Flamengo nega a conselheiros informação sobre acordos do Ninho

15/03/2024, 11:38
Conselheiros queriam saber quanto clube gastou com honorários de advogados; documentário revelou que Flamengo recuou após aceitar acordos

O presidente do Conselho Deliberativo do Flamengo, Antônio Alcides, rejeitou um pedido de informações financeiras por um grupo de conselheiros que, entre outras coisas, pedia a divulgação de quanto o Flamengo gastou com acordos com as famílias de vítimas do incêndio do Ninho.

Os conselheiros também queriam saber quanto o Flamengo gastou em honorários com advogados que atuaram na negociação e na disputa judicial com a única família que não obteve acordo, a do goleiro Christian Esmério, que ganhou em primeira instância indenização de cerca de R$ 3 milhões.

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A atuação do departamento jurídico do Flamengo no caso voltou a ser destaque com o lançamento do documentário sobre a tragédia do Ninho na Netflix. Nele, a defensora pública Cíntia Guedes revela que o Flamengo chegou a aceitar o acordo proposto pela Defensoria e pelo Ministério Público logo após o incêndio, mas recuou.

Candidato, Dunshee recuou sobre acordos do Ninho

“Nós ouvimos de todos os diretores que  estavam lá que o Flamengo não ia barganhar com a vida dos meninos, essa era a postura. A ideia era fazer um valor fixo que o clube pagaria para todas as famílias. Chegamos a preparar o documento, o Flamengo leu com seus advogados, concordou, marcou para assinar. Faltavam  detalhes. A gente voltou, conversou para as famílias, explicamos para eles qual era a proposta, o que eles iam receber, as famílias concordaram. Quando tudo parecia que estava correndo bem, o Flamengo mudou, contratou outro escritório de advogados e eles começaram a dizer que aquele valor estava muito alto, que não era bem assim, que o clube não ia mais negociar naqueles termos”, afirmou.

Segundo Cíntia, na reunião de conciliação com as famílias, o presidente Rodolfo Landim faltou e o vice-presidente jurídico Rodrigo Dunshee de Abranches já chegou avisando que só poderia ficar 15 minutos, o que revoltou as famílias.

 “Foi um desastre em todos os sentidos. E ali naquele momento naufragou qualquer tentativa de negociação coletiva. O clube contratou outro escritório de advocacia, que não era um escritório especialista em conciliação, era um escritório de gerenciamento de crise. E o Flamengo começou a procurar as famílias para negociar individualmente”, explicou.

Conselheiros também queriam informação sobre outros gastos

Responsável pela estratégia jurídica do Flamengo, Dunshee é pré-candidato da situação à sucessão de Rodolfo Landim.

Na reposta ao pedido dos esclarecimentos dos conselheiros, o presidente do Conselho Deliberativo, aliado de Landim, diz que não é competência do conselho ter acesso a essa informação, que caberia somente ao Conselho Fiscal. Não há notícia, porém, de que os acordos fechados pela diretoria tenham passado por esse órgão.

Além das informações sobre os acordos do Ninho, os conselheiros também pediram informações sobre os custos com a viagem de dirigentes do Flamengo para o Marrocos no Mundial de 2023, o resultado do Consórcio Fla-Flu na gestão do Maracanã e os gastos pagos com multas de treinadores pela gestão Landim. Todos os pedidos foram negados por Alcides.


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