo. Começos a arrancada na segunda metade do campeonato, após ganhar do Santos, que aí já estava o Andrade. Era um grupo muito fechado, éramos amigos mesmo. Toda quinta-feira após o treino a gente estava junto. Era irmão por irmão mesmo, cada um corria um pelo outro, se um estava mal, triste, a gente tentava ajudar. Se o grupo está fechado é muito difícil de derrotar”, comentou o ex-jogador em entrevista ao Flow Podcast, em 2023.